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Aberta oficialmente a 35ª Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas

 O evento se encerrou no final da tarde desta quinta-feira, na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão

Autoridades participaram da solenidade que celebrou a importância do cereal | Foto: Angélica Silveira/Especial CP


No final da tarde desta quinta-feira começou na Estação Experimental Terras Baixas da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, a solenidade da 35ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas. Autoridades, entre as quais o governador em exercício Gabriel Souza, participaram do evento que começou com a chegada de três colheitadeiras que fizeram o trajeto na lavoura Breno Prates, colhendo o arroz e a soja.

Considerada a maior abertura de colheita de grãos das Américas, o evento é realizado anualmente pela Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) com correalização da Empresa Brasileira de Pesquisa. Agropecuária (Embrapa) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Para os organizadores, o ato também simboliza a garantia da segurança alimentar brasileira e a alta performance dos equipamentos. O evento técnico deste porte se mostrou fundamental para que os produtores tenham as ferramentas necessárias para levar eficiência aos seus negócios. É um evento organizado de produtor para produtor em nome da segurança alimentar dos brasileiros.

Os discursos foram abertos com o diretor executivo de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, Clênio Pillon. "Estamos celebrando a sétima edição consecutiva nesse evento que não para de crescer, construído, há muitas mãos com muito empenho, engajamento e comprometimento", observou. Ele saudou os parceiros que estavam no local e que representam o que tem de melhor em termos de conhecimento de tecnologias. "Nós temos uma verdadeira cidade da inovação, a disposição dos nossos produtores, dos nossos técnicos que transformam a lavoura arrozeira e as demais cadeias associadas nesse ambiente terras baixas como a grande referência mundial", enfatizou.

Para Pillon, os desafios para a cadeia produtiva do arroz ou dos grãos em terras baixas, não são desafios só do Brasil " São desafios globais e precisamos seguir buscando ao limite não só a nossa segurança alimentar e avançamos muito nesse país. Temos um desafio importante da soberania alimentar porque não dominamos todos os insumos necessários para a nossa produção. Ainda somos grandes importadores de fertilizantes e temos desafio também das mudanças climáticas", enumerou.

O vice-presidente da Farsul Domingos Velho Lopes agradeceu a Embrapa pelos 50 anos dedicados a pesquisa. Ele também falou sobre a importância da irrigação

"A lavoura de arroz é viável e está criando grandes resultados produtivos em razão da irrigação. Por isso temos que cada vez mais ter reserva de água", enfatizou. Ele citou como exemplo os produtores das regiões Central, Campanha e Fronteira Oeste que sofrem com a estiagem. 'Por isto que a irrigação e a reserva de água tem que ser sim a razão das atividades das entidades e principalmente as ações dos parlamentares", solicitou. Ele também falou sobre alongamento das dívidas de produtores que sofreram com a estiagem e a enchente de maio passado. "Que possamos continuar produzindo os alimentos e desta forma trazer dinheiro para o Estado como um todo, porque se o agro não tem dinheiro, nós não conseguimos alimentar as cadeias de serviço, indústria", observou.

O deputado estadual Marcus Vinícius de Almeida, representou a presidência da Assembleia Legislativa no evento. O Superintende de Agricultura e Pecuária no Rio Grande do Sul, José Cléber de Souza representou o Ministério da Agricultura. "A produção de alimentos é uma preocupação central do Governo Federal. Nos últimos 5 anos, a inflação dos alimentos superou em 3 deles, a média da economia. Por isto queremos tratar com atenção todo este segmento", observou. Após falar dos números do plano safra, ele admitiu que cada vez mais é necessário integrar nas políticas de crédito, ações que estimulem o setor. Além deles também participaram o senador Luiz Carlos Heinze, os deputados federais Any Ortiz e Alceu Moreira

O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, qualificou o evento como grandioso. Ele também fez críticas pontuais tanto ao governo federal quanto ao estadual. No caso da União, pediu que representantes da Conab venham ao Estado atualizar os preços dos custos de produção. "Se eu tivesse que falar, o principal problema da lavoura de arroz é o custo alto de produção. Precisamos também que continue o livre mercado. Não aceitamos intervenções no mercado do arroz", enfatizou. Para ele, o produtor não pode vender arroz abaixo do preço de produção. "Temos prejuízo, o que trouxe endividamento e a diminuição da nossa lavoura. E a origem deste endividamento também está muito em cima da falta de um seguro agrícola adequado", pontuou.

Com relação ao governo estadual, Velho referiu a necessidade de maiores reservas de água "Como nós vamos investir em irrigação com a insegurança que temos com relação à energia elétrica? Precisamos melhorar a atuação da Agergs, que é a agência reguladora do Estado. Também como vamos aumentar ou manter a produção sem estradas adequadas?", ponderou.

Encerrando o ato, o governador em exercício lembrou que o Estado produz 70% do arroz no Brasil, além da exportação para vários países. "Uma cultura que, mesmo diminuindo a área plantada em anos anteriores, em 2025 ampliou a área. Porém, mais do que isso, a produtividade, que veio oriunda de muita ciência, muita pesquisa, muito apoio de assistência técnica, onde eu, naturalmente, tenho que citar a Embrapa, uma empresa de extensão rural brasileira, de pesquisa e importantíssima. Mas nós, aqui, temos também o nosso Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), que tem amparado imensamente o produtor", destacou. Ele referiu, ainda, sobre a política de valorização salarial, tanto dos técnicos do Irga como da Agergs, no sentido de qualificar a máquina do Estado em prol do produtor.

O governador em exercício citou também um investimento de R$1 bilhão em estradas nos últimos meses. "A irrigação é outra pauta fundamental para o Estado, até porque 40% dos produtores de arroz no Rio Grande do Sul também produzem outras culturas, como é o caso da soja. E nós temos um programa robusto, o Supera Estiagem, que paga até 20% do custo do projeto de irrigação, com teto de até R$100 mil", pontuou. O arroz que foi colocado em um silo. No final do evento, como já é uma tradição em sete anos de Abertura da Colheita em Capão do Leão, foi jogado para cima pelas autoridades simbolizando a entrega do produto ao consumidor.

Correio do Povo

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