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Episódio com hacker interrompe projeto eleitoral de Manuela D'Ávila

Revelação de que ex-deputada passou contato do jornalista Glenn Greenwald a hacker que invadiu telefones de autoridades muda planos do PCdoB para 2020

Pedro Venceslau e Ricardo Galhardo, O Estado de S. Paulo

Correções: 05/08/2019 | 13h00

PCdoB oficializa candidatura de Manuela DManuela foi candidata a vice na chapa de Fernando Haddad em 2018 Foto: Dida Sampaio/Estadão

Após a revelação, no fim de julho, de que a ex-deputada Manuela D’Ávila (RS) foi a ponte entre o hacker que violou telefones de centenas de pessoas, entre elas autoridades dos três Poderes, e o site The Intercept Brasil, a direção do PCdoB interrompeu, pelo menos temporariamente, a estratégia pensada para ela – aproveitar a grande exposição obtida pela candidatura à Vice-Presidência na eleição do ano passado para consolidá-la como um nome forte do partido para 2020. O episódio, no entanto, obrigou a ex-deputada a se recolher.

LEIA TAMBÉM <?XML:NAMESPACE PREFIX = "[default] http://www.w3.org/2000/svg" NS = "http://www.w3.org/2000/svg" />>Hacker diz que Manuela D’Ávila foi contato entre ele e The Intercept

Na última semana, Manuela parou de dar entrevistas e de interagir no WhatsApp – território que dominava com desenvoltura – e se impôs uma espécie de autoexílio na Escócia, onde faz curso de inglês, ao lado do marido e da filha. Seus advogados, José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, e Alberto Toron, também têm fugido dos microfones.

A ideia é evitar que a ex-deputada vire protagonista do caso conhecido como “Vaza Jato” e que seu papel fique circunscrito ao que foi divulgado até agora: o de apenas intermediária entre o hacker Walter Delgatti Neto, o Vermelho, e o jornalista Glenn Greenwald.

No entorno de Manuela a ordem é protegê-la de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que tentam usar o episódio para transformá-la no vínculo entre o hacker e o PT de Fernando Haddad, de quem ela foi candidata a vice na eleição presidencial do ano passado.

Depois da eleição, a única missão partidária de Manuela foi se manter em evidência por meio de uma agenda que misturava feminismo, maternidade e combate às fake news – assunto que ganhou destaque na última disputa presidencial.

Prefeitura. No início do ano, o PCdoB chegou a cogitar que ela transferisse o título eleitoral para São Paulo a fim de se lançar candidata à Prefeitura da maior cidade do Brasil, onde ganharia ainda mais visibilidade e a possibilidade de marcar diferenças em relação ao PT. Mas Manuela rejeitou de pronto a ideia e se mantém como pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre, onde lidera as pesquisas de opinião.

Manuela está sem ocupar um cargo público pela primeira vez desde 2005, quando ganhou a sua primeira eleição como vereadora de Porto Alegre. Depois disso foi deputada federal por dois mandatos e deputada estadual pelo Rio Grande do Sul na legislatura que se encerrou no fim do ano passado.

Após a derrota no segundo turno, ela anunciou que estava abrindo uma loja de camisetas com frases políticas muito difundidas durante a eleição. Manuela disse que a ideia era que a venda financiasse seu novo instituto, o “E Se Fosse Você” – criado, segundo ela, para combater fake news e “redes de ódio”.

Essa foi a forma encontrada por Manuela para cumprir a tarefa partidária de se manter em evidência enquanto o PCdoB articula seu futuro político. Além da ONG, a ex-deputada também viajou pelo Brasil para lançar o seu primeiro livro, intitulado Revolução Laura, com histórias e reflexões sobre suas experiências desde a chegada da filha, hoje com 4 anos. No segundo semestre, ela planeja lançar seu segundo livro, ainda sem título, sobre feminismo.

Retorno. Segundo pessoas próximas à ex-deputada, o autoexílio tem prazo para terminar. Manuela deve voltar ao Brasil antes da reunião do comitê central do PCdoB marcada para o dia 16, que deve ser transformada em um ato de desagravo e solidariedade à ex-deputada.

Às poucas pessoas com quem teve contato, ela tem demonstrado tranquilidade e confiança de que não cometeu crime algum. Formalmente ela não é investigada. Na semana que vem seus advogados vão entregar à Polícia Federal as mensagens que ela trocou com Vermelho no dia 12 de maio, quando o hacker invadiu seu celular. 

Amigos dizem que ela pensou que a abordagem era uma armadilha preparada por adversários, até que Vermelho começou a enviar conteúdos das mensagens hackeadas. Mesmo assim, afirmaram, Manuela agiu com precaução e tentou se desvencilhar, indicando um jornalista de sua confiança.

Manuela já entregou à PF comprovantes das reservas de passagens e estadia na Escócia feitas bem antes do contato com Vermelho como provas de que não está fugindo do Brasil.

PCdoB oficializa candidatura de Manuela DPCdoB chegou a lançar Manuela como candidata a presidente em 2018 Foto: Dida Sampaio/Estadão

Correções

05/08/2019 | 13h00

Diferentemente do que afirmou o Estado na reportagem, a ex-deputada Manuela D'Ávila manteve as interações no Twitter e no Instagram. Ela deixou de interagir no aplicativo WhatsApp e não tem dado entrevistas.   

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Estadão


Revelação de que ex-deputada passou contato do jornalista Glenn Greenwald a hacker que invadiu telefones de autoridades muda planos do PCdoB para 2020

Pedro Venceslau e Ricardo Galhardo, O Estado de S. Paulo

04 de agosto de 2019 | 05h00

Correções: 05/08/2019 | 13h00

PCdoB oficializa candidatura de Manuela DManuela foi candidata a vice na chapa de Fernando Haddad em 2018 Foto: Dida Sampaio/Estadão

Após a revelação, no fim de julho, de que a ex-deputada Manuela D’Ávila (RS) foi a ponte entre o hacker que violou telefones de centenas de pessoas, entre elas autoridades dos três Poderes, e o site The Intercept Brasil, a direção do PCdoB interrompeu, pelo menos temporariamente, a estratégia pensada para ela – aproveitar a grande exposição obtida pela candidatura à Vice-Presidência na eleição do ano passado para consolidá-la como um nome forte do partido para 2020. O episódio, no entanto, obrigou a ex-deputada a se recolher.

LEIA TAMBÉM <?XML:NAMESPACE PREFIX = "[default] http://www.w3.org/2000/svg" NS = "http://www.w3.org/2000/svg" />>Hacker diz que Manuela D’Ávila foi contato entre ele e The Intercept

Na última semana, Manuela parou de dar entrevistas e de interagir no WhatsApp – território que dominava com desenvoltura – e se impôs uma espécie de autoexílio na Escócia, onde faz curso de inglês, ao lado do marido e da filha. Seus advogados, José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, e Alberto Toron, também têm fugido dos microfones.

A ideia é evitar que a ex-deputada vire protagonista do caso conhecido como “Vaza Jato” e que seu papel fique circunscrito ao que foi divulgado até agora: o de apenas intermediária entre o hacker Walter Delgatti Neto, o Vermelho, e o jornalista Glenn Greenwald.

No entorno de Manuela a ordem é protegê-la de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que tentam usar o episódio para transformá-la no vínculo entre o hacker e o PT de Fernando Haddad, de quem ela foi candidata a vice na eleição presidencial do ano passado.

Depois da eleição, a única missão partidária de Manuela foi se manter em evidência por meio de uma agenda que misturava feminismo, maternidade e combate às fake news – assunto que ganhou destaque na última disputa presidencial.

Prefeitura. No início do ano, o PCdoB chegou a cogitar que ela transferisse o título eleitoral para São Paulo a fim de se lançar candidata à Prefeitura da maior cidade do Brasil, onde ganharia ainda mais visibilidade e a possibilidade de marcar diferenças em relação ao PT. Mas Manuela rejeitou de pronto a ideia e se mantém como pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre, onde lidera as pesquisas de opinião.

Manuela está sem ocupar um cargo público pela primeira vez desde 2005, quando ganhou a sua primeira eleição como vereadora de Porto Alegre. Depois disso foi deputada federal por dois mandatos e deputada estadual pelo Rio Grande do Sul na legislatura que se encerrou no fim do ano passado.

Após a derrota no segundo turno, ela anunciou que estava abrindo uma loja de camisetas com frases políticas muito difundidas durante a eleição. Manuela disse que a ideia era que a venda financiasse seu novo instituto, o “E Se Fosse Você” – criado, segundo ela, para combater fake news e “redes de ódio”.

Essa foi a forma encontrada por Manuela para cumprir a tarefa partidária de se manter em evidência enquanto o PCdoB articula seu futuro político. Além da ONG, a ex-deputada também viajou pelo Brasil para lançar o seu primeiro livro, intitulado Revolução Laura, com histórias e reflexões sobre suas experiências desde a chegada da filha, hoje com 4 anos. No segundo semestre, ela planeja lançar seu segundo livro, ainda sem título, sobre feminismo.

Retorno. Segundo pessoas próximas à ex-deputada, o autoexílio tem prazo para terminar. Manuela deve voltar ao Brasil antes da reunião do comitê central do PCdoB marcada para o dia 16, que deve ser transformada em um ato de desagravo e solidariedade à ex-deputada.

Às poucas pessoas com quem teve contato, ela tem demonstrado tranquilidade e confiança de que não cometeu crime algum. Formalmente ela não é investigada. Na semana que vem seus advogados vão entregar à Polícia Federal as mensagens que ela trocou com Vermelho no dia 12 de maio, quando o hacker invadiu seu celular. 

Amigos dizem que ela pensou que a abordagem era uma armadilha preparada por adversários, até que Vermelho começou a enviar conteúdos das mensagens hackeadas. Mesmo assim, afirmaram, Manuela agiu com precaução e tentou se desvencilhar, indicando um jornalista de sua confiança.

Manuela já entregou à PF comprovantes das reservas de passagens e estadia na Escócia feitas bem antes do contato com Vermelho como provas de que não está fugindo do Brasil.

PCdoB oficializa candidatura de Manuela DPCdoB chegou a lançar Manuela como candidata a presidente em 2018 Foto: Dida Sampaio/Estadão

Correções

05/08/2019 | 13h00

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