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CLIMA MEDIEVAL - 22.12.25

 Por Alex Pipkin

 

O que estamos vivendo nessa terceira passagem de um presidente comprovadamente condenado por corrupção, preso e depois absolvido por arranjos políticos travestidos de decisões institucionais, é a reinstalação de um clima medieval. 
Não no sentido histórico, mas moral e institucional. Um tempo em que o poder não presta contas, a lei deixa de ser igual para todos e a verdade passa a ser aquilo que a “pequena” corte decide que deve ser.
Os escândalos de corrupção envolvendo familiares, aliados e integrantes de um partido que se diz dos trabalhadores — mas que jamais trabalhou — deixaram de causar espanto. Tornaram-se previsíveis. 
A irresponsabilidade, a maldade e a farra com o dinheiro público são mais do que impressionantes!
No Brasil de hoje, a cada novo imposto anunciado surge também um novo caso de roubo, de lavagem de dinheiro, de maracutaia. A corrupção foi banalizada. O mal deixou de chocar. O mal se transformou em rotina, potencializando uma completa degradação moral.
O progresso não é linear, nem automático. E o Brasil está nitidamente regredindo. Enquanto a população trabalha, empreende e luta para sobreviver, é esmagada por impostos cada vez mais asfixiantes. Recursos são drenados da saúde, da educação, da segurança pública e até dos mais vulneráveis, como revelou o escândalo do INSS. O Estado arrecada como nunca, mas entrega como sempre: mal, tarde e para poucos.
Esse ambiente medieval se manifesta também na corrosão das liberdades fundamentais. A liberdade de expressão é atacada, a imprensa é constrangida, a igualdade perante a lei desaparece e o direito passa a ser instrumento político. A busca da felicidade — que deveria ser o eixo de qualquer sociedade livre — vai sendo corroída por um desgoverno que prefere controlar, intervir e punir a permitir que as pessoas vivam, produzam e prosperem.
Não é coincidência que esse mesmo presidente se alinhe internacionalmente com ditaduras e adote posições moralmente degradadas. Apoia regimes autoritários, relativiza o terrorismo e hostiliza Israel, a única democracia de fato no Oriente Médio. Em julho de 2025, seu governo retirou o Brasil da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), um gesto que chocou a comunidade internacional; um retrocesso moral e diplomático. Não há justificativa burocrática capaz de ocultar o essencial; trata-se de um alinhamento ideológico que distorce a história, enfraquece o combate ao antissemitismo e normaliza a barbárie.
Internamente, o método é o mesmo. Divide-se a sociedade em identidades artificiais, fragmenta-se o tecido social, estimula-se o conflito permanente entre grupos. Homens contra mulheres, brancos contra negros, ricos contra pobres, héteros contra não héteros. O cidadão dá lugar à tribo. É a velha tática autoritária: dividir para governar, confundir para dominar.
Quando o autoritarismo avança, as liberdades individuais e econômicas são as primeiras vítimas. O intervencionismo estatal invade a vida privada, sufoca quem cria riqueza e amplia a dependência de um assistencialismo que mantém milhões reféns do próprio Estado que os empobrece. Tira-se de quem produz para sustentar um sistema que não liberta, apenas perpetua a dependência.
Não há como um país prosperar retornando a um passado autoritário, corrupto e bárbaro. 
O país vive hoje um clima medieval — moral, institucional e civilizacional. Caminhamos firmes para menos liberdade, menos prosperidade e menos dignidade. Um presente que se parece cada vez mais com o passado que deveríamos ter superado e cada vez menos com um futuro de liberdade individual, responsabilidade e desenvolvimento econômico e social real.
Não tenho dúvidas. Quando a corrupção se torna previsível, a arbitrariedade se normaliza e a memória histórica é descartada, o problema já não é apenas político. É pragmaticamente civilizacional.


Pontocritico.com

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