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Manobra fiscal retira do país R$ 240 bi ao ano

Ex-secretário da RF diz que ilícitos tributários prejudicam contas públicas


Luiz Sérgio Dibe

A evasão fiscal (uso de meios ilícitos para evitar o pagamento de impostos) tira anualmente cerca de R$ 240 bilhões dos cofres públicos no Brasil. O valor é superior aos R$ 210 bilhões definidos pelo país para investimentos nos orçamentos das áreas da Saúde e da Educação em 2015. Na prática, os tributos não pagos por meio de manobras e ilicitudes contra o sistema tributário representam menos saúde, educação, segurança e demais serviços prestados pelo Estado.
O problema social decorrente da evasão fiscal foi tema do debate “Arquitetura financeira e econômica internacional e seus mecanismos de evasão”, concluído ontem, em Porto Alegre.
A evasão se dá predominantemente nas transações internacionais entre empresas de um mesmo controle administrativo, como matriz e filiais localizadas em países distintos. Elas manipulam para reduzir tributo no país produtor, como é o caso do Brasil. A partir daí ampliam a margem de lucro em paraísos fiscais. Isso aumenta gravemente as desigualdades sociais no Brasil e no mundo”, explicou o diretor do Instituto de Justiça Fiscal, Dão Real dos Santos, ex-superintendente da Receita Federal no RS.
O encontro, ocorrido desde quarta-feira, também serviu para lançar a campanha “que as transnacionais paguem o justo”, que denuncia – numa iniciativa de organizações civis de todo o mundo – qual o impacto social do controle econômico da comunhão de grandes corporações transnacionais e o setor financeiro privado de cada país.
Palestrante do Instituto de Estudos Socioeconômicos de Brasília, Grazielle David acrescentou que os fluxos ilícitos e o consequente aperto nas contas públicas implicam em violação de direitos humanos, precarização do trabalho, destruição do meio ambiente e necessidade de ajustes fiscais que ampliam a taxação sobre consumo e serviços.


Fonte: Correio do Povo, página 3 de 24 de julho de 2015.

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