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domingo, 25 de setembro de 2022

Uma ameaça chamada Putin

 O uso de armas nucleares pode ser resposta à contraofensiva da Ucrânia

Jurandir Soares



O presidente russo, Vladimir Putin, na medida em que vê mais distantes os seus objetivos na Ucrânia, se torna uma ameaça cada vez maior. E uma ameaça não só para a população ucraniana, mas para a própria civilização de parte da Ásia e parte da Europa. Sua ameaça de usar armas nucleares, embora de difícil realização, não pode ser desprezada. Afinal, Putin, a par de ser um bom estrategista, não é uma pessoa confiável. Basta lembrar o ocorrido lá no início do ano, quando ele assegurava que estava apenas realizando manobras militares rotineiras no entorno da Ucrânia e, no entanto, acabou atacando o país.

Quando deflagrou a guerra, em 24 de fevereiro, Putin imaginava que no prazo de uma semana a dez dias tomaria a Ucrânia e destituiria Volodymyr Zelensky do poder. Neste sábado, completam-se sete meses de guerra, e o que se está vendo é uma contraofensiva da Ucrânia, retomando áreas importantes que estavam em posse das forças russas, como Kharkiv, no Nordeste, a segunda maior cidade do país, e Kherson, no Sul. Uma retomada que se deve ao crescente fornecimento de armas à Ucrânia por parte do Ocidente. Porém, uma ação decisiva para alcançar os objetivos é desenvolvida pelo sistema de satélites de Inteligência dos Estados Unidos, que fornecem as informações exatas para as forças ucranianas onde atacar.

Um levantamento do Instituto de Estudos sobre Guerra, ISW na sigla em inglês, revela que a Rússia está tendo perdas extraordinárias na guerra. Segundo o estudo, Putin sacrificou nessa invasão suas unidades melhor treinadas e melhor armadas do Exército russo. Unidades que tiveram que bater em retirada, deixando para trás armamentos valiosos como o T90M, o blindado mais avançado de seu Exército. Outro dado revelado pelo estudo é que já morreram na guerra cerca de 350 oficiais russos. Agora, Putin apela para a convocação de 300 mil reservistas, fato que está gerando uma debandada na Rússia. Pessoas sujeitas à convocação estão fugindo em massa. Os voos para países próximos, como Cazaquistão, Azerbaijão, Geórgia e outros, estão com reservas esgotadas por uma semana. Fugas em automóvel se dão pelas fronteiras da Geórgia e da Finlândia, especialmente. Dentro do país crescem os protestos contra a guerra, assim como cresce a repressão, prendendo quem se manifesta. Afinal, ninguém pode falar em guerra, porque na visão de Putin o que está em desenvolvimento é uma “operação militar especial”.

E outra operação muito especial Putin preparou para as províncias de Lugansk e Donetsk, que, dias antes de deflagrar a guerra, ele declarou repúblicas independentes. Trata-se de plebiscitos, programados para estes dias, 23 a 27 de setembro. Consulta para a população se manifestar se quer ou não se tornar parte da Rússia. Uma consulta sem credibilidade, pois, sem a presença de qualquer representante da Ucrânia ou de alguma organização internacional. E é justamente a partir do que resultar disto que se teme sobre a ameaça atômica de Putin. Ele deixou claro que se aquelas províncias se tornarem território russo, um ataque às mesmas significará um ataque à Rússia. E que, neste caso, Moscou usaria qualquer tipo de arma para se defender. Ou seja, inclui-se aí a arma nuclear, o que poderia ter consequências imprevisíveis. Daí o perigo que representa a figura de Vladimir Putin.

Correio do Povo

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