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domingo, 17 de julho de 2022

O que mudou em Cuba após os protestos de julho de 2021?

 Milhares de pessoas saíram às ruas do país para lutar por mais medicamentos, melhor gestão da pandemia e reforma política



A maior onda de protestos da história de Cuba desde a revolução da década de 1950 completou um ano nesta semana. Milhares de pessoas foram às ruas da ilha em 2021, em especial na capital Havana, para reivindicar uma série de direitos, como acesso a medicamentos e alimentos.

Entre outras pautas, os cubanos pediam uma melhor administração da pandemia no país, além de reivindicar uma reforma governamental que possa driblar as sanções impostas por uma série de nações, encabeçadas pelos Estados Unidos.

A professora de relações internacionais da Espm Denilde Oliveira Holzhacker conta em entrevista ao R7 que as manifestações foram uma consequência da “frustração da população” com o atual governo de Cuba. Entretanto, pouco foi alcançado com os protestos nas ruas da ilha.

“O governo cubano respondeu do ponto de vista mais imediato as questões relacionadas ao acesso a medicamentos e atendimentos de Covid, mas os pontos mais estruturais, que são a reforma política e também a questão econômica, têm poucos sinais de mudança”, diz Holzhacker.

A forma repressora que o governo tentou coibir as manifestações pioraram os negócios do país com nações estrangeiras, aumentando as sanções devido à ação das forças cubanas.

“Os Estados Unidos também ampliaram as sanções [...] como resultado dos protestos e da forma como o governo lidou com elas — as prisões arbitrárias e a violência policial nas ações contra os manifestantes.”

Segundo a ONG de direitos humanos Cubalex, os protestos terminaram com um morto, dezenas de feridos e mais de 1.300 detidos. De acordo com a Procuradoria-Geral da República de Cuba, 790 pessoas foram processadas e 488 receberam as sentenças finais, boa parte pelo crime de perturbação contra a ordem pública, com pena de até 25 anos de prisão.

“O governo alega que as prisões são legítimas e que os manifestantes foram acusados de vandalismo, de ir contra a ordem pública, de terem ações que levaram à desordem no país”, explica Holzhacker.

Algumas ONGs alegam que as prisões foram feitas de maneira arbitrária, contestando a legitimidade das mesmas. Além disso, estas organizações alertam para pessoas desaparecidas, segundo a professora da Espm.

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As manifestações deterioraram ainda mais as relações entre Cuba e Estados Unidos. Para o governo de Havana, os norte-americanos influenciaram o povo da ilha a ir para as ruas de 30 cidades do país para protestar por direitos básicos.

Os progressos bilaterais, até então conquistados na época de Barack Obama, foram perdidos durante o governo Donald Trump e novamente postos em cheque durante as manifestações, já na administração de Joe Biden.

Em 2018, os Estados Unidos tentaram implementar uma rede de internet fora do alcance do governo cubano para promover “o fluxo livre e não regulamentado de informação” no país, segundo o Departamento de Estado norte-americano. A proposta foi rejeitada por Cuba.

Três anos depois, uma das reivindicações dos manifestantes eram a melhoria de acesso à internet, que foi utilizada para a organização dos protestos, embora o governo vigie as publicações. Nas redes sociais também eram feitas transmissões ao vivo que mostravam em tempo real tanto a ação do povo nas ruas quanto a repressão das forças cubanas.

No Brasil há cinco anos, o cubano Adrian Masson, de 36 anos, contou ao R7 em 2021 que fazia contato com a família apenas por e-mail e por WhatsApp. Como o acesso à rede é caro e instável na ilha, o dentista sequer tenta fazer chamadas de vídeo com os parentes que estão em Cuba.

“O governo tem um mecanismo de controle tão forte que mesmo depois de sair de Cuba você não está livre. A gente tem medo de postar ou comentar alguma coisa e depois ser barrado de entrar no país novamente”, conta Adrian.

“Há uma grande preocupação internacional sobre o que acontece e como tem sido a reação cada vez mais repressora do governo frente a essas demandas e mobilizações da sociedade”, conclui Holzhacker.

R7 e Correio do Povo


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