A
Febre aftosa é uma enfermidade altamente contagiosa que ataca a
todos os animais de casco fendido, principalmente bovinos, suínos,
ovinos e caprinos, e muito menos os carnívoros, mamíferos; os
animais solípedes são resistentes. Dá-se em todas as idades,
independentemente de sexo, raça, clima, etc., porém há diferenças
de suscetividade de espécie.
A doença é produzida pelo menos
seis tipos de vírus, classificados como A, O, C, SAT-1, SAT-2 e
SAT-3, sendo que os três últimos foram isolados na África e os
demais apresentam ampla disseminação. Não há transmissores de
aftosa, o vírus é vinculado pelo ar, pela água e alimentos, apesar
de ser sensível ao calor e a luz.
A imunidade contra um deles não
protege contra outros. Além disso, constatam-se alguns subtipos dos
vírus citados, com a particularidade de que uns causam ataques mais
graves que outros e alguns se propagam mais facilmente. Esta
complexidade, apresenta um aspecto muito desfavorável, pois um
animal atacado por um tipo de vírus, embora ofereça resistência ao
mesmo, é ainda suscetível aos outros tipos e subtipos.
PREJUÍZOS
CAUSADOS – A gravidade da
aftosa não decorre das mortes que ocasiona, mas principalmente dos
prejuízos econômicos, atingindo todos os pecuaristas, desde os
pequenos até os grandes produtores. Causa em consequência da febre
e da perda de apetite, sob as formas de quebra da produção
leiteira, perda de peso, crescimento retardado e menor eficiência
reprodutiva. Pode levar à morte, principalmente os animais jovens;
As propriedades que têm animais doentes são interditadas; A
exportação da carne e dos produtos derivados torna-se difícil;
Provoca aborto e infertilidade; Os animais doentes podem adquirir com
maior facilidade outras doenças, devido à sua fraqueza.
TRANSMISSÃO
– A febre aftosa é uma
doença extremamente infecciosa. O Vírus se isola em grandes
concentrações no líquido das vesículas que se formam na mucosa da
língua e nos tecidos moles em torno das unhas. O sangue contém
grandes quantidades de vírus as fases iniciais das enfermidade,
quando o animal é muito contagioso.
Quando as vesículas arrebentam, o
vírus passa à saliva e com a baba infecta os alojamentos, os pastos
e as estradas onde passa o animal doente. Resiste durante meses em
carcaças congeladas, principalmente na medula óssea. Dura muito
tempo na erva dos pastos e na forragem ensilada. Persiste por tempo
prolongado na farinha de ossos, nos couros e nos fardos de feno.
Outras vezes, o contágio é indireto
e, nesse caso, o vírus é transportado através, água e pássaros.
Também as pessoas que cuidam dos animais doentes levam em suas mãos,
na roupa ou nos calçados, o vírus, o qual é capaz de contaminar
animais sadios. Nos animais infectados naturalmente, o período de
incubação, varia de dezoito horas e três semanas.
SINTOMAS
– A elevação da temperatura
e a diminuição do apetite são os primeiros indícios da infecção.
O vírus ataca a boca, língua, estômago, intestinos, pele em torno
das unhas e na coroa. No início, febre com papulas que se
transformam em pústulas, em vesículas, que se rompem e dão aftas
na língua, lábios, gengivas e entre os cascos, o animal baba muito
e tem dificuldade de se alimentar. Devido às lesões entre os
cascos, o animal tem dificuldade de se locomover. Nos dos primeiros
dias a infecção progride pelo sangue produzindo febre; depois
aparecem as vesículas na boca e no pé. Também surgem nas tetas.
Então a febre desaparece, porém, a produção de leite cai e a
maneira aparece, bem como a mamite com todas as suas graves
consequências.
As
vesículas se rompem e libertam um líquido transparente ou turvo;
aftas, que aparecem após 24 a 48 horas, resultantes são dolorosas e
podem sofrer infecção secundária. A secreção de saliva e fios de
baba começam a cair da boca. O animal mastiga produzindo ruído
caracterizado, ao abrir a boca, chamado “beijo da aftosa”. Nos
ovinos e caprinos, as lesões das patas são características,
enquanto que as da boca podem ser pequenas e passarem desapercebidas.
Os surtos de aftosa surgem repentinamente e com muita frequência;
todos os animais suscetíveis do rebanho apresentam os sintomas
praticamente ao mesmo tempo. A intensidade da doença é muito
variável. Na forma leve, as perdas podem alcançar uns 3%, enquanto
que nas graves alcançam 30 a 50%, porém, em média, a mortalidade é
baixa nos adultos e elevada nos jovens, principalmente os em
aleitamento, porque as mães não os deixam mamar. Os animais que
sobrevivem, se recuperam dentro de vinte duas porém, às vezes, a
recuperação é bastante demorada; alguns animais com lesões
cardíacas são irrecuperáveis, bem como as perdas de tetas.
PROFILAXIA
E CUIDADOS -
- Nos países livres de febre aftosa o método geralmente empregado consiste no sacrifício dos animais doentes suspeitos, destruição dos cadáveres e indenização dos proprietários.
- Vacinação regular do gado de 6 em 6 meses a partir do 3º mês de idade ou quando o Médico Veterinário recomendar.
- Os animais que receberam a primeira dose de vacina, deverão ser revacinados 90 dias após a primeira vacinação.
- Suspeitando da existência da doença em sua propriedade ou na de vizinhos, avise imediatamente o Médico Veterinário.
- Confirmada a doença, isole os animais doentes, proíba a entrada e saída de veículos, pessoas e animais, instale pedilúvios com desinfetantes e siga as orientações do Médico Veterinário.
- Quando comprar animais, exija que os mesmos estejam vacinados.
- Só faça o transporte com atestado de vacinação.
- As vacas prenhes devem ser vacinadas a fim de que elas possam proteger o bezerro através do colostro.
- A vacinação não causa aborto nos animais. Cuidados especiais devem ser tomados no manejo das vacas prenhes, pois é o mau manejo que poderá causar aborto e nunca a vacina.
- Exija sempre que o revendedor acondicione bem e faça o transporte correto das vacinas.
- Animais vindos de outras propriedades devem ser isolados, vacinados e observados por um período mínimo de 15 dias, antes de serem misturados com os outros animais da propriedade.
- Nos recintos de exposições, feiras e remates, devem ser adotadas rígidas medidas de higiene e desinfecção, e se a situação exigir, as autoridades sanitárias podem suspender os referidos eventos.
- É muito importante o pecuarista conhecer bem a Febre Aftosa, para que ao aparecer a doença em animais de seu rebanho, ele esteja capacitado para adotar medidas sanitárias, visando ao seu controle.
- Siga corretamente as orientações do Médico Veterinário. É importante o contato frequente com o Médico Veterinário, o qual estará sempre pronto a prestar os esclarecimentos necessários.
VACINAÇÃO
– No Brasil, o processo mais
aconselhável é a vacinação periódica dos rebanhos, assim como a
vacinação de todos os bovinos antes de qualquer viagem. Em geral a
vacina contra a febre aftosa é aplicada, de 6 em 6 meses, a partir
do 3º mês de idade. A vacinação contra a Febre Aftosa no Estado
de São Paulo deve ser feita nos meses de MARÇO E SETEMBRO. Na
aplicação devem ser obedecidas as recomendações do fabricante em
relação à dosagem, tempo de validade, método de conservação e
outros pormenores.
CUIDADOS
COM A VACINA – Antes da
aplicação devem ser obedecidas as recomendações do fabricante e
alguns cuidados devem ser rigorosamente observados, tais como:
- Conservação Adequada das Vacinas;
- As vacinas devem ser conservadas na temperatura entre 2 e 6 graus centígrados, em geladeira doméstica ou em caixas térmicas com gelo;
- É muito importante a conservação, pois tanto o congelamento quanto o calor inutilizam a eficiência da vacina;
- O transporte das vacinas do revendedor até a propriedade devem ser sempre feito em caixas térmicas com gelo;
- A dose a ser aplicada em cada animal deve ser aquela indicada no rótulo da vacina. Uma dosagem menor do que a indicada pelo fabricante não vai oferecer aos animais a proteção desejada;
- Não devem ser utilizadas agulhas muito grossas, pois a vacina pode escorrer pelo orifício deixado no couro do animal pela agulha e em consequência, diminuir a quantidade de vacina aplicada;
- A vacina deve ser aplicada embaixo da pele;
- Os animais sadios deverão ser sempre vacinados, pois os doentes ou mal alimentados, não respondem bem à vacinação e, nesses casos, é conveniente procurar orientação com o Médico Veterinário.
- Os efeitos da vacina somente aparecem depois de 14 a 21 dias de sua aplicação. Se os animais apresentarem a doença antes desse prazo, é sinal de que já estavam com a doença quando foram vacinados, mas ainda não tinham manifestado seus sintomas.
TRATAMENTO
– Em casos especiais pode sem
empregado o soro de animais hiperimunizados. São úteis as seguintes
medidas coadjuvantes:
- desinfecção dos alojamentos com soda cáustica a 4% no leite de cal de caiação;
- fervura ou pasteurização do leite destinado à alimentação animal ou humana;
- uso de pedilúvios na entrada dos currais e estábulos;
- alojamentos limpos e ventilados;
- fornecimento aos animais de alimentos de fácil mastigação;
- lavagem da boca com soluções adstringentes e antissépticas;
- tratamento das feridas dos cascos e das tetas;
- administração de tônicos cardíacos, em certos casos de muita fraqueza.
Lúcia Helena Salveti De Cicco
Diretora de Conteúdo e Editora Chefe
BIBLIOGRAFIA:
Millen, Eduardo, 1983
Guia Técnico Agropecuário –
Veterinária e Zootecnia
Guia Rural Abril, 1988
Editora Abril
Coordenadoria de Defesa Agropecuária
de SP
Fonte: Saúde Animal
http://www.saudeanimal.com.br/aftosa.htm
– 17/10/2005
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