Por Alex Pipkin, PhD em Administração
A política que se autodenomina progressista construiu sua autoridade moral sobre um erro fundamental. Baseia-se, equivocadamente, na crença de que a sociedade funciona como um jogo de soma zero. Para que alguém avance, outro precisa perder. Para que haja justiça, alguém deve ser contido ou punido.
Essa visão é sedutora porque se apresenta como nobre, compassiva, moralmente elevada. Ela permite sinalizar virtude sem enfrentar a dureza da vida vivida.
Mas essa sedução, como sabemos pelos fatos, cobrou e cobra um preço muito alto. Aplicada à economia, essa lógica já produziu estragos incalculáveis. Não apenas estagnação, pobreza e dependência, mas autoritarismo. Quando a riqueza passa a ser tratada como crime e o sucesso como culpa coletiva, a coerção deixa de ser exceção e se torna a estratégia.
Em nome da suposta justiça social, regimes inteiros se ergueram sobre a ideia de que eliminar criadores de riqueza era condição para libertar explorados. O resultado histórico não foi a revolução pela igualdade, mas repressão. Não, não trouxe dignidade, resultou em morte; não implantou justiça, mas poder concentrado.
Na verdade, o erro começa ainda antes, num nível mais elementar. No canto da sereia, na recusa em aceitar que boas intenções não produzem bens, serviços, alimentos ou empregos.
A política “progressista” da nossa era acredita que desejar a felicidade de todos é suficiente, como se o mundo material respondesse a slogans e palavras de ordem. Fala-se em direitos, dignidade e inclusão como se isso, por si só, colocasse comida na mesa ou transporte nas ruas. Evidente que não. Ninguém se alimenta de abstrações. Não se come justiça social. Não se anda de virtude. Não se vive de intenções, nem que sejam boas intenções.
Na economia real, o mundo funciona de outra maneira. Mercados livres são jogos de soma positiva porque criam valor novo. Eles permitem que indivíduos cooperem voluntariamente, troquem, inovem, assumam riscos e descubram formas melhores de produzir aquilo que as pessoas realmente precisam.
Mas os “progressistas do atraso” são apologistas do decrescimento.
Qualquer sujeito racional sabe que o crescimento econômico não é um fetiche estatístico; é a base material de qualquer projeto civilizacional minimamente sério. Sem crescimento, não há empregos. Sem empregos, inexiste renda. Sem renda, não há consumo. Sem produção, não há abundância. E sem abundância, toda política social, mesmo que bem-intencionada, degenera em disputa por escassez.
Claro que desejamos que as pessoas comam! Mas como comer sem dinheiro para comprar comida? Queremos mobilidade. Mas como se locomover sem veículos, infraestrutura e capital acumulado?
Queremos que o Estado forneça serviços públicos de qualidade. Mas como financiá-los se a economia não produz, se empresas não prosperam, se indivíduos não geram renda? O Estado não cria riqueza do nada. Ele depende integralmente daquilo que a sociedade produz antes. Ignorar isso não é ingenuidade; é irresponsabilidade moral disfarçada de compaixão “progressista”.
Nas últimas décadas, nada ficou mais cristalino do que a rejeição da esquerda identitária a essa lógica. Claro, ela dissolve sua narrativa central. Admitir que o crescimento, sustentado pela liberdade econômica e individual, permite que muitos avancem ao mesmo tempo exigiria abandonar a sua conhecida política do ressentimento.
Em lugar do crescimento econômico, instalou-se uma moralidade da desconfiança, em que o sucesso se transformou em culpa, o lucro virou violência, e a prosperidade em apropriação indevida. A economia deixou de ser um espaço de criação e passou a ser tratada como um tribunal permanente.
O erro mais profundo está em deslocar a unidade moral do indivíduo para o grupo. Ao fazer isso, a sociedade se transforma num campo de batalha entre identidades coletivas, onde justiça deixa de significar regras neutras e passa a significar reequilíbrio forçado de poder. Status, dignidade, reconhecimento e atenção — bens escassos e posicionais — tornam-se objetos de política pública. Cada ganho simbólico exige uma perda correspondente. Dessa forma, o conflito deixa de ser circunstancial e passa a ser estrutural.
Assim como ninguém pode viver economicamente às custas de todos sem destruir a base material da sociedade, ninguém pode viver simbolicamente às custas de todos sem destruir sua base moral. A resposta adequada não está em vencer esse jogo, mas em recusá-lo. Porque uma política fundada no jogo de soma zero não constrói uma sociedade mais justa, apenas transforma a escassez em método, o ressentimento em qualidade e o fracasso econômico em projeto de poder.
É funesto e o que temos para o momento.
A política “progressista” da pós-democracia não protege a democracia, muito menos os reais criadores de riqueza. Factualmente, ela a instrumentaliza, usa o Estado como braço ideológico do coletivismo e chama de direitos aquilo que, na prática, restringe a liberdade individual e sufoca o crescimento econômico.
Pontocritico.com
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