Shinzō Abe 安倍 晋三 | |
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Primeiro-Ministro do Japão | |
Período | 26 de dezembro de 2012 a 16 de setembro de 2020 |
Monarca | Akihito (1989–2019) Naruhito (2019–2020) |
Antecessor(a) | Yoshihiko Noda |
Sucessor(a) | Yoshihide Suga |
Período | 26 de setembro de 2006 a 26 de setembro de 2007 |
Monarca | Akihito |
Antecessor(a) | Junichiro Koizumi |
Sucessor(a) | Yasuo Fukuda |
Secretário-geral do Gabinete | |
Período | 31 de outubro de 2005 a 26 de outubro de 2006 |
Primeiro-ministro | Junichiro Koizumi |
Antecessor(a) | Hiroyuki Hosoda |
Sucessor(a) | Yasuhisa Shiozaki |
Membro da Câmara dos Representantes pelo 4º Distrito de Yamaguchi | |
Período | 19 de julho de 1993 a 8 de julho de 2022 |
Dados pessoais | |
Nascimento | 21 de setembro de 1954 Tóquio, Japão |
Morte | 8 de julho de 2022 (67 anos) Nara, Japão |
Progenitores | Mãe: Yoko Kishi Pai: Shintaro Abe |
Alma mater | Universidade Seikei Universidade do Sul da Califórnia |
Esposa | Akie Matsuzaki (1987–2022) |
Partido | Liberal Democrata |
Religião | Xintoísmo |
Shinzō Abe (安倍 晋三 Abe Shinzō?, Tóquio, 21 de setembro de 1954 – Nara, 8 de julho de 2022) foi um político japonês que serviu quatro mandatos como primeiro-ministro de seu país. Membro do grupo nacionalista Nippon Kaigi [en], Abe foi considerado um político conservador, um populista e nacionalista.[1][2][3][4] Suas políticas, principalmente na área econômica, ficaram conhecidas como Abenomics (em japonês: アベノミクス Abenomikusu), apostando no livre mercado, nos pilares de flexibilização quantitativa, políticas de estímulo a produção e equilíbrio fiscal, além de ajuste estrutural, enquanto buscou manter e expandir o estado de bem-estar social japonês.[5]
Em 28 de agosto de 2020, Abe anunciou sua renúncia como primeiro-ministro, citando um ressurgimento de sua colite ulcerosa.[6][7] No dia 8 de julho de 2022 Abe sofreu um atentado durante um comício em Nara, capital da província homônima, com uma espingarda de fabricação caseira.[8] O político foi atingido e declarado morto poucas horas depois.[9][10][11][12][13]
Educação e carreira
Shinzō Abe estudou Ciência Política na Universidade Seikei graduando-se em 1977. Ingressou na carreira política em 1982, seguindo os passos de seu pai Shintaro Abe e avô Kan Abe. Abe foi eleito pela província de Yamaguchi em 1993.[carece de fontes]
Porta-voz e ministro-chefe do gabinete de Junichiro Koizumi, Abe derrotou Sadakazu Tanigaki e Taro Aso na disputa pela presidência do Partido Liberal Democrata, em 20 de setembro de 2006, o que lhe garantiu a indicação para o cargo de primeiro-ministro ao fim do mandato de Koizumi.[14] Seis dias depois, Abe foi eleito premiê do Japão,[15] com 339 dos 446 votos na Câmara Baixa e 136 dos 240 na Câmara Alta, além de contar com um apoio popular de quase 70%, mas era considerado por analistas como um político inexperiente.[16][17] Aos 52 anos, ele seria o mais jovem ocupante do cargo desde a Segunda Guerra Mundial.[18]
Político de perfil conservador, Shinzō Abe tinha como principal objetivo conduzir uma reforma constitucional. Outro desafio do novo premiê no cargo era restabelecer relações com a República Popular da China e a Coreia do Sul, prejudicadas pelas visitas do antecessor Koizumi ao Santuário Yasukuni, em Tóquio, que homenageia mortos da Segunda Guerra Mundial.[19]
Primeiro-ministro do Japão
Primeiro mandato (2006–2007)
Em outubro de 2006, Shinzō Abe visitou a China, sua primeira viagem ao exterior como primeiro-ministro e que foi considerada histórica para as relações entre os dois países, e a Coreia do Sul.[20]
Mas seu mandato foi marcado por uma série de escândalos de corrupção política e gafes de seus subordinados. Ainda em dezembro daquele ano, Genichiro Sata, vice-ministro de Reforma Administrativa, renunciou devido a envolvimento em um caso de fraude.[21]
Em janeiro de 2007, Abe teve de ouvir do seu ministro da Defesa, Fumio Kyuma, que o presidente dos Estados Unidos George W. Bush - principal aliado internacional de premiê japonês - tinha se equivocado na Guerra do Iraque.[22] No mesmo mês, o primeiro-ministro teve de repreender o seu ministro da Saúde, Hakuo Yanagisawa, que havia declarado que as mulheres são "máquinas de ter filhos".[23]
Ao completar seis meses no cargo, a popularidade de Abe caiu para 35%.[24]
Após a polêmica defesa ao exército japonês, acusado de recrutar mulheres estrangeiras como escravas sexuais durante a Segunda Guerra Mundial ("mulheres de conforto"),[25] Abe teve de voltar atrás e pedir desculpas.[26] O pedido veio em tempo da visita ao Japão de Wen Jiabao, primeiro-ministro da China, em abril, que foi considerado um gesto de reaproximação entre os dois países.[27] No mesmo mês, Abe admitiu durante uma entrevista à revista "Newsweek" a responsabilidade do Japão no caso das escravas sexuais.
No fim de abril e início de maio, pela primeira vez como chefe de governo japonês, Abe visitou os Estados Unidos[28] e as tropas japonesas no Kuait.
Também em maio, Abe envolveu-se em uma nova controvérsia com a República Popular da China e a Coreia do Sul, ao despachar uma oferenda floral ao Templo de Yasukuni.[29] E no campo doméstico, Toshikatsu Matsuoka, ministro da Agricultura demissionário e acusado de envolvimento com a cobrança de comissões de empresas construtoras, cometeu suicídio.[30]
Outro ministro de Estado a renunciar ao cargo foi o ministro da Defesa Fumio Kyuma, devido a polêmica causada por suas declarações, nas quais considerou "inevitáveis" as bombas atômicas lançadas pelos norte-americanos em Hiroshima e Nagasaki no fim da Segunda Guerra Mundial.[31]
Esses casos culminaram com a derrota do PLD nas eleições para o Senado japonês, perdendo para a oposição a maioria na casa.[32] Políticos oposicionistas e alguns correligionários pediram a renúncia de Abe,[33] mas o primeiro-ministro recusou-se a entregar o cargo.[34] No final desse mês, a Câmara dos Representantes norte-americana aprovou uma resolução recomendando que o Japão pedisse oficialmente desculpas reconhecendo a prática de escravidão sexual durante a Segunda Guerra Mundial, o que causou irritação em Abe.[35]
Em agosto, o premiê japonês exonerou o ministro de Agricultura Norihiko Akagi, por envolvimento em escândalo de corrupção.[36] Em resposta à queda de popularidade do seu governo e à derrota eleitoral sofrida por seu partido no mês anterior, Abe fez uma reformulação no gabinete ministerial.[37]
Em setembro, uma semana após a reforma ministerial, o ministro da Agricultura Tokohiko Endo renunciou ao seu cargo, acusado de corrupção.[38] Enfraquecido, Abe anunciou que renunciaria caso não conseguisse prorrogar a Lei Especial de Medidas Antiterroristas, que expiraria em 1º de novembro de 2007, que entre outras coisas é responsável pela missão japonesa no Afeganistão.[39] Em 12 de setembro de 2007, Abe anunciou sua renuncia ao cargo, por não contar com apoio da população e não conseguir estender a Lei Antiterrorista.[40]
Segundo mandato (2012–2014)
Após as eleições parlamentares em 16 de dezembro de 2012, o Partido Liberal Democrata conseguiu eleger a maioria da Câmara Baixa da Dieta, com o apoio de 328 dos 480 membros da Câmara dos Representantes. Assim, em 26 de dezembro, Abe foi reconduzido ao posto de primeiro-ministro.[41][42] Após sua vitória, Abe disse: "Com a força de todo o meu gabinete, implementarei uma política monetária ousada, uma política fiscal flexível e uma estratégia de crescimento que incentive o investimento privado e, com esses três pilares da política, alcançarei resultados".[43]
No seu segundo mandato, buscou equilíbrio fiscal e pacotes de estimulo a economia. No âmbito externo, manteve uma linha dura com a Coreia do Norte e a China, embora buscasse melhores relações com seus vizinhos. Em um ponto mais polêmico, buscou revogar o Artigo 9 da constituição pacifista do Japão para expandir as forças armadas e aumentar seu papel dentro do país, permitindo ao governo japonês mobilizar tropas, até para o exterior, em missões não pacifistas.[44]
Terceiro mandato (2014–2017)
Em 24 de dezembro de 2014, Abe foi reeleito para o cargo de primeiro-ministro pela Câmara dos Representantes. A única mudança que ele fez ao apresentar seu terceiro gabinete foi substituir o ministro da Defesa Akinori Eto, que também estava envolvido em uma controvérsia de financiamento político, por Gen Nakatani.[45] Em seu discurso político de fevereiro, enquanto o Gabinete resistia a um escândalo na escola Moritomo Gakuen, Abe pediu que a nova Dieta promulgasse "as reformas mais drásticas desde o fim da Segunda Guerra Mundial" nas áreas da economia, agricultura, saúde e outros setores.[46][47]
Na eleição de 2016 para a Câmara dos Vereadores, a primeira que permitiu que cidadãos japoneses com 18 anos ou mais votassem, Abe liderou o pacto LDP-Komeito à vitória, com a coalizão possuindo a maioria na Câmara dos Vereadores, uma vez que foi ganhou em 242 lugares. Os resultados da eleição abriram o debate sobre a reforma constitucional, particularmente na emenda do Artigo 9 da constituição pacifista do Japão, com os partidos pró-revisionistas ganhando a maioria de dois terços necessária para a reforma, ao lado de uma maioria de dois terços na Câmara dos Representantes, o que em última análise, levou a um referendo nacional.[48] Abe permaneceu relativamente quieto sobre o assunto pelo resto do ano, mas em maio de 2017, anunciou que a reforma constitucional entraria em vigor em 2020.[49]
Quarto mandato (2017–2020)
As eleições gerais de 2017 foram realizadas em 22 de outubro. O primeiro-ministro Abe convocou uma eleição antecipada em 25 de setembro, enquanto a crise da Coreia do Norte era proeminente nos meios de comunicação social.[50] Os oponentes políticos de Abe disseram que a eleição antecipada foi projetada para evitar questionamentos no parlamento sobre supostos escândalos.[51] Esperava-se que Abe retivesse a maioria dos assentos na Dieta. A coalizão de governo de Abe obteve quase a maioria dos votos e dois terços das cadeiras. A campanha e a votação de última hora ocorreram quando o Tufão Lan, o maior tufão de 2017, estava causando estragos no Japão.[52]
Renúncia
A colite ulcerosa de Abe piorou em junho de 2020 e resultou na deterioração de sua saúde durante o verão. Após várias visitas ao hospital, Abe anunciou em 28 de agosto de 2020 que pretendia renunciar ao cargo de primeiro-ministro, citando sua incapacidade de desempenhar as funções do cargo enquanto buscava tratamento para sua condição.[53] Ele permaneceu no cargo até que um sucessor fosse escolhido pelo Partido Liberal Democrata. Durante a coletiva de imprensa anunciando sua renúncia, Abe se recusou a endossar qualquer sucessor específico.[54][55] Abe lamentou não ser capaz de cumprir totalmente seus objetivos políticos devido à sua demissão antecipada.[56]
Abe deixou o cargo oficialmente em 16 de setembro, sendo sucedido por Yoshihide Suga.[57]
Assassinato
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Em 8 de julho de 2022, às 11h30, horário padrão do Japão, Shinzo Abe foi baleado duas vezes enquanto fazia um discurso de campanha em Nara.[58][59][60] O assassino usou uma arma de fogo artesanal [61] que disparou dois tiros, o primeiro atingindo Abe no pescoço e o segundo atingindo-o fatalmente no coração.[62] Um homem de 41 anos chamado Tetsuya Yamagami (ex-oficial da Força Marítima de Autodefesa do Japão), foi preso após o tiroteio.[63] Abe foi levado às pressas para o Hospital Universitário Médico de Nara em Kashihara, onde mais tarde foi declarado morto às 17h03, horário local.[64] Antes de sua chegada ao hospital, Abe já não apresentava sinais vitais. Apesar de uma transfusão de 100 unidades de sangue, a hemorragia foi muito grande e as tentativas de ressuscitá-lo falharam.[65][66] Ele tinha 67 anos. Em resposta ao tiroteio e sua subsequente morte, vários líderes mundiais atuais e antigos expressaram suas simpatias e apoio a Abe.[67][68]
Ver também
Referências
- De Guzman, Chad (8 de julho de 2022). «How the World Is Reacting to Shinzo Abe's Death». Time (em inglês). Consultado em 8 de julho de 2022
Ligações externas
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Wikipédia
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