O trânsito no Brasil, por Lúcio Machado Borges*

Apesar de o Brasil ser o país campeão mundial em acidentes de trânsito, de termos uma legislação retrógrada que facilita a impunidade e de um Supremo Tribunal Federal (STF), que além de ser de uma qualidade duvidosa e tomar decisões extremamente políticas, mais uma vez estamos na contramão da história, já que o STF quer liberar as drogas no país.

Apresento agora, alguns elementos importantes para reflexão, principalmente em relação as drogas no contexto do trânsito brasileiro:

• Temos uma cultura que valoriza o carro, o veículo individual, diferentemente dos países do primeiro mundo, onde o transporte público e coletivo é incentivado e de ótima qualidade.
• O cigarro é uma droga distrativa e também compõe um fator de risco para que ocorram acidentes de trânsito.
• No Brasil, ocorre uma média de 116 acidentes de trânsito com mortes por dia.
• Motoristas costumam dirigir bêbados e drogados no Brasil. Não fazem este tipo de coisa no exterior, já que fora do país a punição é certa.
• Não existe nenhum brasileiro cumprindo pena por matar alguém dirigindo bêbado no Brasil.
• O grande problema no trânsito não é o álcool, mas sim as drogas. Como o rebite foi proibido, os motoristas estão utilizando a cocaína.
• Por causa do uso de drogas, os motoristas acabam se alimentando mal e prejudicando ainda mais a sua saúde.
• 92% dos acidentes de trânsito ocorrem em países em desenvolvimento, principalmente no Brasil.
• A legislação de trânsito na Austrália é muito desenvolvida e as leis naquele país são muito rigorosas. Os policiais federais australianos são extremamente preparados, tanto que eles são professores. Eles ajudam policiais de várias partes do mundo, ensinando o uso correto do etilômetro (bafômetro); ensinam a identificar se o motorista está sob efeito de drogas. Qualquer deslize de trânsito daquele país acarreta uma pesada punição ao infrator.
• A maioria das pessoas que se envolvem em acidentes de trânsito no país estão na faixa dos 19 a 29 anos. O custo com pessoas que sofrem acidentes no trânsito é de 518 bilhões de dólares por ano.
• Como morre muita gente jovem no Brasil, ou ficam com sequelas para o resto da vida, isso acaba influenciando na subsistência das famílias.
• A cada três acidentes, o celular é a principal de um destes acidentes. Assim como o cigarro, o celular já é considerado um elemento distrativo no trânsito. Já está em estudo nos EUA um mecanismo que desliga automaticamente o celular quando o automóvel é ligado.
• Na Austrália, se a Polícia desconfia de um motorista, ele é obrigado a ceder a saliva para um teste. Assim como o exame de gravidez, se der por exemplo, positivo para o teste de maconha, o sujeito é obrigado a sair do carro e entrar em um ônibus e vai direto para uma laboratório fazer exame de sangue. Lá não existe esta coisa absurda que uma pessoa não pode produzir prova contra ela mesma.
• Mais de 95% das tragédias do trânsito são causadas por causa da impunidade e da imperícia.
• 82% dos brasileiros acham que é fácil burlar as regras de trânsito no Brasil.
• A maconha está ligada ao surto psicótico e a esquizofrenia.
• Todo o trânsito no Canadá é planejado. Os cientistas ajudam a elaborar as leis de trânsito, inclusive no que tange na política de repressão ao combate ao consumo de drogas.
• As pessoas hoje em dia não são mais diagnosticadas como alcoolista, mas sim, que tem um transtorno.
• No Brasil, quando uma pessoa é pega no trânsito por álcool e drogas, esta pessoa paga uma multa e é liberada. Pesquisas apontam que a maioria dessas pessoas são pegas, em média, quatro vezes num período de dois anos.
• Opinoides também são muito utilizados no trânsito brasileiro. Exemplo: a heroína.
• Os ministros do Supremo querem liberar as drogas no país. Imaginem o caos que este país iria se transformar se tivéssemos, um operário de uma obra, um juiz, um motorista, um policial ou um médico trabalhando após fumar uns dois ou três baseados no intervalo do almoço. Já imaginou o caos que iria ser?

*Editor do site RS Notícias

Artigo escrito no dia 16 de outubro de 2015.