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quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Jogador gaúcho que agrediu violentamente um juiz de futebol é solto, mas deve responder por tentativa de homicídio

 


Em decisão proferida na noite desta terça-feira (5), a Comarca de Justiça de Venâncio Aires (Vale do Taquari) concedeu liberdade provisória ao jogador William Ribeiro, 30 anos. Ele havia sido preso em flagrante por tentativa de homicídio, na véspera, quando agrediu violentamente o juiz de uma partida da segunda divisão do Campeonato Gaúcho.

O incidente aconteceu no estádio Edmundo Feix, aos 15 minutos do segundo tempo do duelo entre o Guarani, dono da casa, e o São Paulo de Rio Grande, time do agressor, que atua como meia.

Inconformado por receber um cartão amarelo por reclamação, ele derrubou propositalmente o árbitro Rodrigo Crivellaro, 29 anos, e em seguida o chutou com força na região da cabeça e nuca, antes de ser contido pelos colegas. Ele já foi demitido do clube por justa causa, horas após o episódio.

A vítima, que mora em Santa Maria (Região Central), ficou desacordada e precisou de atendimento médico no Hospital São Vicente Mártir, do qual já recebeu alta.

“Felizmente, foi mais um susto”, desabafou o juiz ao deixar o local no banco do carona de um automóvel para prestar depoimento à Polícia Civil e passar por exames complementares pelo Departamento Médico-Legal (DML).

Usando uma coleira de proteção cervical que deverá ser mantida por algumas semanas (a tomografia apontou lesão branca na região), ele relatou que não lembrava muito bem do momento em que foi derrubado e golpeado.

Disse, ainda, que nunca havia mantido contato anterior com William e sequer o conhecia, mesmo ambos sendo nascidos em Pelotas (Região Sul).

Testemunhas também prestaram depoimento, incluindo outros protagonistas da partida e representantes da Federação Gaúcha de Futebol (FGF).

Registrada por uma emissora de TV, as imagens repercutiram até mesmo fora do País e motivaram uma série de manifestações de repúdio por parte de atletas, dirigentes e, é claro, juízes de futebol.

Não faltaram questionamentos, por exemplo, ao fato de os clubes não submeterem seus contratados a uma verificação rigorosa de suas fichas pregressas.

Paralelamente ao caso, a partida foi interrompida quando estava 1 a 0 para o Guarani, sendo retomada na tarde desta terça-feira. Não houve alteração no placar.

Promotoria recorrerá

A juíza autorizou a soltura porque o acusado é primário, com residência fixa e não demonstrou que possa prejudicar o andamento do processo. Ele se comprometeu a comparecer sempre que for chamado a depor.

Assim que a decisão favorável ao jogador permitiu que deixasse a Penitenciária Estadual de Venâncio Aires, o Ministério Público (MP) frisou que apelará ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) para reverter a soltura. Reiterou, ainda, que o atleta será denunciado por tentativa de homicídio qualificado (motivo fútil).

Na audiência que resultou na libertação, a promotoria solicitou que a prisão fosse mantida, devido à gravidade da agressão. Além do incidente em si, pode pesar contra o jogador o fato de já ter se envolvido em atos de violência no futebol, mesmo que não tenham gerado processo.

Ao menos dois casos são conhecidos. Há um mês, durante partida na qual ele sequer estava no banco de reservas, bateu em um torcedor do clube e chegou a ser desligado do time, mas a direção voltou atrás. E há sete anos, recebeu cartão vermelho após aplicar um soco em colega do time adversário.

A trajetória de William Ribeiro no esporte, a qual pode ter chegado ao fim, foi iniciada nas categorias de base de clubes do Rio Grande do Sul, incluindo o Inter. Ele estava em sua terceira passagem pelo São Paulo de Rio Grande (18 jogos e dois gols desde que retornou), depois de vestir as camisas de outros 15 times do Estado.

O Sul

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