Avião encontra-se no aeroporto internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, desde o dia 6 de junho
Um avião de carga Boeing 747 e sua tripulação de 19 pessoas de nacionalidade venezuelana e iraniana encontram-se retidos na Argentina, alvos de uma investigação judicial. A aeronave aterrissou em 6 de junho no aeroporto de Córdoba, devido à neblina em Buenos Aires que limitou a visibilidade.
Em 8 de junho, tentou viajar para o Uruguai, onde teve a entrada negada. "O avião estava sobre o Rio da Prata" quando recebeu ordens de retornar, declarou o ministro uruguaio da Defesa, Javier García. Desde então, o avião encontra-se no aeroporto internacional de Ezeiza, que serve a capital argentina.
O ministro paraguaio do Interior, Federico González, informou nesta terça-feira que dois funcionários que autorizaram a aterrissagem foram demitidos. Logo após o avião deixar o Paraguai, González afirmou que recebeu uma informação de que a aeronave era alvo de sanções dos Estados Unidos e que sete dos tripulantes pertenciam ao Quds, um grupo de elite da Guarda Revolucionária iraniana, classificada como uma organização terrorista por Washington.
"Os outros serviços de inteligência da região foram alertados e, por consequência, a Argentina e outros países tomaram medidas", explicou González. O Quds não faz parte da lista de organizações terroristas elaborada pelo governo argentino, embora o nome de um de seus integrantes apareça individualmente.
A Direção de Migração Argentina reteve os passaportes da tripulação do Boeing 747 depois que o Uruguai negou a entrada em seu território. Em 11 de junho, um advogado apresentou um habeas corpus para que os documentos fossem devolvidos. Em 12 de junho, o juiz federal de Lomas de Zamora, Federico Villena, rejeitou o recurso e abriu uma investigação judicial.
O juiz pediu no dia 13 de junho a extensão por mais 72 horas da apreensão dos passaportes dos cinco tripulantes iranianos. Nesta terça-feira, uma proibição de saída do país aos 14 tripulantes venezuelanos foi apresentada. O grupo encontra-se hospedado num hotel próximo ao aeroporto de Ezeiza.
O caso, do qual a Delegação das Associações Israelitas Argentinas (DAIA) faz parte do processo, está sob sigilo sumário. A Argentina considera sensível a presença de viajantes iranianos, devido aos alertas vermelhos de captura emitidos pela Interpol que se aplicam aos ex-governantes daquele país, acusados do ataque contra o centro da comunidade judaica argentina em 1994, que deixou 85 mortos e cerca de 300 feridos.
O Ministro de Segurança argentino, Aníbal Fernández, destacou que, embora nenhum dos tripulantes que chegaram à Argentina -e que não sejam necessariamente os mesmos que foram ao Paraguai - seja procurado pela Interpol, entre eles há um nome, o de Gholamreza Ghasemi, que chamou a atenção.
"É parente do ministro do Interior do Irã e seu nome coincide com o do membro da Guarda Revolucionária e administrador de uma empresa ligada ao Quds", revelou Fernández. "Se você me perguntar se é ele, eu não sei. O nome coincide. O resto é uma análise que faremos em conjunto com a Imigração e com certeza a Polícia de Segurança Aeroportuária fará o mesmo", acrescentou.
A Venezuela, cujo presidente Nicolás Maduro visitou Teerã no fim de semana, não emitiu declaração sobre o caso.
No México, um funcionário do governo de Querétaro confirmou à AFP que o avião decolou de seu aeroporto em 5 de junho e garantiu que os protocolos internacionais foram cumpridos. A rota que o avião seguiria e que foi comunicada às autoridades mexicanas era Caracas-Querétaro-Caracas-Buenos Aires-Caracas.
AFP e Correio do Povo
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