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Furtos de fios e cabos geram prejuízos em Porto Alegre e debates sobre endurecimento da pena

 Mesmo em queda, crime na Capital segue causando dores de cabeça a moradores e comerciantes

Furto de fios e cabos em Porto Alegre | Foto: Pedro Piegas


Uma chaga de Porto Alegre, o furto de cabos e fios em Porto Alegre é uma realidade incômoda, provocando falhas de serviços, com efeito de prejudicar moradores e comerciantes. Em grupos de WhatsApp, como um do bairro Cidade Baixa ao qual a reportagem teve acesso, diversas pessoas se questionavam, na semana passada, se seus vizinhos haviam registrado queda na conexão de operadoras de telefonia e Internet.

Além destas, a transmissão de energia elétrica também tem prejuízos. Dados da CEEE Equatorial mostram que, no ano passado, a Capital liderou este ranking, com 1.240 ocorrências, ou mais de três por dia, e 38% do total de 3.197 em sua área de concessão no Estado. Mas os números vêm caindo. Em 2023, ainda conforme a concessionária, haviam sido 3.545, e em 2022, 7.609.

“Este tipo de crime compromete a qualidade do serviço, expõe vidas ao risco e gera impactos econômicos relevantes, comprometendo o funcionamento para hospitais, escolas, delegacias, além de impactar no cronograma de investimento e modernização da rede”, afirma o executivo de Segurança Empresarial do Grupo Equatorial, Johnathan Costa.

Na sequência dos municípios gaúchos atendidos pela CEEE Equatorial com registros de furtos e roubos de fiação, aparecem Rio Grande, com 762, Tramandaí (363), Capão da Canoa (210) e Pelotas (98). De acordo com Johnathan, somente em 2025, até a última segunda-feira, haviam sido realizadas 34 operações, com 25 prisões. Em operação em abril, por exemplo, mais de uma tonelada de cobre furtado da rede elétrica foi recuperado. “Foi um dos maiores volumes dos últimos anos”, observou o executivo.

O Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Brigada Militar (BM) também salientou uma redução nos números. Em janeiro, haviam sido 229 registros, contra 200 em abril, uma queda de 13%. O titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio e Serviços Delegados (DRPC), vinculado ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Luis Firmino, afirma que os criminosos têm diversos perfis. “Desde o usuário de drogas, até funcionários e ex-funcionários de empresas terceirizadas de telefonia e Internet”, salienta o delegado.

“Os beneficiários são quem furta e quem recepta o material. Dá para afirmar que, quem mais se beneficia são as empresas de reciclagem que compram este material furtado”, acrescentou. Muito por conta disto, o prefeito Sebastião Melo levantou a possibilidade de proibir a venda e compra de sucatas na região do 4º Distrito, devido ao roubo e à receptação. “O que eu não posso permitir é o furto de fios e tantas outras coisas que acontecem na cidade, mas especialmente ali. É inaceitável”, disse o prefeito em março.

Ele também determinou um estudo sobre a questão antes de se decidir. Dados da DPRC mostram que houve 39 prisões entre janeiro e maio, com 7,4 toneladas de fiações apreendidas em toda Porto Alegre, somando R$ 415,8 mil.

Homem é flagrado tentando furtar fios em Porto Alegre Homem é flagrado tentando furtar fios em Porto Alegre | Foto: Arquivo Pessoal / Divulgação / CP

"Demorava um bom tempo para voltar”

O desenvolvedor José Victor Viriato, morador da Cidade Baixa, disse que, por volta de abril, era frequente a queda de Internet, sempre aos finais de semana. “Foram uns três, quatro, sábados seguidos que faltava, e demorava um bom tempo para voltar. Caía em todo o bairro. Troquei de Internet e desde então, não tive mais problemas, mas o pessoal no grupo está sempre reclamando”, relatou ele.

A Secretaria Municipal da Segurança (SMSeg) disse que localizou 12 registros de natureza inicial como furtos de fios, entre janeiro e a última segunda, tanto no patrulhamento da Guarda Municipal e denúncias pelos telefones 153 e 156, embora reconheça que os índices podem ser maiores.

Procurado, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel, Celular e Pessoal (Conexis Brasil Digital) disse, em nota, que “o furto, roubo, vandalismo e também a receptação de cabos e equipamentos causam prejuízo direto a milhões de consumidores todos os anos, que ficam sem acesso a serviços de utilidade pública como polícia, bombeiros e emergências médicas.”

A entidade afirmou ainda defender “uma ação coordenada de segurança pública envolvendo o do o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, tanto o federal, quanto os estaduais e municipais”, assim como aprovações dos projetos de lei (PLs) 4872/20243780/2023 e 5846/2016, todos sobre o endurecimento da pena para os crimes de furto e roubo de fiações, e que podem contribuir para a redução da atividade criminosa.

  | Foto: Leandro Maciel / CP

Correio do Povo

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