Governo e instituições financeiras congestionam Judiciário gaúcho, por João Ricardo Costa

Um estudo desenvolvido pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), relativo à análise de dados coletados junto aos tribunais de Justiça de 11unidades da Federação, entre os anos de de 2010 a 2013, revelou uma alta concentração de ações envolvendo um número reduzido de atores, em especial o poder público e os setores financeiros e de telefonia.
No Rio Grande do Sul, os dados do Tribunal de Justiça do Estado apontam a alta concentração de processos contra poucos setores, tanto no primeiro quanto no segundo grau, assim como nas Turmas Recursais (que revisam as decisões dos Juizados Especiais). Do total de 483.004 ações judiciais ajuizadas pelos cem maiores no Estado, entre os anos de 2010 e 2013, a administração pública municipal aglomerou a maioria absoluta do volume de processos iniciados em primeiro grau.
Em 2013, os municípios foram os que mais acionaram a Justiça, responsáveis por 67% destes processos, seguidos por bancos e instituições financeiras e pela administração pública estadual. No recorte feito para identificar os responsáveis por mais da metade do total das ações, verificou-se 18 partes ativas, sendo 14 municípios, com destaque aos de Porto Alegre e de Santa Maria.
É importante que a sociedade continue buscando a Justiça como um importante caminho para garantir os seus direitos. No entanto, queremos que todos saibam como esse caminho vem sendo utilizando, muitas vezes de forma indevida e com graves consequências ao Judiciário. Mais do que apresentar um quadro da concentração, o nosso objetivo é apontar soluções para melhorar o sistema judicial brasileiro e estimular resoluções alternativas de conflitos, a exemplo da conciliação, da mediação, da arbitragem e, em especial, no caso das demandas em massa, da composição de ações coletivas em face dos maiores litigantes, em parceria com importantes órgãos como o Ministério Público, as agências reguladoras, entre outros.
Todas essas propostas fazem parte do movimento nacional “Não deixe o Judiciário parar”, que tem como objetivo reduzir a judicialização no Brasil e, assim, tornar a Justiça mais rápida e eficiente. Movimento para o qual a AMB convida toda a sociedade a participar.


Presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros




Fonte: Correio do Povo, página 2 de 17 de setembro de 2015.

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