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Como ficam as manifestações do dia 15 após a aprovação do veto de Bolsonaro


Em 2018, manifestantes a favor de Bolsonaro se reuniram em Brasília: tendência é que ânimos se acalmem no dia 15 de março.| Foto: José Cruz/Agência Brasil


A manutenção do veto do presidente Jair Bolsonaro ao item da lei orçamentária que dava "superpoderes" ao Congresso para gerir R$ 30 bilhões deve reduzir a tensão que cercava as manifestações do próximo dia 15. Os atos inicialmente convocados em apoio ao governo Bolsonaro se tornaram mais críticos à ação da Câmara e do Senado nas últimas semanas. Tudo por causa do episódio em que o general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional e um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, afirmou que o Executivo é vítima de "chantagem" do Congresso.

A preservação do veto pode até acalmar alguns ânimos, mas não mudou a disposição dos apoiadores do presidente em realizar o ato. Movimentos identificados com a pauta governista e parlamentares da base aliada mantiveram a agenda de divulgação das manifestações tanto nas redes sociais quanto no Congresso."

A meta, agora, é transformar a mobilização do dia 15 em uma sinalização de expressivo apoio popular ao governo. "A manifestação não foi convocada como uma manifestação específica pelo veto, e sim de apoio ao presidente Bolsonaro, ao general Heleno. É a ideia de o povo ir para a rua para dizer que não vai tolerar manobras, não vai tolerar o parlamentarismo branco", afirmou a deputada Bia Kicis (PSL-DF).

A menção ao "parlamentarismo branco" diz respeito a uma expressão que ganhou corpo nos últimos dias – a ideia de que o crescimento do protagonismo do Congresso representaria um esvaziamento da Presidência da República e mais poder nas mãos dos presidentes Davi Alcolumbre (DEM-AP), do Senado, e Rodrigo Maia (DEM-RJ), da Câmara. Maia é frequentemente mencionado em postagens de páginas bolsonaristas como um "vilão" que estaria atuando contra o governo federal por, na visão dos apoiadores do presidente da República, dificultar a aplicação de medidas do Executivo.

"A manifestação não tem mais como retroceder. Vai ser um recado do tamanho do apoio de que dispõe o presidente. Se for bem sucedida, será um recado para deixar o Congresso mais arrefecido. Se estiver mais esvaziada, vai passar um sinal de poder para o Rodrigo Maia", avaliou o deputado federal Márcio Labre (PSL-RJ), numa referência ao presidente da Câmara.

Kicis, entretanto, pondera um eventual comparecimento diminuto: "pode ser que chova, pode ser que em algumas cidades o metrô esteja fechado. Não podemos levar a presença a ferro e fogo". Nos últimos dias, boatos nas redes sociais indicaram que os governadores João Doria (PSDB), de São Paulo, e Wilson Witzel (PSC), do Rio de Janeiro, estariam planejando suspender os serviços de metrô no dia 15 – o que foi negado pelos gestores.

Na opinião de Labre, a aprovação do veto e a definição do Orçamento antes da manifestação torna os atos do dia 15 "ainda mais importantes". "Quem torce para que o governo dê certo precisa estar presente", disse. A pressão ao Congresso, segundo o parlamentar, ganha relevo adicional em um ano em que o governo tentará aprovar duas pautas de destaque: as reformas tributária e administrativa."

Nas redes, teor crítico ao Congresso continua

A convocação para as manifestações do dia 15 nos grupos virtuais de apoio ao presidente Jair Bolsonaro prossegue tendo entre seus principais focos a rejeição ao trabalho do Congresso Nacional, em especial ao de Alcolumbre e Maia.

O caráter anti-Congresso dos atos ganhou corpo após a captação de uma conversa privada do general Augusto Heleno. No áudio, o ministro dizia que o governo não poderia "aceitar esses caras [parlamentares] chantageando a gente", por causa da ameaça de derrubada do veto ao dispositivo que deixava nas mãos dos congressistas a gestão de R$ 30 bilhões do Orçamento deste ano.

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