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domingo, 3 de julho de 2022

Câmara dos Deputados corre para votar logo a proposta de emenda à Constituição que amplia benefícios sociais

 


Com aprovação quase unânime no Senado, na última quinta-feira, a PEC (proposta de emenda à Constituição) 1/2022, que amplia benefícios sociais, tramitará na Câmara dos Deputados a partir desta semana que se inicia. O texto deve ser votado junto com a PEC 15, dos biocombustíveis. Segundo o líder do governo na Casa, Ricardo Barros (PP-PR), a matéria não deve sofrer alterações.

“A proposta é apensar na PEC 15 e votar sem alterações os textos aprovados no Senado”, disse. Ele acredita que o rito de tramitação será decidido na reunião de líderes, agendada para segunda-feira. “Esse é o caminho para entregar o mais breve possível os benefícios que a população espera neste momento de crise. Vamos trabalhar duro para votar antes do recesso”, acrescentou, numa referência à pausa dos trabalhos do Congresso, a partir de 18 de julho.

A PEC aumenta o valor do Auxílio Brasil, de R$ 400 para R$ 600; cria o voucher-caminhoneiro, de R$ 1 mil; prevê benefícios a taxistas e suplementação financeira para o Alimenta Brasil, entre outros pontos. As medidas, em caráter emergencial, têm vigência apenas até dezembro deste ano. A proposta é classificada como eleitoreira pela oposição que, no entanto, votou a favor no Senado.

Aliado do governo, o vice-presidente da Câmara, Lincoln Portela (PL-MG), defendeu que o Parlamento não se apegue a discussões ideológicas ou sobre a proximidade das eleições. “Por mais que o governo ajude e contribua com as pessoas no sentido de auxílios, o trabalhador quer ver a geladeira cheia, ele quer usar o fogão e ter botijão de gás. O governo tem de se desdobrar para ajudar”, enfatizou. “Se a gente conseguir, na ponta, baixar o diesel e os combustíveis, isso terá reflexo no preço dos alimentos, e os trabalhadores poderão ter uma vida mais digna. É fundamental que o Parlamento participe disso ativamente, sem questões doutrinárias e ideológicas. A nossa ideologia é o povo brasileiro. Precisamos do pão na mesa do povo brasileiro.”

Do outro lado, partidos contrários ao governo planejam estratégias com cautela. O líder do PSB na Câmara, Bira do Pindaré (MA), disse não haver possibilidade de a oposição se contrapor a uma tese que sempre defendeu, principalmente o aumento do Auxílio Brasil para R$ 600. Apesar disso, o parlamentar salientou que a proposta é oportunista. “Sabemos que essa medida, no contexto atual, tem caráter claramente eleitoreiro. Vamos questionar e exigir que haja uma tramitação em rito normal. É preciso que todas as forças políticas tenham a oportunidade de debater a questão. Não podemos aceitar que essa decisão seja tomada de maneira açodada”, frisou.

A avaliação é de que lançar mão do estado de emergência na PEC abre precedentes para outras ações. “Modificar a Constituição com esses objetivos é algo temerário, sem dúvida alguma. Por isso, precisamos discutir com cautela”, destacou o deputado.

O líder do PT na Casa, Reginaldo Lopes (PT-MG), definiu a PEC como “um flagrante crime eleitoral” e endossou o argumento de que a proposta tem de seguir o rito normal. “Não podemos rasgar o regime interno, já rasgaram a Constituição e as leis eleitorais da democracia brasileira”, criticou.

Já o Partido Novo avalia ingressar com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a PEC, em caso de aprovação na Câmara, por desrespeito aos princípios constitucionais que regem as eleições e que embasam a Lei Eleitoral.

“Nosso jurídico já está trabalhando na tese, mas é impressionante a velocidade com que o Congresso faz remendos casuísticos e, ao mesmo tempo, é de uma letargia também impressionante quando se tratam das reformas estruturais”, declarou Eduardo Ribeiro, presidente da legenda.

Na avaliação do secretário-geral e fundador da ONG Contas Abertas, Gil Castello Branco, o governo e o Congresso agem com “desespero eleitoral”, e as medidas em torno do pacote de bondades podem gerar uma bomba fiscal, trazendo ainda mais prejuízos após o período eleitoral.

“A PEC abre um precedente perigoso. Em função de dificuldades socioeconômicas, será decretado o estado de emergência a três meses das eleições, de forma a romper as limitações do teto de gastos, da regra de ouro, da Lei de Responsabilidade Fiscal e da Lei Eleitoral”, ressaltou. “Se a moda pegar, teremos estado de emergência a toda hora. O problema é que a carruagem de hoje pode se transformar em abóbora amanhã.”

De acordo com o economista, as medidas vão prejudicar a governança da próxima gestão. “Alguém imagina que o novo presidente terá condições políticas de governar sem tais benefícios, que terminariam em dezembro deste ano? Benefícios são vantagens fáceis de implementar e difíceis de serem retiradas. As consequências decorrentes da sinalização para o populismo fiscal são a alta da inflação, a elevação dos juros, a redução dos investimentos e o desemprego”, listou. As informações são do jornal Correio Braziliense.

O Sul

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