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Diagnóstico de autismo na vida adulta: impacto da descoberta e quando buscar ajuda

 


O Transtorno do Espectro Autista (TEA), conhecido como autismo, é uma condição do neurodesenvolvimento que afeta a forma como a pessoa interage socialmente, se comunica e se comporta. Por ser um “espectro”, manifesta-se em diferentes graus de intensidade, tornando cada indivíduo único em suas habilidades e desafios.

Dados no Brasil

Segundo o Censo de 2022, cerca de 2,4 milhões de pessoas foram diagnosticadas com TEA no país, o que corresponde a 1,2% da população. A prevalência é maior entre homens (1,5%) do que entre mulheres (0,9%). O grupo etário com maior incidência é o de 5 a 9 anos, com 2,6%.

Diagnóstico em adultos

Embora o diagnóstico seja mais comum na infância e adolescência, cresce o número de adultos que descobrem estar no espectro. Essa busca, muitas vezes motivada por incômodos persistentes, pode ser difícil, mas traz benefícios ao oferecer respostas e melhorar a qualidade de vida.

Nos últimos anos, redes sociais como TikTok e Instagram se tornaram espaços de identificação para pessoas que nunca foram avaliadas formalmente. Vídeos e quizzes sobre “sinais de autismo em adultos” têm atraído grande engajamento, mas também preocupam especialistas.

O neurologista Julio Koneski, doutor pela USP e membro da Sociedade de Neurologia Infantil, alerta para os riscos do autodiagnóstico: “Ter alguns sintomas não significa que você tem autismo”. Ele reforça que o diagnóstico depende da análise de múltiplas características ao longo da vida e deve ser feito por profissionais especializados, como neuropediatras, psiquiatras ou neurologistas.

Processo de avaliação

O diagnóstico em adultos segue etapas semelhantes às aplicadas em crianças:

  • entrevistas estruturadas e semiestruturadas;

  • questionários;

  • colaboração de psicólogos, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais;

  • coleta de informações sobre o comportamento na infância.

Fatores que dificultam o diagnóstico

  • Autismo leve: sintomas discretos podem passar despercebidos.

  • Alto nível intelectual: indivíduos conseguem camuflar características.

  • Baixo nível intelectual: pode ser confundido com deficiência intelectual.

  • Dificuldade de acesso médico: comum em áreas rurais ou países com menos recursos.

  • Comorbidades: TDAH, depressão, ansiedade e outros transtornos podem mascarar o TEA.

  • Estigma social: preconceito leva famílias a evitar a busca por diagnóstico.

Estudos indicam que 90% dos adultos diagnosticados com autismo já tinham outro diagnóstico psiquiátrico anterior, muitas vezes incorreto ou incompleto.

Caso real

A publicitária Lilian de Fraga, de 31 anos, moradora de Igrejinha (RS), recebeu diagnóstico de TEA há dois anos. Ela relata ter se sentido “estranha” por grande parte da vida, tentando se encaixar em padrões de normalidade: “Eu tentava me colocar no que chamam de normal e realmente não é normal, porque é muito mais desgastante e tem toda a questão de mascaramento”.

Fonte: Correio do Povo.

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