AdsTerra

banner

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Embargo da China à carne brasileira pode levar à queda no preço, avalia governo

 


O governo federal avalia que a suspensão de importação de carne bovina brasileira pela China, em decorrência da confirmação de dois casos atípicos da doença conhecida como vaca louca, pode levar a um curto choque, de um ou dois meses, em que a ampliação da oferta no mercado interno pode fazer os preços caírem para o consumidor.

Desde a última quarta-feira (1º), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) investiga casos suspeitos da doença da vaca louca no Brasil. Neste sábado (4), a pasta confirmou dois casos da doença em frigoríficos de Belo Horizonte (MG) e de Nova Canaã do Norte (MT) e, em cumprimento a um protocolo sanitário, as exportações de carne bovina brasileira para a China estão suspensas.

Em reunião de ministros na última sexta-feira (3), a avaliação foi de que as ações sanitária tomadas foram rápidas e que se trataram de dois casos atípicos, que costumam acometer o gado de idade mais avançada, sem maiores riscos.

Segundo um ministro afirmou, nos próximos um a dois meses a apuração sobre os dois casos deve ser concluída e o Brasil segue com status de risco insignificante para a doença.

Os ministros também debateram na reunião que a suspensão de importação da carne brasileira pela China — que passou a valer no sábado — vai impactar as exportações brasileiras, mas no curto prazo. No mesmo dia, já era possível ver os preços da arroba do boi gordo caindo. A informação é de que os frigoríficos brasileiros seguirão com a produção, mesmo com a proibição da entrada de carne brasileira na China.

O país asiático é o principal destino da carne bovina do Brasil, respondendo por mais de 50% do total exportado. Em agosto, houve recorde na venda, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), com receitas de mais de US$ 1,1 bilhão.

O professor sênior de Agronegócio do Insper, Marcos Jank, coordenador do centro Insper Agro Global, afirmou que pode haver queda temporária nos preços da carne no Brasil, pela maior oferta, caso o embargo da China dure mais do que alguns dias.

O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, afirmou que o impacto na exportação brasileira pode ser preocupante apenas no curto prazo, já que se tratam de relatos de casos atípicos da doença.

O mal da vaca louca

Este nome pode não ser tão popular agora, mas ficou conhecido mundialmente após o surto da doença entre as décadas de 80 e 90, no Reino Unido. A epidemia tornava os animais perigosos, daí seu nome, e também assustava porque podia haver contaminação de humanos.

O tema voltou ao noticiário brasileiro nesta semana. Nos dois casos descobertos no Brasil trata-se da “origem atípica” da doença, ou seja, não ocorreu por causa de contaminação, que poderia afetar mais de um bovino por vez, mas por causa de uma mutação em um único animal.

Em 20 anos de monitoramento da doença no Brasil, nunca foi identificado a forma mais tradicional, que é quando o animal é contaminado por causa de sua alimentação, diz Vanessa Felipe de Souza Médica-Veterinária, Virologista, Pesquisadora da Embrapa Gado de Corte.

O surto

O primeiro grande surto da doença teve seu auge entre 1992 e 1993, quando foram confirmados quase 100 mil casos no Reino Unido. Estima-se que 180 mil cabeças de gado tenham sido afetadas e mais de 4 milhões de animais foram sacrificados na época. Durante este período, o consumo de carne bovina ficou, inclusive, proibido naquele país.

A enfermidade é fatal e acomete bovinos adultos de idade mais avançada, provocando a degeneração do sistema nervoso. Como consequência, uma vaca que, a princípio, era calma e de fácil manejo, por exemplo, se torna agressiva, daí, o apelido do distúrbio.

A encefalopatia espongiforme bovina, nome científico da doença, é gerada por uma proteína infecciosa chamada príon. O príon já é presente no cérebro de vários mamíferos naturalmente, inclusive no ser humano, contudo, ele pode se tornar patogênico ao adotar uma forma anormal e se multiplicar demasiadamente.

Quando isso acontece, o príon mata os neurônios e no lugar ficam buracos brancos no cérebro, por isso o nome da doença de “espongiforme”, já que os buracos têm a forma semelhante a de uma esponja.

Assim como nos animais, os humanos podem desenvolver o príon infeccioso naturalmente ou adquirir no consumo de carne infectada. Em seres humanos, a doença cusa perda de memória, perda visual, depressão e insônia.

Quando identificado, o paciente pode ser tratado com antivirais e corticóides. No entanto, aproximadamente 90% dos indivíduos acometidos evoluem para óbito em um ano.

O diagnóstico pode ser feito por meio de exame laboratorial. Não há indícios da transmissão entre humanos, segundo o Ministério da Saúde, exceto em caso de contato com o sangue do paciente.

O Sul

Nenhum comentário:

Postar um comentário