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Nosso código moral enfraquece à medida que nos afastamos do dinheiro

por Samy Dana

Um trecho da minissérie "Justiça" chamou minha atenção recentemente. Na trama, a personagem da atriz Débora Bloch questionava um grupo de estudantes que hostilizava um aluno que havia divulgado um vídeo em que uma colega de sala fazia sexo. "Ele foi um machista, mas quantos de vocês compartilharam o vídeo com outras pessoas?". O erro de quem divulgou o vídeo é claro, mas como fica a consciência de quem ajuda a espalhar o que foi feito de errado? A problematização sobre as flexibilizações do código moral de cada um me remeteu a um comportamento semelhante com dinheiro.
Para mostrar a forma como funcionam essas distorções, o psicólogo econômico Dan Ariely fez um experimento no alojamento estudantil do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Sem o conhecimento dos estudantes, o cientista espalhou em algumas geladeiras pacotes de seis latas de refrigerante, enquanto em outras guardou pratos com seis notas de um dólar em cada. Em três dias, todos os refrigerantes haviam sido consumidos, mas o dinheiro permaneceu intocado.
Todos tiveram a oportunidade de pegar o dinheiro, ir até a cantina e comprar o refrigerante, mas ninguém o fez. A experiência sugeria que a trapaça ficava mais fácil de ser cometida conforme a pessoa se distanciasse do dinheiro em espécie, ainda que essa distância fosse curta. Para aprimorar os resultados, ele resolveu realizar uma experiência mais elaborada.
Dois grupos de estudantes recebiam a tarefa de acertar o maior número possível de matrizes matemáticas em 10 minutos, sendo que eram pagos por cada acerto. Ao final do tempo, ambos tinham a oportunidade de trapacear: trituravam a planilha de respostas e diziam aos aplicadores da prova quantas questões haviam acertado. No entanto, uma condição era diferente entre os dois grupos: o primeiro tinha a opção de pedir a recompensa em dinheiro de imediato, enquanto o segundo recebia a recompensa em fichas, que posteriormente eram trocadas por dinheiro.
A grande surpresa foi que o grupo das fichas trapaceou duas vezes mais em relação ao outro. Ainda que a ficha funcionasse apenas como um intermediário para o dinheiro, isso era suficiente para deixar as pessoas duas vezes mais susceptíveis a mexer em seus padrões morais.
Tomando por base as experiências, Ariely faz uma ponte para o mundo real com um interessante questionamento: em um mundo em que estamos cada vez mais distantes do dinheiro em espécie, ao passo em que nos tornamos mais íntimos das transações online e das compras em débito e crédito, como mensurar nossos padrões morais? Por esse viés, pode ser tão fácil deixar de avisar ao caixa do supermercado que ele esqueceu de cobrar por um produto do carrinho, quanto você mesmo ser trapaceado com taxas e tarifas invisíveis de produtos financeiros.
Um alento para essas constatações veio de mais uma experiência, dessa vez feita com estudantes da Universidade da Califórnia (UCLA). Dois grupos foram submetidos ao mesmo experimento das matrizes matemáticas. No entanto, antes do início da atividade, o primeiro era orientado a tentar se lembrar dos 10 mandamentos bíblicos, enquanto o segundo deveria tentar se lembrar de 10 livros lidos no ensino médio. O segundo grupo trapaceou um pouco, enquanto o primeiro não trapaceou de forma alguma. A menção a um código moral, de certa forma, influenciou a conduta dos participantes de um modo positivo. E esse elemento não necessariamente precisa ser os mandamentos bíblicos, a recordação de bons valores repassados por familiares ou educadores pode funcionar da mesma forma.
Vale então pensar sobre a moralidade em nossas vidas de um modo mais profundo. Sua régua moral funciona para contestar as tarifas invisíveis dos bancos, mas a mesma medida é usada na hora em que percebe que foi cobrado a menos no supermercado? A intenção aqui não é colocar a humanidade como um monstro imoral, mas é válido o alerta de que devemos lembrar de nossos códigos
Fonte: G1 - 03/09/2016 e Endividado

 

'Recesso branco'

Ueslei Marcelino/Reuters

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Exército nas ruas

Frankie Marcone/ Futura Press/ Estadão Conteúdo

A crise de segurança pública no país tem feito com que os Estados recorram com frequência à Força Nacional, tropa emergencial do governo federal. No último ano, pelo menos 13 Estados receberam as tropas – 11 a pedido dos governadores.
Cedidos pelas polícias estaduais, mas com diárias e treinamento pagos pelo governo federal, os homens fardados e com forte armamento fazem a segurança de presídios, policiamento nas ruas, ajudam na resolução de crimes e atuam até em salvamentos nas praias.  Leia mais

 

 

Problema crônico no Brasil

Praticamente um em cada cinco atletas da equipe brasileira que vai competir nos Jogos Paraolímpicos do Rio tem deficiência causada por um problema crônico do Brasil: os acidentes de carro.
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Declarada santa

Sherwin 
Crasto/AP Photo

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