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Dólar sobe 0,5% e fecha cotado a R$ 5,06

 Moeda norte-americana refletiu dúvidas sobre a saúde do sistema financeiro dos EUA


dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira em alta de 0,47%, cotado a R$ 5,0647, em sintonia com o movimento global do mercado de moedas. Queda da confiança do consumidor nos EUA e dúvidas sobre a saúde do sistema financeiro americano, após o resultado decepcionante First Republic Bank, reacendem os temores de recessão da maior economia do mundo.

No tradicional movimento de aversão ao risco, os investidores abandonaram bolsas e correram para se proteger nos Tesouros, cujas taxas recuaram, e na moeda americana. Termômetro do desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes, o índice DXY operou em alta firme e se aproximou da linha dos 102.000 pontos.

Na outra ponta da gangorra, as commodities metálicas e as cotações internacionais do petróleo recuaram, com o tipo Brent para julho fechando em queda de 2,35%, a US$ 80,60 o barril. Divisas de países exportadores de commodities e emergentes caíram no bloco frente à moeda americana, com raras reconhecidas, como o peso chileno. O real, que costuma apresentar perdas mais fortes em episódios de aversão ao risco, desta vez não amargou o pior desempenho, papel que coube ao rand sul-africano.

"Temos um movimento de aversão global ao risco que pressiona as divisas emergentes. Os aumentos de juros esperados nos EUA e na Europa levam a preocupação com o crescimento global", afirma a economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, acrescentando que dados recentes da China crescimento menos robusto do gigante asiático, o que acaba afetando os emergentes.

Por aqui, o dólar até ensaiou um recuo na primeira hora de negócios, quando registrou a mínima de R$ 5,0311, com operadoras relatando entrada de fluxo comercial. Mas logo a divisa se alinhava à tendência externa e, ainda pela manhã, escrevi até máximo a R$ 5,0840. Houve aumento da disponibilidade, com o contrato de dólar futuro para poder movimentar mais de US$ 13 bilhões.

Para o chefe da tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, a alta do dólar hoje pode ser atribuída a um movimento de aversão ao risco no exterior, com risco de recessão nos EUA em meio à divulgação de resultados de empresas americanas. Ele observa, entretanto, que o real tem apresentado um bom desempenho nos últimos dias na comparação com cesta de moedas emergentes e de países exportadores de commodities.

“Aqui, o que vai definir se o dólar vai subir ou não no curto prazo vai ser como o arcabouço fiscal vai passar no Congresso. ", afirma Weigt.

Segundo operadores, a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em audiência na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado foi subsequente, mas não teve papel relevante na formação da taxa de câmbio. Campos Neto voltou a falar da desconcoragem das expectativas de tolerar e repetir que não há relação mecânica entre aprovação da proposta de novo arcabouço fiscal e política monetária.

Em participação no Fórum Empresarial Brasil-Espanha, em Madri, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lutou novamente a gestão da política monetária ao repetir que "é impossível fazer investimento" com a taxa Selic em 13,75% ao ano. No início da tarde, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo indicará dois nomes para ocupar diretorias do Banco Central (Política Monetária e Fiscalização) assim que Lula voltar da viagem internacional.


Agência Estado e Correio do Povo

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