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Jogos olímpicos serão de segurança e tranquilidade, diz Serra no Rio

Ministro das Relações, Jose Serra

Para José Serra, o palácio é um lugar adequado e muito bonito para as recepções. Ele considerou o palácio preparado para receber, em cada uma das quatro ocasiões, cerca de 1,5 mil pessoasNanna Pôssa/Radiojornalismo

O ministro das Relações Exteriores, José Serra, fez hoje (23) à tarde uma vistoria no antigo Palácio do Itamaraty, no centro do Rio de Janeiro. O prédio será palco de quatro recepções a chefes de Estado e de governo de todo o mundo durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, recebendo um total estimado em 6 mil pessoas.

O ministro avaliou que a perspectiva com relação aos Jogos Rio 2016 é de segurança e tranquilidade. “Pelo menos eu sinto isso”, acrescentou Serra, lembrando os grandes eventos que o Rio de Janeiro e o país sediaram nos últimos anos, como a Copa do Mundo de 2014, e que transcorreram de forma tranquila.

O antigo Itamaraty  dispõe de uma ala oitocentista e outras duas construiídas no século passado. Serão duas recepções nos Jogos Olímpicos, uma na abertura, dia 5 de agosto, e outra no encerramento, no dia 21. Mais duas estão previstas para a abertura (7 de setembro) e encerramento 18 de setembro) da Paralimpíada.

A responsabilidade pelas quatro recepções cabe ao Ministério das Relações Exteriores, que tem sua representação no Rio funcionando no histórico palácio, que já foi a sede da diplomacia brasileira, antes da mudança da capital para Brasília. 

Casas reais

“É um lugar adequado e muito bonito para as recepções”, disse Serra, que considerou o palácio preparado para receber, em cada uma das quatro ocasiões, cerca de 1,5 mil pessoas. Além de 45 chefes de estado e de governo já confirmados, virão representantes de casas reais e de organismos internacionais, cada um deles trazendo acompanhantes, assessores e integrantes de suas respectivas seguranças pessoais.

Segundo Serra, entre as presenças confirmadas estão as dos presidentes da França, François Hollande, da Argentina, Mauricio Macri, e do primeiro-ministro da Itália, Matto Renzi. Dos Estados Unidos, o ministro confirmou apenas a vinda do secretário de Estado, John Kerry, com quem já tem um encontro agendado.

Além de obras emergenciais para as recepções olímpicas, o antigo palácio está passando por uma restauração, obra que, conforme José Serra, está muito lenta e ele pretende agilizar. “Foi feito um convênio com uma ONG, o BNDES disponibilizou recursos e não aconteceu nada. Essa é uma das coisas que eu pretendo ativar. Não é o dinheiro que falta. É agilidade, determinação”.

Mobilização

Após cada uma das recepções no Itamaraty, os mandatários e suas comitivas seguirão em ônibus especiais para as cerimônias no Maracanã. No fim, retornarão ao palácio para pegar seus veículos. Serra informou não estar autorizado a divulgar o número de agentes que estarão atuando no Itamaraty e no entorno do palácio.

O ministro elogiou o grau de mobilização das forças de segurança para a Olimpíada, envolvendo as polícias do Rio, a Força Nacional de Segurança, a Polícia Federal e as Forças Armadas. “É uma mobilização que considero impressionante, a maior de nossa história”, disse o ministro.

Ele também lembrou a manifestação do governo americano, que considerou boa a situação da segurança no Brasil para o megaevento. “Eles podiam não ter dito nada, mas o fato é que disseram que acham boa”, comentou.

Atentados

A rapidez com que as forças de segurança agiram na Operação Hashtag para prender o grupo suspeito de premeditar um ataque terrorista durante os jogos também mereceu elogios de Serra. “São amadores? É provável que sejam, mas têm de ser presos, porque boa parte desse pessoal é amador mesmo. A violência não exige profissionalismo. Exige nesse caso fanatismo, doença mental”, afirmou o ministro a respeito do grupo.

Para o chanceler, os últimos atentados no mundo reforçam mais a preocupação com a segurança. “A insegurança com relação ao terrorismo é mundial. Estão sendo atingidos países da Europa que não estão organizando nada, nenhum evento. O fenômeno da violência é uma espécie de doença que está acometendo o mundo de forma surpreendente e que precisa ser enfrentada.”

 

 

Agência Brasil

 

Reunião do G20 foca nos cenários pós-Brexit a médio prazo

 

Da Agência Ansa

No primeiro dia da reunião de ministros do G20, que ocorre neste sábado (23) em Chengdu, na China, a principal pauta foi a saída da Grã-Bretanha da União Europeia (Brexit).

"Falamos muito do Brexit. Foi dito que, por um lado, o choque inicial foi bem absorvido pelos mercados, melhor do que se esperava. Mas, as consequências a médio prazo ainda estão pouco claras, até porque não se sabe quando será instaurado o processo de negociação entre a Grã-Bretanha e a Uniãi Europeia", informou o ministro da Economia da Itália, Pier Carlo Padoan.

De acordo com o ministro italiano, a situação indefinida faz com que os ministros "saibam ainda menos o que pode acontecer nos cenários futuros", principalmente porque, além do Brexit, as "economias mundiais crescerão menos".

"Há um outro elemento negativo porque todas as economias crescerão menos. É possível reagir acelerando os processos de reformas, acelerando as estratégias para o crescimento nos quais há tanto reformas estruturais bem como as macroeconômicas", concluiu Padoan. 

 

Agência Brasil

 

 

Incêndio avança na Califórnia e provoca a mudança de 300 famílias

 

José Romildo - Correspondente da Agência Brasil

Incêndio na Califórnia

O incêndio, que vem sendo chamado de "fogo de areia", começou ontem (22) nas proximidades de Santa Clarita, a 65 quilômetros de Los AngelesDivulgação/Corpo de Bombeiros de Los Angeles

Uma onda de calor, combinada com clima seco, está provocando hoje (23) um incêndio em uma área de 5,5 mil quilômetros quadrados a Noroeste de Los Angeles, no estado da Califórnia. Por causa do incêndio, os moradores de 300 casas na região foram deslocados para outros pontos do estado.

O incêndio, que vem sendo chamado de "fogo de areia", começou ontem (22) nas proximidades de Santa Clarita, a 65 quilômetros de Los Angeles, e ganhou força hoje em vários pontos do estado. Cerca de 300 bombeiros estão mobilizados para apagar o fogo.

O fogo veio em meio a uma onda de calor que ocorre em várias cidades do Sul da Califórnia.  Em Santa Clarita, a temperatura  alcança 42º Celsius. "A vegetação da região está com pouca umidade e o clima está extremamente seco para esta época do ano ", informou o Serviço Nacional de Meteorologia. Segundo o órgão a expectativa é que as temperaturas caiam um pouco a partir do próximo domingo.

Na noite de ontem, o fogo na região próxima a Santa Clarita avançou em direção ao Vale San Fernando, causando transferências de famílias de suas casas,  na região de Little Tujunga Road, para outras áreas próximas. Helicópteros e aviões do Corpo de Bombeiros foram mobilizados na conter o incêndio, mas a iniciativa não teve sucesso até agora.

 

Agência Brasil

 

Movimentos no Rio lançam campanha contra violações de direitos em megaeventos

 

Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil

Movimentos sociais e organizações de direitos humanos se mobilizaram para denunciar o que chamam de "jogos da exclusão", em referência às violações de direitos humanos praticadas no Rio de Janeiro desde 2007, em nome dos megaeventos esportivos que a cidade recebeu ao longo de quase uma década. Esta semana foi lançado o Mapa da Exclusão, que mostra onde ocorreram problemas como remoções, violações ao trabalho, impactos ambientais, militarização de comunidades e homicídios decorrentes de ação policial, além dos locais onde houve intervenções urbanas e construção de equipamentos esportivos.

Integrante da Jornada de Lutas contra os Jogos da Exclusão, Mario Campagnani explica que o mapa é colaborativo e reúne dados de diferentes fontes, como o Instituto de Segurança Pública (ISP), a Justiça Global e o Comitê Popular da Copa e da Olimpíada. Segundo ele, a ideia do mapa é mostrar o efeito negativo que os megaeventos causaram à cidade.

“Quando você coloca esse resultado no mapa, fica bem claro como essa olimpíada é realmente os jogos da exclusão. Você percebe como afeta uma série de moradores das áreas mais valorizadas da cidade, ou em valorização, que são expulsos de suas casas. Você percebe como existe uma grande militarização das áreas pobres, que trata essa população negra e favelada como inimiga, é uma política que você ocupa esses territórios não pensando no benefício dos moradores desses locais, você ocupa na verdade pensando no controle urbano dessa população”, destacou Campagnani.

Letalidade

Ele lembra que a letalidade da polícia também é alta na cidade. “A polícia carioca é uma das que mais matam e mais morrem no mundo”, disse. De acordo com os dados do ISP, de janeiro a maio deste ano, foram 322 homicídios decorrentes de intervenção policial no estado. O número de policiais mortos no mesmo período chega a 12. Segundo dados do instituto, na comparação de maio deste ano com maio de 2015, houve um aumento de 135% das mortes cometidas por policiais militares na cidade do Rio.

“Isso não aconteceu só agora, aconteceu na Copa do Mundo, aconteceu na Copa das Confederações. Historicamente, antes desses megaevento, o estado mata muita gente nas favelas. A gente pode lembrar que antes dos Jogos Panamericanos de 2007 houve a chacina do Alemão”, acrescentou Campagnani.

Ele explica que o Mapa da Jornada de Lutas contra os Jogos da Exclusão também será distribuído nas ruas e nos eventos que a campanha está organizando, como manifestações, atos, debates, oficinas, rodas de conversa e intervenções artísticas, entre os dias 1º e 5 de agosto. “Vamos ter pessoas do Brasil inteiro para debater os efeitos [dos jogos] e falar sobre o direito à cidade. A gente está disputando o nosso território, é um debate político sobre os rumos da nossa cidade.”

Abertura da Olimpíada

No dia da abertura da Olimpíada, 5 de agosto, segundo Campagnani, a concentração será na Praça Saens Peña, que fica a menos de dois quilômetros do Maracanã, palco do evento oficial. “Nosso objetivo é caminhar, a gente tem uma construção política de anos de manifestações na Praça Saens Peña, desde a época que nós manifestávamos contra a privatização do Maracanã.”

A prefeitura foi procurada para comentar o legado social dos Jogos Olímpicos, mas informou que isso é responsabilidade da Empresa Olímpica Municipal (EOM), que não retornou o caontato da Agência Brasil até a publicação da reportagem.

 

Agência Brasil

 

 

Representante de Tapera é eleita Miss Rio Grande do Sul 2016

Letícia Kuhn, representante da cidade de Tapera foi eleita a mulher mais linda do Estado (Foto: Antares Martins/BE Emotion)Letícia Kuhn, representante da cidade de Tapera foi eleita a mulher mais linda do Estado (Foto: Antares Martins/BE Emotion)

24 DE JULHO DE 2016 8:33

Depois de desbancar 29 concorrentes, Letícia Kuhn, representante da cidade de Tapera, foi eleita Miss Rio de Grande do Sul BE Emotion 2016.

A beldade, de 22 anos, foi coroada na noite deste sábado (23) por Marthina Brandt, Miss Rio Grande do Sul e Miss Brasil 2015, durante o espetáculo apresentado por Cássio Reis e Mariana Rios direto do Auditório Araújo Vianna, em Porto Alegre.

Com a vitória, além de representar as mulheres de seu estado, ela ainda garantiu uma vaga no concurso Miss Brasil, que acontece dia 1º de outubro.

 

O Sul

 

 

Festival interativo de arte eletrônica atrai público na Avenida Paulista

 

Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil

São Paulo - Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, no Centro Cultural Fiesp, convida os espectadores para experimentar mistura da arte eletrônica com a arte contemporânea (Rovena Rosa/Agência Brasil)

São Paulo - Festival Internacional de Linguagem Eletrônica, no Centro Cultural Fiesp, convida os espectadores para experimentar mistura da arte eletrônica com a arte contemporânea (Rovena Rosa/Agência Brasil)Rovena Rosa/Agência Brasil

Um imenso túnel feito com fita adesiva transparente foi instalado próximo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista. A decoração é a grande atração da 17ª edição do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File). A obra, chamada Tape São Paulo, é dos artistas Sven Jonke, Christoph Katzler e Nikola Radeljkovic e tem atraído multidões de pessoas e divertido crianças, jovens, adultos e até idosos.

Para entrar na Tape São Paulo, o público enfrenta uma fila que pode durar até uma hora no interior do File. Não há contraindicação: os visitantes da Tape precisam apenas tirar os sapatos e objetos pontiagudos para escorregar pelos túneis feitos com fita adesiva resistente, capaz de suportar o peso de quatro ou cinco pessoas por sessão. 

Esta não é a única instalação que tem atraído a curiosidade dos visitantes. O festival, que este ano chega a sua 17ª edição, tem várias obras interativas. Outra que tem gerado filas grandes é a Be Boy Be Girl, dos holandeses Frederik Duerinck e Marleine van der Werf, uma instalação multissensorial na qual o visitante usa um óculos especial para ser transportado a um cenário de uma praia no Havaí e experimenta sensações que envolvem não somente a visão, mas também a audição, o tato e o olfato. Há também uma imensa parede onde são projetadas diversas imagens, obra do artista japonês Norimichi Hirakawa. As pessoas aproveitam as imagens coloridas para posarem em selfies. E além destas, há ainda muitos games, animações e videoartes.

“Estamos há 17 anos com este evento e há 14 anos aqui na Fiesp. O que tem acontecido é que cada vez está tendo um aumento do público”, disse Ricardo Barreto, um dos organizadores do File. Só na primeira semana de exibição, por exemplo, a exposição já atraiu 11 mil pessoas. 

O tema do festival deste ano é Venha Passar do Limite. “A proposta é essa brincadeira de sair da galeria. Quando fizemos essa escultura e arquitetura [a obra Tape], nós passamos do limite da galeria”, disse o organizador.

Para Barreto, a exposição é uma expressão da época atual. “Estamos em uma época de boom da revolução digital. Todo mundo agora tem seu celular, e está ligado na rede. Tudo isso fez com que as pessoas tivessem uma necessidade de estarem ligadas na cultura dessa proposta. E o File é a expressão dessa cultura.”

Impressões

A reportagem visitou a exposição na tarde de quinta-feira (21). Uma grande fila estava formada do lado de fora da entrada do festival. Do lado de dentro, diversas pessoas se divertiam e usavam seus celulares para registrar as cores e toda a interatividade do File.

A aposentada Juracema Bragaglia, 76 anos, participou Junto com o neto, ela contou que está adorando a exposição. “Estou achando fantástico esse mundo virtual. Nunca tinha vindo e, no meu tempo, a gente não se interessava muito porque não existia nada disso. Mas ele [o neto] sabe tudo e está até me ensinando. Estou emocionada de ver a evolução e a tecnologia”, disse ela. “E agora quero ir na praia”, brincou ela, sobre a obra Be Boy Be Girl.

A empresária Ana Valença, 46 anos, também aproveitou um momento de folga para levar suas duas sobrinhas para a exposição. Elas enfrentaram uma fila para entrar na exposição de  aproximadamente uma hora e meia. “Mas valeu a pena”, disse Ana. Uma das instalações de que ela mais gostou foi a Tape. “Achei o máximo. Adoramos. Em princípio fiquei com um pouco de medo porque deu a sensação de que iria arrebentar. Mas depois, quando você se entrega, é super divertido.”

Uma de suas sobrinhas, Ana Carolina Valença, 14 anos, também gostou muito do festival. “Estou achando sensacional. Nunca tinha passado por uma experiência assim. É diferente ver as coisas se mexendo na sua frente. É incrível.”

O técnico em informática Carlos Alberto Boarroli, 46 anos, esteve no File com a namorada e o filho dela. Eles só conseguiram entrar após esperar duas horas na fila. Apesar disso, ele contou ter gostado da exposição. “Estou achando legal, interessante”, falou à reportagem.

O festival, que começou na terça-feira (12), termina no dia 28 de agosto, com entrada gratuita.

 

Agência Brasil

 

 

Coral insere população de rua na agenda cultural dos Jogos Rio 2016

 

Paulo Virgílio - Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro - Apresentação do coral Uma Só Voz, no Museu do Amanhã (Paulo Virgilio/Agência Brasil)

Rio de Janeiro -  A apresentação foi a primeira no Rio do projeto Uma Só Voz, nascido durante os Jogos de Londres, em 2012, e pioneiro na inclusão da população de rua na agenda artística oficial das Olimpíadas Paulo Virgilio/Agência Brasil

Os visitantes do Museu do Amanhã neste sábado (23) foram surpreendidos com a performance, durante meia hora, de cerca de 100 moradores de rua no foyer do espaço cultural, localizado na Praça Mauá, na revitalizada região portuária da cidade. A apresentação foi a primeira no Rio do projeto Uma Só Voz (WithOneVoice), nascido durante os Jogos de Londres, em 2012, e pioneiro na inclusão da população de rua na agenda artística oficial das Olimpíadas.

Concebido pela ONG inglesa Streetwise Opera, o Uma Só Voz realiza apresentações do tipo “pop-up”, que surgem de repente em meio às pessoas reunidas em determinado local. O diferencial é que os corais são compostos por pessoas que estão ou já estiveram em situação de rua, e que encontram no projeto uma oportunidade de revelar seu talento musical e de sair da exclusão e da invisibilidade em que vivem.

O repertório da performance foi variado, incluindo músicas brasileiras e estrangeiras, cantadas em inglês pelo grupo, que  começou a ensaiar há pouco mais de dois meses. Para as apresentações no Museu do Amanhã e no teatro da Biblioteca Parque Estadual, onde o coral volta a cantar na tarde deste sábado, alguns integrantes aprenderam técnicas circenses de perna de pau. 

Regente do coral, Ricardo Branco Vasconcellos está no projeto desde 2013, mas já trabalhava com população de rua desde o ano anterior. Após a Olimpíada de Londres, os organizadores do projeto foram até a instituição onde Ricardo desenvolvia um trabalho de formação de corais.

“A intenção não é a de parar no final das Olimpíadas. A proposta é desenvolver a arte como ferramenta de transformação da população em situação de rua. Esta apresentação é um ponto de partida”, disse o regente, que atraiu os integrantes para o Uma Só Voz não apenas em instituições de assistência social, mas também percorrendo à noite locais do Rio onde os moradores de rua se concentram, como a Central do Brasil e o Largo da Carioca.

'Essas pessoas sempre foram excluídas e no processo de seleção, não quisemos excluir ninguém. Até quem é surdo participa, cantando com o olhar, com o sorriso. A condição é de que participem com amor, estejam em situação de rua ou em alguma instituição se recuperando da experiência de rua que tiveram”, contou Ricardo, ao explicar o critério de escolha  para o coral.

Com um típico chapéu de couro nordestino, o paraibano José Martins da Silva, de 65 anos, há mais de dez vivendo no Rio, admitiu que o cantor, compositor e sanfoneiro Luiz Gonzaga, de quem é fã e chama de amigo, foi sua inspiração para aderir ao Uma só Voz. “Eu me espelhei nele. Luiz Gonzaga foi sempre um defensor do Nordeste”, disse, antes de entoar trechos de uma música de Gonzagão.

Martins disse que foi parar na rua por falta de condições de pagar o aluguel de um quarto no Centro. “Não me arrependo de ter morado na rua, não', contou. Acolhido pelas missionárias da congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá, voltou a morar em um quarto e depois de ter vencido um câncer trabalha como voluntário na instituição de caridade.

“O projeto é uma maravilha. Está ajudando as pessoas na parte de defensoria e na parte de acolher os viciados, que precisam de um apoio”, disse, entusiasmado com o Uma Só Voz. Também participante do coral, Norma Sueli dos Santos Coelho, de 57 anos, foi parar na rua por causa das drogas e hoje, reabilitada, diz que o canto mudou sua vida e a trouxe de volta ao convívio com família.

“Eles não me aceitavam porque eu vacilei muito, tive no mundo das drogas. Agora estou de novo ao lado da minha filha”, contou. Emocionada, Norma disse que estava feliz com a experiência de cantar para o público: “Eu estou sentindo que eu sou alguém, que as pessoas estão olhando pra mim. Porque as pessoas não me olhavam”.

A segunda performance de hoje, a partir das 16h na Biblioteca Parque Estadual, no centro do Rio, marca a entrega simbólica do projeto para o Japão, país cuja capital, Tóquio, sediará a próxima Olimpíada. A passagem do bastão assinala, segundo Ricardo Vasconcellos,  “o lançamento de uma rede mundial de desenvolvimento da arte para a população de rua”.

O Uma Só Voz conta também com a colaboração de 18 artistas, de integrantes de ONGs e de ex-moradores de rua do Japão, Austrália, Reino Unido, Portugal e Estados Unidos. Entre os parceiros do projeto estão o British Council, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Prefeitura do Rio e o Movimento Nacional de População de Rua.

 

Agência Brasil

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