Dia do Químico

Legislação alavanca a profissão

O dia 18 de junho foi escolhido como o Dia Nacional do Químico, pois, nessa data, em 1956, foi promulgada pelo então presidente Juscelino Kubitschek, a “Lei Mater dos Químicos” (lei 2.800/56). A legislação, que dispõe sobre o exercício d profissão, também possibilitou a criação do Conselho Federal de Química e os Conselhos Regionais de Química.


Tarefa a serviço da sociedade

O Dia do Químico serve para lembrar as conquistas e, principalmente, homenagear o trabalho árduo – e muitas vezes anônimo – que os profissionais desempenham. Graças a eles, há um constante desenvolvimento técnico-científico e industrial no país. Eles adequam a Química à solução de problemas tecnológicos e impulsionam centros de pesquisas químicas e universitárias.


A Busca do protagonismo

No Rio Grande do Sul, 18 mil pessoas estão empenhadas na ampliação do mercado de trabalho


Íntima do cotidiano humano e de seus ambientes, a química é parte cada vez mais presente na vida, desde água potável, bebidas, alimento, medicamento, sabonete, creme dental, computador, celular, gasolina, até roupas, calçados e veículos, entre milhares de outros exemplos. Hoje é comemorado o Dia do Químico, o profissional encarregado da análise, pesquisa, desenvolvimento e interação das propriedades de todas as matérias e materiais. No Rio Grande do Sul, a categoria formada por 18 mil profissionais atua por mais espaço e protagonismo, em especial junto a duas áreas públicas fundamentais: saúde e meio ambiente.
Quando a presença do químico na indústria gaúcha de laticínios deixou de ser obrigatória, por força de decisão judicial, há mais de dois anos, “a saúde no Rio Grande do Sul ficou exposta e sob grave risco, como mostrou a Operação Leite Compensado, do Ministério Público Estadual”, recordou o presidente do Conselho Regional de Química da 5ª Região (RS), Paulo Roberto Falavena, ao se referir às fraudes no leite no Estado. Os governos, federal, estadual e municipais, “ainda não despertaram para a importância do químico em suas políticas públicas”, acrescentou Falavena.
Em 18 de junho de 1956, no governo de Juscelino Kubitschek, a lei número 2.800 regulamentou a profissão de químico, mas o trabalho dos profissionais e a importância do setor para a vida são pouco reconhecidos, diz o presidente do Conselho. Segmentos como o da química biossensorial, aplicada na detecção precoce, por exemplo, de doenças, eu da nano química, usada na indústria de cosméticos, não têm merecido o devido estímulo no Brasil, embora possam melhorar e salvar vidas.


Fornecedora de matérias-primas e produtos para todos os setores produtivos, da agricultura ao aeroespacial, a indústria química desempenha relevante papel na economia. No Brasil, o setor é o segundo em importância na formação do PIB Industrial.
O país possui vocação natural para a química e é fundamental agregar valor à riqueza de recursos naturais, melhorando a pauta brasileira de exportações além de contribuir para um desenvolvimento mais sustentável. Nesse aspecto, a química é a parceira ideal.
Indústria forte assegura crescimento


O cenário de curto prazo é de muita precaução e várias incertezas. “O setor carece de ações que possam estimular as atuais plantas ao retorno da operação, bem como medidas mais estruturantes, que possam atrair novos investimentos. Ter uma indústria química forte é sinal de desenvolvimento e o Brasil não pode perder essa oportunidade”, afirma a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira.


Frente em defesa da cadeia produtiva

Meta é aumentar a competitividade e, por consequência, reduzir o déficit que no ano passado chegou a 30,2 bilhões de dólares


O Brasil conta com uma Frente Parlamentar da Química, também denominada Frente Parlamentar Mista pela Competitividade da Cadeia Produtiva do Setor Químico, Petroquímico e do Plástico. O objetivo é o aprimoramento das políticas públicas federais para restabelecer a competitividade da cadeia produtiva do setor químico, petroquímico e de plástico, além de promover o debate sobre as ações estratégicas necessárias para possibilitar a retomada dos investimentos no setor. Para o setor químico, ter um grupo tão grande de parlamentares comprometidos é uma garantia de que os objetivos sejam alcançados. Isso porque a indústria química é conhecida mundialmente pela forte agregação de valor e efeito multiplicador positivo na economia. Por conta disso, seu crescimento é fundamental para o desenvolvimento do país.
O presidente da Frente Parlamentar da Química, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), observa que o Brasil tem muitas oportunidades, mas precisa transformá-las em investimentos, desenvolvimento e crescimento sustentável. De acordo com Pimenta, é preciso aumentar a competitividade do setor a fim de reduzir o déficit que, em 2014, chegou a 30,2 bilhões de dólares. “Se hoje o Brasil importa produtos químicos, amanhã irá importar a etapa seguinte e assim sucessivamente, até que se inicie a importação apenas de produtos acabados, diminuindo cada vez mais o peso na indústria na formação do PIB brasileiro”, frisa.
O presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira da indústria Química (Abiquim), Carlos Fadigas, destaca a importância do setor no Brasil em relação a outros países que têm a indústria como força motriz do crescimento. “Não há país desenvolvido sem nenhuma indústria química forte, pois ela é a base da sustentabilidade do desenvolvimento industrial e, além disso, ajuda no desenvolvimento das cadeias produtivas ampliadas”, acrescenta. Já o vice-presidente da Frente Parlamentar da Química na Câmara dos Deputados, deputado federal Antonio Imbassahy (PSDB/BA), defende a necessidade de manter a competitividade dos polos petroquímicos construídos no Brasil pela importância deles para a economia do país, em especial do Rio Grande do Sul, de São Paulo e da Bahia. Por outro lado, a senadora Sandra Braga, vice-presidente da Frente Parlamentar no Senado, reforça a importância do estabelecimento da competitividade do setor químico e sugere uma série de agendas para que os objetivos de trabalho sejam alcançados. “É fundamental ter o Congresso trabalhando em conjunto com o Executivo”, argumenta.
De acordo com levantamento preliminar do Departamento de Economia e Estatística da Abiquim, o consumo aparente nacional apresentou de janeiro a abril uma retração de 0,9% sobre os quatro primeiros meses do ano passado. Em igual período, as importações caíram 11,2% enquanto as vendas ao mercado interno de produtos fabricados no país exibiram queda de 1,77%. Segundo informações do Relatório de Acompanhamento Conjuntural, o comportamento negativo está associado à redução da atividade econômica nacional. Na avaliação da diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a possível substituição de produtos químicos por produtos importados acabados tem preocupado o setor. “alguns clientes estão tendo dificuldade de comercialização e outros estão com estoques elevados e planejando férias coletivas, em um período em que geralmente se concentra o maior volume de vendas e produção do ano”, alerta a diretora.

COMÉRCIO ILEGAL
Cartilha denuncia pirataria


A segunda causa de intoxicações no Brasil vem dos produtos de higiene e limpeza vendidos irregularmente nos bairros, embalados em garrafas PET, informa o gerente administrativo do Sindicato das Indústrias Químicas do Rio Grande do Sul (Sindiquim/RS), Jonior Von Wurmb. A primeira é a ingestão de medicamentos. Esse cenário fez o Sindiquim/RS, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância em Saúde (Anvisa), lançar uma cartilha de alerta e de conscientização da população para não adquirir produtos clandestinos, piratarias da área química.
Há risco à vida e ao meio ambiente, além do prejuízo ao erário por não recolher impostos”, acentua Wurmb. A edição de 800 mil exemplares da cartilha já se esgotou, mas pode ser acessada na Internet, pelo site www.sindiquim.org.br.
Embora a indústria química seja a sexta do Brasil em produção, o déficit da balança comercial de produtos químicos em 2014 foi de 30,2 bilhões de dólares. O resultado demonstra que há grande espaço a ser ocupado. No mercado de trabalho a química tem a seu desfavor conceitos distorcidos, portanto, irreais: “É vista como uma ciência hermética, difícil e perigosa”, diz Wurmb. A realidade, porém, é o inverso dessa visão. 'a profissão de químico é gratificante, segura e de futuro promissor”, frisa o gerente do Sindiquim/RS. No entanto, devido à imagem formada atualmente, faltam profissionais, principalmente com boa qualificação. A indústria química é inseparável da civilização, independentemente de conjunturas. “ela é no alimento, no remédio, na água, na petroquímica, em tudo”, observou.


SINTONIA
Qualificação é necessidade

Para aprimorar a qualificação e a capacitação dos químicos no estado, a Associação Brasileira de Química – Secção Regional/RS faz uma ponte entre a universidade e o mercado de trabalho. “Promovemos cursos e ações de suporte com o propósito de habilitar os recém-formados às exigências das empresas do setor químico”, afirmou o vice-presidente da entidade, Leandro Camacho. “Há falta de profissionais em dois setores no RS: frigoríficos e laticínios”, diz.


Fonte: Correio do Povo, páginas 9 e 10 de 18 de junho de 2015.

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