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domingo, 19 de junho de 2022

Aumento no preço dos combustíveis põe a Petrobras na mira do governo, da Câmara dos Deputados e do Supremo

 


O novo aumento dos preços dos combustíveis nas refinarias, anunciado na sexta-feira (17) pela Petrobras, provocou uma onda de críticas e ameaças de represálias à estatal. As ofensivas partiram do presidente Jair Bolsonaro, da Câmara dos Deputados e até do STF (Supremo Tribunal Federal). As reações aos reajustes fizeram com que as ações da empresa encerrassem em forte baixa no pregão da Bolsa de Valores na sexta. A elevação de 5,2% na gasolina e de 14,2% no diesel começou a valer neste sábado (18).

Bolsonaro classificou o aumento como uma “traição ao povo brasileiro” e defendeu a abertura de uma CPI (comissão parlamentar de inquérito) para investigar o presidente da petroleira, José Mauro Coelho, bem como os diretores executivos e conselheiros.

“Conversei com Arthur Lira (presidente da Câmara). A ideia nossa é propor uma CPI. Queremos saber se tem algo errado nessa conduta, porque é inconcebível se conceder um reajuste com o combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está dando”, disparou, em entrevista à Rádio 96 FM, de Natal. “Ninguém consegue entender, algo estúpido. Ela lucra seis vezes mais que a média das petrolíferas de todo o mundo. As petroleiras fora do Brasil reduziram sua margem de lucro.”

No último dia 9, o governo indicou Caio Paes de Andrade para o lugar de José Mauro Coelho e listou outros nomes para o conselho da empresa, mas todos ainda têm de passar pelo crivo da assembleia de acionistas da estatal. “Com a troca, nós podemos botar gente mais competente lá dentro para poder entender o fim social da empresa e não conceder esse reajuste, que destrói a economia brasileira, leva inflação para a população, leva perda de poder aquisitivo para toda a população que já vive uma situação bastante crítica”, ressaltou Bolsonaro, que tem na escalada da inflação um sério risco a seus planos de reeleição.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também se juntou ao chefe do Executivo nos ataques à Petrobras. Lira defendeu que José Mauro Coelho renuncie imediatamente. “Não por vontade pessoal minha, mas porque não representa o acionista majoritário da empresa – o Brasil – e, pior, trabalha sistematicamente contra o povo brasileiro na pior crise do país”, postou Lira no Twitter. “Ele só representa a si mesmo e o que faz deixará um legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo. Saia, pois sua gestão é um ato de terrorismo corporativo.”

Indicado por Bolsonaro para o STF, o ministro André Mendonça também cobrou explicações da Petrobras sobre os critérios para definir os preços dos combustíveis.

Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), cobrou o Executivo federal. “Se a situação dos preços dos combustíveis está saindo do controle, o governo deve aceitar dividir os enormes lucros da Petrobras com a população, por meio de uma conta de estabilização de preços em momentos de crise”, defendeu. “O Senado aprovou inúmeras matérias legislativas que estavam ao seu alcance e agora espera medidas rápidas e efetivas por parte da Petrobras e de sua controladora, a União.”

Apesar da saraivada de críticas contra a Petrobras, especialistas enfatizaram não haver apenas um responsável pela escalada de preços. Luiz Ciardi, da N2 – Educação e Orientação Financeira, ponderou que a solução para a escalada de reajustes não é simples. “Para que o preço do combustível chegue a patamares viáveis para o consumidor doméstico, não é suficiente mexer só no preço de paridade internacional (PPI). A Petrobras sozinha não consegue fazer com que esse preço baixe. Precisaria de uma reforma fiscal e administrativa”, afirmou.

Professor de finanças do Instituto Brasileiro de Mercados e Capitais (Ibmec), William Baghdassarian comentou que o governo lida mal com a alta dos preços dos combustíveis ao provocar insegurança nos investidores com os ataques à Petrobras. Ele também disse que o aumento dos derivados do petróleo gera problemas inflacionário pelo mundo. “A forma como a gente está lidando com o problema é muito ruim. Se você tem um certo país, como o Brasil, em que as autoridades, na primeira crise, começam a questionar se as regras vão ser cumpridas, começam a questionar lucro excessivo, os investidores passam a questionar esse investimento e acabam injetando dinheiro em outro país”, alertou. As informações são do jornal Correio Braziliense.

O Sul

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