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Família de capivaras é vista às margens do Arroio Dilúvio, em Porto Alegre

 Pelo menos sete animais estavam sob a ponte da avenida Borges de Medeiros, no cruzamento com a avenida Ipiranga

Filhotes e adultos foram avistados juntos na tarde de quinta-feira | Foto: Mauro Schaefer


Em meio a uma das mais movimentadas áreas de Porto Alegre, alheias aos milhares de veículos que circulam a avenida Ipiranga diariamente, uma família de capivaras foi avistada na tarde de quinta-feira (22). Pelo menos sete animais, aparentando serem dois adultos e cinco filhotes, estavam às margens do Arroio Dilúvio, sob a ponte da avenida Borges de Medeiros.

A família atraiu a atenção das pessoas que passavam pelo local, parando para tirar fotos e admirar a cena inusitada e incomum. Enquanto os filhotes menores brincavam, os animais adultos observavam a movimentação e pareciam cuidar para que os menores não se distanciassem. Mais atenta, a maior – possivelmente o macho do grupo - também fazia questão de se impor à movimentação humana, impedindo que as pessoas se aproximassem.

A advogada Lilian Corradi chegou a se sentar no gramado para observar, à distância, os animais. Ela, que mora perto do local, fez questão de registrar o momento. “Às vezes, quando passo com as crianças no final da tarde, eu vejo elas por aqui. Como meus filhos adoram, parei para tirar fotos”, relata

Lilian destaca que a presença das capivaras chama a atenção pelo local em que elas são avistadas, no meio da cidade. “Elas não são deste tipo de habitat. Eu sou do Extremo Sul do Estado e lá, sim, estamos acostumados com elas, principalmente no Taim. É lindo observar, mas é bem perigoso, porque elas são bem bravas”, conclui.

A capivara é o maior roedor mamífero herbívoro do planeta e é encontrado na América do Sul e Central. O animal, que pode chegar a 75 kg, apresenta hábito semiaquático, sendo encontrada em áreas associadas a cursos de água, lagos ou açudes, onde se protege de predadores e se reproduz. Capivaras são animais sociais que vivem em grupos de até 20 indivíduos. Seus hábitos são diurnos, com pico de atividades no período vespertino e crepuscular.

Por serem animais dóceis, eles não se incomodam com a presença de seres humanos. Como herbívoros, as capivaras se alimentam dos vegetais próximos as margens. O ideal é que as pessoas não entrem em contato físico.

“As pessoas não devem interferir. Eles são animais bonitos e, por ser dócil, pode ser um problema quando os seres humanos desejam alimentá-los, por exemplo. Por não saber do que elas se alimentam, acabam querendo dar alimentos para os animais. Ela come capim, então, não precisa alimentar e nem fazer nada com a Capivara”, destacou o professor e doutor Pedro Maria de Abreu Ferreira da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Laboratório de Ecologia de Interações, da PUCRS, em recente entrevista ao Correio do Povo.

“Pelo que sei, o grupo está sendo monitorado. A presença dos animais é algo interessante para a cidade. Porto Alegre ter uma população de fauna silvestre acessível a população, que as pessoas possam observar de certa distância, pode ser um atrativo turístico (como ocorre em outras capitais). São animais símbolos do nosso país e só temos que deixar eles viverem sem interferências”, finalizou Ferreira.


Matar e perseguir capivaras é crime

Matar capivaras é considerado um crime ambiental, conforme a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) e o Decreto nº 6.514/08. A lei proíbe a caça, captura, abate e qualquer forma de utilização de animais silvestres, incluindo a capivara, sem a devida autorização da autoridade competente.

A Lei de Crimes Ambientais, em seu artigo 29, estabelece que é crime “matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente”. Essa lei também estabelece penas de detenção de seis meses a um ano, além de multa, para quem cometer esse tipo de crime. Além da apreensão da arma de fogo ou outro objeto usado no crime, da carne ou produto da caça, além da proibição futuras de atividades que envolvam fauna silvestre.

Denúncias podem ser feitas para o Batalhão Ambiental da Brigada Militar através do telefone (51) 9.8437-6920. Caso ocorra risco de vida do animal, a Prefeitura de Porto Alegre também pode ser acionada pelo número 156 nas 24 horas do dia.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) pede que aqueles que presenciarem alguém caçando ou matando capivaras façam a denúncia do crime através do telefone 0800-618080. Ou ainda ao Centro de Apoio Operacional de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público do RS pelo (51) 3295.1179.

Correio do Povo

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