AdsTerra

banner

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

PAUL VOLCKER, UM SERVIDOR PÚBLICO!

(Elio Gaspari  - O Globo, 11) No final do século passado, Paul Volcker estava num coquetel na Universidade de Princeton, uma daquelas confraternizações nas quais os americanos tomam vinho branco em copos de plástico. Um curioso aproximou-se da sua imponente figura (2m01cm) e, no meio da conversa, arriscou:
— O seu livro publicado em parceria com o ex-presidente do Banco do Japão deixa a impressão de que em 1982 o senhor quebrou o Terceiro Mundo para salvar os bancos americanos.
Volcker assumiu o Federal Reserve Bank em 1979, com a inflação americana acima de dois dígitos. Como presidente do banco central mais poderoso do mundo, paulatinamente jogou os juros para cima, e eles chegaram a 21% ao ano. Com isso, num cenário de alta do petróleo e baixa de outras matérias-primas, as dívidas dos países do Terceiro Mundo atreladas às taxas americanas explodiram. Em 1982, o México não conseguiu pagar suas contas. Meses depois, foi a vez do Brasil, e em alguns meses, só na América Latina, 16 países estavam quebrados. Deu-se a esse período o nome de “Crise da Dívida do Terceiro Mundo”. Volcker respondeu ao curioso:
— Esse era o meu serviço (“That was my job.”), e a conversa migrou para amenidades.
Em 1982 não houve a tal “Crise da Dívida do Terceiro Mundo”, houve uma crise da banca internacional que emprestou dinheiro a quem não devia, mas os credores, com a ajuda dos governos caloteiros e do Fundo Monetário Internacional, inverteram o jogo. (Em 2007, quando a banca atolou-se, ninguém disse que havia uma crise dos devedores americanos inadimplentes.)
Anos depois, William Rhodes, chefe do cartel dos bancos, condecorado pelo governo brasileiro com a Ordem do Cruzeiro do Sul, escreveria:
“A crise da dívida latino-americana não foi apenas uma punição a excessos de endividamento. Foi também uma crise bancária.”
Volcker salvou a banca porque os servidores públicos americanos defendem os interesses de seu país. Ele era um economista do Federal Reserve de Nova York e aceitou a presidência do banco central sabendo que perderia metade do salário. Mudou-se para uma quitinete de estudante em Washington, e sua mulher alugou um dos quartos de seu apartamento em Manhattan. Fumava charutos baratos, comia congelados de mercearias e, certa vez, o presidente Jimmy Carter mandou-lhe um recado: ou comprava um terno novo, ou não o receberia na Casa Branca. (Há uns 20 anos, o milionário presidente da Goldman Sachs chegou em casa com um sobretudo novo, de uma loja caríssima. A mulher mandou que o devolvesse, pois já tinha abrigo para o inverno.)
Volcker tinha dois caminhos: quebrava os endividados do Terceiro Mundo ou quebrava os grandes bancos americanos. Seu serviço, como presidente do Fed, era defender o sistema financeiro dos Estados Unidos. Pouco importava se o presidente da estatal petrolífera da Indonésia havia fechado um empréstimo de 25 milhões de dólares assinando numa caixa fósforos de boate.
A grande proeza dele, da banca e do FMI foi conseguirem que todos os governos devedores contassem aos seus povos que a crise era deles.
Depois de sair do Fed, Volcker foi para a banca privada e contava que lá, num só dia, ganhou mais dinheiro do que em 30 anos de serviço público. Ele morreu na segunda-feira.


Ex-Blog do Cesar Maia



Copom reduz taxa básica de juros para 4,5% ao ano

BC não se comprometeu com novos cortes e ciclo de redução pode estar próximo do fim O Copom ...
Leia mais

Ibope: 49% da população acredita que a economia vai melhorar ou melhorar muito
Apenas 24% acredita que ela deve piorar ou piorar muito, segundo pesquisa CNI/Ibope Brasília - A economia brasileira deve melhorar ou melhorar muito ...
Leia mais

Queda na Selic deve deixar juro do cartão de crédito apenas 0,04% mais barato
Segundo Anefac, taxa mensal do cartão deve ir de 11,44% ao mês para 11,40% De acordo com a Anefac (Associação ...
Leia mais

Plano de saúde é condenado por má-fé e a custear tratamento de doença rara
Tratando-se de questões relativas à saúde deve prevalecer a indicação médica. Com esse entendimento, a 7ª Câmara de Direito ...
Leia mais

Mercado de cartões projeta crescimento de 24% em 2020
Expectativa é que volume transacionado no setor alcance R$ 2,3 trilhões O mercado ...
Leia mais

Sem restrições, Cade aprova compra da Nextel pela Claro
Empresa pagou US$ 905 milhões (R$ 3,47 bilhões) pela Nextel BRASÍLIA - O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ...
Leia mais

Por suspeita de pirâmide, empresa de bitcoin não pode captar novos clientes
O perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo deve ser presumido, especialmente quando se vê o potencial risco de lesão a um número indeterminado ...
Leia mais

STJ libera revisão da vida toda para aposentados do INSS
Na revisão, o segurado deve pedir para incluir na média salarial os 80% maiores salários de toda sua vida profissional O Superior ...
Leia mais

Empresa de telefonia é condenada a pagar R$ 8 mil a cliente por cobrança indevida
Uma consumidora conseguiu na Justiça o direito de receber indenização de R$ 8 mil da Claro S/A, por cobrança indevida e inserção dos dados ...
Leia mais

Nenhum comentário:

Postar um comentário