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terça-feira, 21 de junho de 2022

Condições para o fim da guerra na Ucrânia

 Perdas em vidas, bens materiais e pessoas deslocadas já são muito grandes

Jurandir Soares


As informações que chegam da Ucrânia indicam que, embora toda a resistência, a Rússia está avançando na região do Donbas, onde situam-se as províncias de Donetsk e Lugansk. Algumas cidades importantes como Severodonetsk já teriam sido conquistadas. Uma situação bem diferente do que aconteceu no início do conflito, quando as tropas russas pretendiam tomar a capital Kiev, mas foram prontamente repelidas. Esse fracasso fez a Rússia mudar sua estratégia, concentrando suas ações no leste ucraniano, por uma razão simples. Ali há um contingente significativo de cidadãos de origem russa e ali encontram apoio de separatistas que lutam pela anexação da região à Rússia.

A guerra passou a se concentrar na faixa fronteiriça que se estende desde o Donbas, a Leste, indo até a Crimeia, ao Sul, que já fora tomada em 2014. Ligando as duas áreas está a cidade de Mariupol que foi totalmente dizimada pelas forças russas. Esporadicamente foram feitos lançamentos de mísseis em direção ao Oeste, objetivando especificamente armazéns que recebem os armamentos enviados pelo Ocidente. Alguns outros mísseis chegaram a ser lançados em direção à cidade de Odessa, situada mais a Oeste da Crimeia.

Vê-se que, com todo o apoio bélico que a Ucrânia tem recebido, está muito difícil de reverter a situação no Leste do país. Isto se dá por uma razão muito clara. A detenção das tropas russas se deu quando enfrentaram ucranianos de raiz. Aqueles que lutaram para defender o seu solo, a sua pátria. Já no Leste há um contingente que não se sente ucraniano, mas, sim, russo. Ou seja, o seu solo e a sua pátria são russos.

Nesta semana, estiveram em visita a Kiev os chefes de governo da França, Alemanha, Itália e Reino Unido. O presidente francês, Emmanuel Macron, que tem mantido contatos frequentes com o líder russo, Vladimir Putin, fez uma declaração marcante ao afirmar que a Ucrânia deveria avalizar que concessões poderiam ser feitas para que se estabeleça o fim da guerra. Deixou implícito que o preço a ser pago seria a entrega à Rússia dessa área do Leste que ela já domina. Quem sabe poderia fazer o que os russos se propuseram a realizar um plebiscito para que a população decida a que país quer pertencer. Só que este plebiscito tem que ser controlado por organizações internacionais e não por Moscou, como fora proposto por Putin.

Enfim, as perdas para a Ucrânia em vidas, bens materiais e pessoas deslocadas já são muito grandes. Continuar a guerra representa ampliar essas perdas. E nessa ampliação pode acontecer algo muito pior para a Ucrânia, que seria a perda de Odessa, caso a Rússia coloque em prática o seu segundo plano para o conflito, que seria seguir em direção ao Oeste, tomando Odessa e indo até o enclave da Transnístria, uma pequena área da Moldávia tomada por Moscou. E o mais relevante, perdendo Odessa, a Ucrânia perde sua saída para o Mar Negro, por onde escoa toda sua produção. Então, é hora do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, avaliar o rumo a ser tomado.


Correio do Povo

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