Região Autónoma do Curdistão Curdistão | |
Hino nacional: Ey Reqîb | |
Gentílico: curdo ou curdistanês | |
Localização do Curdistão iraquiano | |
Capital | Erbil |
Cidade mais populosa | Erbil (Pop. 2011: 1 500 000) |
Língua oficial | Curdo |
Governo | Região Autónoma |
• Presidente do Governo Regional | Nechirvan Idris Barzani[1] |
• Primeiro Ministro | Masrour Barzani[2] |
• Presidente da Assembleia Legislativa | Qubad Talabani |
História | |
• Acordo de criação | 11 de março de 1970 (52 anos) |
• Autonomia de facto | outubro de 1991 |
• Estabelecimento | 4 de julho de 1992 (30 anos) |
População | |
• Censo 2014 | 5,122,747 hab. |
Moeda | Dinar iraquiano (IQD )
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Fuso horário | AST (UTC+3) |
• Verão (DST) | ADT (UTC+4) |
Cód. ISO | KRD |
Cód. Internet | .krd |
Cód. telef. | +964
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Website governamental | cabinet.gov.krd |
O Curdistão iraquiano, conhecido localmente como Região do Curdistão (em curdo: Herêmî Kurdistanî; em árabe: إقليم كردستان, transl. Iqlīm Kurdistān) ou Curdistão do Sul (curdo: باشووری کوردستان, Başûrî Kurdistan) é uma região federal autônoma[3] do Iraque. Faz fronteira com o Irã a leste, a Turquia a norte, a Síria a oeste e com o resto do Iraque ao sul. Sua capital é a cidade de Arbil (em curdo: Hewlêr).
A região é administrada oficialmente pelo Governo Regional do Curdistão e sua população é estipulada em cerca de 6 milhões de pessoas.[4] Atualmente, em torno de 1 milhão de refugiados, em sua maioria iraquianos e sírios, também vivem na região,[5][6] considerada a mais segura do Iraque.
A fundação da Região do Curdistão data do acordo de paz feito em 1970 entre a oposição curda e o governo iraquiano, após anos de combates intensos. Mesmo após o acordo, no entanto, os conflitos entre o Curdistão e o Iraque até 1991 tiraram boa parte da autonomia dos curdos sobre o seu território. Após a invasão americana em 2003, o Curdistão obteve estabilidade política e grande crescimento econômico, ficando conhecido como "o outro Iraque".[7]
História
O Curdistão iraquiano é parte de uma antiga região conhecida como Alta Mesopotâmia, possuindo sítios arqueológicos que datam do Neolítico. Na Antiguidade, o território fez parte da Assíria por um longo período de tempo, sendo posteriormente, conquistado pelos Medos.
Após isto, a região foi governada pelos Aquêmenidas, Helênicos, Romanos e Partas, estando sempre ligada ao Reino de Adiabena. Em 428, os persas incorporaram-na ao Império Sassânida. Até que em 651, a região é invadida pelos árabes ortodoxos,[8] durante a conquista muçulmana da Pérsia.
Na segunda metade do século XVI, com a fragmentação do Ilcanato, a região divide-se em alguns principados, sendo os principais Soran e Baban, que passaram posteriormente ao controle do Império Otomano.[9]
Mandato Britânico (1918–1932)
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, o vilaiete otomano de Moçul, correspondente ao sul do Curdistão, caiu sob domínio britânico, responsável pela Campanha da Mesopotâmia.
Durante a dissolução e a partilha do Império Otomano, os curdos no Iraque tentaram estabelecer, por mais de uma vez, um Estado independente. Em 1919, o xeique da ordem sufista Qadiriyyah, considerado a personalidade mais influente no sul do Curdistão,[10] se uniu com líderes tribais contra os britânicos e declarou um Curdistão independente em maio do mesmo ano. Entre suas tropas e apoiadores, estava o jovem Mustafa Barzani, futuro líder nacionalista curdo. Os britânicos responderam militarmente e Mamude foi derrotado em junho de 1919, sendo exilado na Índia.
Após o Tratado de Sevres, em que se estabeleceram alguns territórios para o Iraque, o sanjaco de Suleimânia ainda permanecia sob o controle direto do alto comissário britânico, responsável pelo Mandato Britânico da Mesopotâmia. Com a penetração do destacamento turco "Özdemir" na área, foi realizada uma tentativa pelos britânicos para combatê-lo, nomeando xeique Mamude, que retornara de seu exílio, governador em setembro de 1922. No entanto, o xeique se revoltou de novo, e em novembro declarou-se rei do nomeado Reino do Curdistão.
Barzanji foi derrotado pelos britânicos em julho de 1924, e em janeiro de 1926, a Liga das Nações encerrou a Questão de Mossul, dando o mandato sobre o território para o Iraque, com a disponibilização pelos direitos especiais para os curdos. Entre 1930-1931, o xeique Mamude Barzanji fez sua última tentativa de tomar o poder, sendo mal sucedido. Posteriormente, ele assinou um acordo de paz com o novo governo iraquiano, retornando ao independente Reino do Iraque em 1932.
Revolta de Barzani (1960–1979)
Liderados por Mustafa Barzani, os curdos estiveram em luta contra os sucessivos regimes iraquianos a partir de 1960, em busca de sua autonomia. Um plano de paz foi anunciado em março de 1970, e previu uma autonomia curda mais ampla. O plano também deu aos curdos representação em órgãos de governo, a ser implementado em quatro anos.[11] Apesar disso, o governo iraquiano iniciou um programa de arabização nas regiões ricas em petróleo de Quircuque e Khanaqin no mesmo período.[12]
O acordo de paz de 1970 não durou muito, e em 1974, o governo iraquiano iniciou uma nova ofensiva contra os rebeldes curdos, empurrando-os perto da fronteira com o Irã. O Iraque informa a Teerã que estava disposto a satisfazer exigências iranianas em troca de um fim a seu auxílio para os curdos. Além disso, em março de 1975, Iraque e Irã assinaram o Acordo de Argel. Segundo o Irã, o acordo cortava suprimentos para os curdos iraquianos. Seguindo esta evolução, Barzani fugiu para o Irã com muitos dos seus apoiantes. Outros renderam-se em massa e a rebelião terminou dentro de um curto período de tempo. As vítimas da guerra são estimadas em cerca de 5.000 soldados e civis.
Como consequência, o governo iraquiano estendeu seu controle sobre a região norte e, a fim de garantir a sua influência, iniciou um programa de arabização transferindo árabes para as imediações de campos de petróleo no Curdistão, em particular aquelas em torno de Quircuque.[13] As medidas repressivas realizadas pelo governo contra os curdos após o acordo de Argel levaram a novos confrontos entre o exército do Iraque e os guerrilheiros curdos em 1977. Entre 1978 e 1979, 600 aldeias curdas foram queimadas e cerca de 200.000 curdos foram deportados para as outras partes do país.[14]
Guerra Irã-Iraque e Anfal (1980–1989)
No início de 1980, com a erupção da Guerra Irã-Iraque, outra rebelião curda no norte do Iraque eclodiu, iniciada em grande parte com apoio iraniano.
O estágio mais violento do conflito foi a Campanha al-Anfal do exército iraquiano contra os curdos, que decorreu entre 1986-1989 e incluiu o ataque com gás venenoso em Halabja. Um número estimado de 182.000 curdos perderam a vida durante as séries de ataques[15] e centenas de milhares tornaram-se refugiados, fugindo principalmente para o vizinho Irã. Os ataques levaram também à destruição cerca de 4.000 aldeias curdas.
A rebelião terminou em 1988 com um acordo de anistia entre as duas partes beligerantes: o governo iraquiano e os rebeldes curdos. O Iraque foi amplamente condenado pela comunidade internacional, mas nunca foi seriamente punido pelos meios violentos que utilizou, como o assassinato em massa de centenas de milhares de civis, a destruição generalizada de milhares de aldeias e a deportação de milhares de curdos para o sul e o centro do Iraque.
Autonomia de facto (1991–2010)
A área entrou em turbulência mais uma vez após a Guerra do Golfo. Durante as revoltas no Iraque de 1991 (em curdo: Raperîn), lideradas pela União Patriótica do Curdistão (UPC) e pelo Partido Democrático do Curdistão (PDC), tropas iraquianas recapturaram as regiões curdas e centenas de milhares de curdos fugiram para zonas fronteiriças no Irã e na Turquia.
Para proteger os curdos e as operações humanitárias, zonas de exclusão aérea no Iraque foram estabelecidas pelo Conselho de Segurança da ONU ainda em 1991, permitindo o retorno dos refugiados. Desta forma, o Curdistão obteve uma autonomia de facto[16] e a região ficou sendo controlada pelos dois partidos locais.
Em 1994, os dois partidos curdos entraram em confronto, ocasionando uma Guerra Civil no Curdistão Iraquiano, que durou até 1997 e terminou apenas com o apoio da Turquia e dos Estados Unidos.
Em 2003, os curdos apoiaram incondicionalmente a invasão do Iraque pelos americanos, cedendo seu território como base de operações. Com as mudanças após a queda de Saddam Hussein, a nova constituição iraquiana de 2005 determinou o Curdistão iraquiano como uma entidade federal, reconhecida pelo Iraque e pelas Nações Unidas. No início de 2006, as duas regiões curdas rivais foram unidas em uma região unificada, e um presidente regional, Massoud Barzani, foi eleito pelo parlamento.
A partir daí, houve grande estabilidade política, segurança e crescimento econômico para os curdos. No começo de 2011, pela primeira vez na história um líder da Turquia esteve na região, o então Primeiro-ministro Recep Erdogan, inaugurando o Aeroporto Internacional de Erbil e o consulado turco na capital.[17]
Guerra Civil Iraquiana (2011–2017)
Em junho de 2014, grupos fundamentalistas iniciaram uma grande ofensiva no Iraque, e o norte passou a sofrer com as ações do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que invadiu cidades com populações curdas, rumando para a capital Erbil, quando finalmente foi repelido pelas forças Peshmerga. A partir de então, o exército curdo iniciou uma bem-sucedida operação para libertar as áreas ocupadas pelo EIIL no norte do Iraque,[18] como partes das províncias de Quircuque e Ninawa, que foram incorporadas à administração do Governo Regional do Curdistão.
Aproveitando-se da fragilidade do governo central, em fevereiro de 2016, Massoud Barzani anunciou intenções de realizar um referendo visando a independência do Curdistão,[19] em meio a crise de segurança e a crise econômica, provocada pela queda nos preços do petróleo. No final de 2016 e início de 2017, os curdos participaram da Batalha de Mossul, apoiando o exército iraquiano no cerco à cidade, reduto dos fundamentalistas.[20]
Em abril de 2017, os dois maiores partidos curdos acordaram a criação de uma comissão conjunta para impulsionar o referendo de independência na região[21] e reativar o parlamento, sem atividades há mais de um ano.[22] No entanto, a reativação ocorreu apenas poucas semanas antes da votação do referendo, agendado para 25 de setembro. Na época, também foram programadas eleições parlamentares e presidenciais para novembro do mesmo ano.[23]
Apesar da forte oposição do governo do Iraque e de países vizinhos, o referendo de independência do Curdistão iraquiano em 2017 ocorreu de forma pacífica, sob olhares cautelosos da comunidade internacional.[24] Entretanto, ao final de outubro, após o implemento de diversas sanções de Bagdá à região, como retaliação ao referendo de independência, e quase nenhum diálogo entre os dois governos, o exército iraquiano entrou nas áreas em disputa ocupadas pelas forças Peshmerga desde 2014, reincorporando-as à administração federal,[25] entre elas a cidade de Quircuque. Após isto, o governo do Iraque anunciou novas condições para o diálogo com Erbil.[26]
A retomada de Quircuque representou o fim das possibilidades curdas de independência, já que a região era responsável por grande parte da então exportação de petróleo do Curdistão.[27] O governo local declarou que cerca de 100 mil pessoas fugiram de suas casas em Quircuque e em Tuz (distrito)[28] por conta da ação militar iraquiana. Após a perda de Quircuque para o governo do Iraque e a escalada do conflito curdo-iraquiano (2017), as eleições regionais curdas foram canceladas. Logo depois, o presidente Massoud Barzani renunciou ao cargo, deixando o governo da região vacante em plena crise.[29]
Em novembro de 2017, o governo curdo acatou a decisão da Suprema Corte do Iraque, que considerou o referendo de independência inconstitucional.[30] No entanto, as sanções do governo iraquiano à região continuaram, como a proibição de voos internacionais para a capital curda Erbil, que foi retirada apenas em março de 2018.[31]
Pós-referendo (2018–presente)
Após as eleições parlamentares gerais no Iraque em maio de 2018,[32] foram programadas novas eleições regionais curdas. Em 30 de setembro de 2018, as eleições parlamentares foram realizadas nas quatro províncias que compõem o Curdistão iraquiano,[33] e resultaram em um fortalecimento do partido governista, o PDK.[34] No mês seguinte, o líder do partido e ex-presidente Masoud Barzani anunciou a indicação do atual primeiro-ministro Nechirvan Barzani, seu sobrinho, para a presidência do governo.[35]
Ainda em dezembro de 2018, o comitê de finanças do parlamento iraquiano aprovou um possível aumento da fatia do orçamento federal para a região do Curdistão, que passaria para 14% no ano seguinte.[36] Em junho de 2019, o parlamento regional elegeu Masrour Barzani como o novo primeiro ministro do Curdistão.[2]
De outubro de 2019 a fevereiro de 2020, durante os intensos protestos que tomaram conta do Iraque, a região do Curdistão permaneceu alheia, não havendo manifestações populares em nenhuma de suas cidades.[37] No entanto, no final de 2020, protestos irromperam em algumas cidades curdas, devido ao longo atraso no pagamento do funcionalismo público. Em janeiro de 2021, foi revelado que o governo regional pagou apenas 8 meses de salários em 2020, e que Bagdá não repassou a ele a fatia completa do orçamento federal determinada por lei[38], que seria de 12,67% em troca de 250 mil barris de petróleo por dia[39].
Em 7 de março de 2021, a região curda recebeu a histórica visita do Papa Francisco, em sua primeira viagem ao Iraque, num estrito esquema de segurança física e sanitária, devido à Pandemia de COVID-19[40]. No mesmo mês, o país recebeu seu primeiro lote de vacinas contra o Coronavírus.[41]
Geografia
A Região do Curdistão é composta oficialmente por quatro províncias do norte do Iraque: Duhok, Arbil, Suleimânia e Halabja, que abrangem um território de cerca de 40.000 quilômetros quadrados. Ainda existem disputas entre o governo regional curdo e o governo central iraquiano a respeito de territórios de maioria curda fora das fronteiras atuais do Curdistão iraquiano, principalmente na província de Quircuque,[42] também no norte do país, e outras províncias vizinhas.
O principal rio que corta a região é o Rio Tigre, tendo como principais afluentes os rios Grande Zabe, Diala e Pequeno Zabe. A Cordilheira de Zagros também atravessa a região, que é em sua maior parte montanhosa. Devido a isso, o clima é ameno e mediterrânico, com áreas semiáridas ao sul.
Áreas em disputa
Disputas políticas sobre a fronteira da região do Curdistão com o restante do Iraque têm estado em pauta no país desde a invasão americana em 2003 e a posterior reorganização do governo. A constituição iraquiana de 2005 determinou que deveriam ser realizados referendos nas áreas reivindicadas pelos curdos, para determinar sua incorporação ou não à região autônoma, até o ano de 2007.[43] No entanto, mesmo após uma década não houve nenhuma ação por parte do governo iraquiano, que em 2017 enviou suas tropas para as áreas em disputa.
Governo e política
O Curdistão é uma democracia parlamentar, com uma Assembleia Nacional com 111 cadeiras.[44] O primeiro ministro é escolhido sempre após as eleições parlamentares, a cada quatro anos, assim como o presidente regional. O cargo de presidente, entre final de 2017 e meados de 2019, esteve vago, depois que Massoud Barzani anunciou sua renúncia em outubro de 2017. As eleições são realizadas, geralmente, junto com o restante do Iraque.
Eleições recentes
Massoud foi escolhido presidente após as eleições parlamentares de 2005, de forma indireta, e em 2009 venceu as primeiras eleições presidenciais da história do Curdistão. Em 2013, o parlamento estendeu o seu mandato por mais dois anos. Já em 2015, em plena guerra contra o EIIL, o parlamento decidiu novamente estender o seu mandato, devido à impossibilidade da realização de eleições naquele momento.[45] No entanto, pouco tempo depois, a Assembleia Nacional foi paralisada pelo partido governista (KDP).[22]
Em abril de 2016, os órgãos do governo passaram a adotar na internet o domínio ".krd", separado do Iraque.[46] Já em 2017, os maiores partidos da região costuraram um acordo para reativar o parlamento, visando o referendo de independência,[22] o que ocorreu apenas poucas semanas antes da votação, realizada em 25 de setembro. Também foram programadas eleições parlamentares e presidenciais para novembro do mesmo.[47] No entanto, após a realização do referendo e a perda de Quircuque dos curdos para o governo do Iraque, com a escalada do conflito curdo-iraquiano (2017), as eleições foram canceladas.
Apenas em 30 de setembro de 2018, as eleições parlamentares no Curdistão foram realizadas.[48] Após a escolha do novo primeiro ministro, o parlamento elegeu Nechirvan Barzani como presidente regional, sem a realização de eleições diretas, em junho de 2019.[49]
Forças armadas
O Curdistão iraquiano possui forças armadas desde a década de 1920, período em que o Iraque esteve sob domínio britânico. Estas são constituídas pelo Exército Peshmerga.
Historicamente, os peshmergas existiam apenas como guerrilhas, que lutavam contra o domínio do Império Otomano e Britânico na região. No entanto, durante o período da República de Mahabad (1946–1947), liderados por Mustafa Barzani tornaram-se oficialmente as forças armadas da região. Posteriormente, com a constituição iraquiana de 2005, sua legitimidade foi ratificada.
Hoje, o Curdistão é a região mais estável e segura do Iraque, e nenhum soldado americano estacionado ali foi morto, ferido ou sequestrado desde a invasão do país, em 2003.[50]
Relações internacionais
O território mantém suas próprias relações estrangeiras, e hospeda consulados e escritórios de representação de diversos países e organizações,[51] entre estes as Nações Unidas, a União Europeia, o Reino Unido, a Alemanha, França, Rússia, China e Turquia.
O Brasil possui um consul honorário na região, o Dr. Safeen Sindi. Em fevereiro de 2015, foi dispensada a exigência de visto iraquiano para brasileiros entrarem no Curdistão, embora esta permaneça para o restante do Iraque.[52]
Em 2017, a Armênia revelou intenções de abrir um consulado na região.[53] Já em 2018, os Estados Unidos iniciaram a construção do maior consulado americano do mundo, em Erbil.[54] Em 2019, o Catar revelou que também planeja abrir, em breve, um consulado na capital curda.[55]
Em fevereiro de 2021, o consulado armênio foi inaugurado em Erbil, em uma cerimônia presidida pela cônsul geral da República da Armênia.[56]
Economia
Como uma das principais forças econômicas do Iraque, o Curdistão tem as mais baixas taxas de pobreza e o mais alto padrão de vida do país.[57]
O ponto de inflexão econômica na região foi uma lei de atração de investimentos aprovada em 2006. A economia curda viveu um boom, com facilidades para o investimento estrangeiro, sendo inaugurados em Erbil um novo aeroporto internacional e o maior shopping do país. A capital curda é considerada uma das cidades mais seguras e modernas do Iraque.[58]
De acordo com estimativas do final de 2013, as reservas geológicas das jazidas de petróleo do Curdistão iraquiano ultrapassam 1 bilhão de toneladas de petróleo. Atualmente, um total de 26 empresas de vários países exploram o mineral nos territórios curdo, incluindo Noruega, Áustria, Inglaterra e Turquia.[59]
Infraestrutura e transporte
A região possui dois aeroportos internacionais, nas cidades de Erbil e Suleimânia. Atualmente, cerca de 23 companhias aéreas operam no Curdistão iraquiano, sendo 8 delas árabes. Há também companhias de outros países vizinhos, europeias e ocidentais.[60]
Por terra, inúmeras estradas interligam a região com o restante do Iraque, sendo as principais via Mossul e Bagdá. Há ainda diversos postos de fronteira com o Irã e a Turquia, e também um com a Síria.
Turismo
A região do Curdistão é o principal destino turístico internacional do Iraque, recebendo visitantes de países do Oriente Médio e de outras partes do mundo. No ano de 2018, cerca de 3 milhões de turistas estiveram em suas cidades,[61] consideradas as mais seguras do país. Belas montanhas, cachoeiras e rica gastronomia atraem os visitantes, assim como a facilidade do visto para turismo.[62]
Cultura
A principal festividade do Curdistão é o Noruz (Newroz), conhecido no Ocidente como o "Ano Novo Persa", celebrado anualmente em 21 de março.[63] A festa é tradicional também no Irã e em outros países da região.
Língua
A língua curda é o idioma oficial do território, em sua variação no dialeto sorâni, também chamado de curdo central. O idioma é escrito em uma variante do alfabeto persa e árabe, embora sinalizações em alfabeto latino também sejam comuns nas cidades. Já o dialeto curmânji, ou curdo sententrional, é falado na província de Dohuk, onde também é chamado de Badînî.
Religião
Os curdos são em sua maioria muçulmanos sunitas, mas com uma interpretação menos conservadora da fé.[64] A região curda é marcada pela tolerância e liberdade religiosa, havendo também muitos cristãos, judeus e iazidis.[65]
Televisão
O Curdistão possui diversos canais regionais, com programação inteiramente em língua curda. Dentre os principais canais estão o jornalístico Rudaw e o Kurdsat, que em 2017 estreou uma versão local da franquia Idols, intitulada Kurd Idol.[66]
Esportes
O principal esporte na região é o futebol. Embora os times curdos disputem os campeonatos nacionais iraquianos, eles possuem também sua própria liga e copa regionais, que são bastante populares entre os torcedores locais.[67] A Premier League do Curdistão é realizada anualmente pela Associação de Futebol do Curdistão Iraquiano e conta com a participação de 14 clubes.[68]
O principal estádio da região é o Estádio Franso Hariri, em Erbil, que já foi usado pela seleção iraquiana de futebol. Em 2012, a Copa do Mundo VIVA foi realizada no Curdistão, sendo vencida pela equipe da casa. Em abril de 2019, a seleção do Curdistão Iraquiano realizou seu primeiro amistoso contra a seleção do Iraque. A partida terminou empatada em 2 a 2, marcando o estreitamento dos laços entre as duas equipes.[69]
Educação
As duas principais formas da língua curda, o sorâni e o curmânji, são ensinadas nas escolas e universidades da região,[70] junto com o árabe. Antes do estabelecimento do governo regional, em 1992, apenas o árabe era ensinado.
Em 2006, foi aberto o primeiro colégio internacional no Curdistão, o International School of Choueifat, que possui unidades em vários países do Médio Oriente. Outras redes internacionais também se estabeleceram, posteriormente.
A região possui também 11 universidades públicas e diversas universidades particulares, a maioria aberta após 2003. Abaixo, há uma lista delas:
Ver também
Referências
- «Opening Ceremony of The 1st International Scientific Conference – UOZ 2013». Consultado em 27 de novembro de 2014. Arquivado do original em 5 de dezembro de 2014
Ligações externas
- Governo Regional do Curdistão (em inglês)
- Presidência Regional do Curdistão (em inglês)
Wikipédia
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