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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Pela primeira vez desde 1986, os vinis vão superar os CDs

Ambos, porém, ainda resistem apenas pelo fervor de alguns apaixonados

Por Vinicius Novelli

PERSEVERANÇA - Feira de LPs: um nicho ainda vivo, relacionado à busca pela autenticidade, da gravação aos encartes (Ricardo D`Angelo/.)

Há exatos 37 anos, na edição de 6 de outubro de 1982, VEJA celebrava o estrondoso lançamento: “O mercado de discos não recebia uma novidade tão grande desde que a Columbia Records anunciou, em 1948, o long-play, de 30 centímetros de diâmetro e cinquenta minutos de gravação. Em conjunto, a Philips holandesa e a Sony japonesa lançam agora o disco compacto, de apenas 12 centímetros de diâ­me­tro e que, nessa superfície exígua, contém, em sua única face gravada, sessenta minutos de som”. A notícia ecoava o primeiro grande sucesso mundial em CD, o álbum The Visitors, da banda sueca Abba, levado às lojas em novembro de 1981 — embora algumas pequenas gravadoras de música clássica tivessem testado a plataforma algum tempo antes. No Brasil, o CD inaugural foi uma antologia gravada por Nara Leão e Roberto Menescal, Garota de Ipanema, em 1986.

Em setembro, um relatório da associação americana de gravadoras — a RIAA, na sigla em inglês — revelou o impensável: ainda neste ano a venda de vinis deve superar a de CDs nos Estados Unidos, algo que não acontecia desde 1986 (veja o quadro abaixo). O disco compacto terá vivido quatro décadas — pouca coisa menos que o LP de vinil, que começou a minguar já cinquentão, a despeito de, ressalve-se, ainda respirar, firme e forte, com o típico chiado analógico, em nichos. Para o guitarrista Jack White, o mais notório defensor da permanência das bolachas, há um novo tempo atrás da porta. “Na próxima década, teremos a coexistência do streaming com o vinil — o streaming no carro e na cozinha, o vinil na sala de estar e no quarto de dormir”, diz ele, aparentemente esquecido do apogeu dos fones de ouvidos plugados aos smartphones, com ou sem fio.

Mas, afinal de contas, quem ainda ouve LPs e, logo mais, quem ainda ouvi­rá CDs, para além do prazer tátil de pôr as mãos em produtos vintage? Os nostálgicos do vinil costumam dizer que as nuances das músicas, como eventuais acordes dissonantes, são suprimidas nas produções digitais, que dominam 80% do mercado — daí o apego ao passado. “Mas o revival está mais relacionado à busca pela autenticidade, ao interesse por todo o processo de criação de um LP, que vai da gravação ao encarte”, diz o pesquisador Marco Resende Rapeli, mestre em ciências sociais aplicadas da ESPM. O prazer, para alguns, é literalmente físico. “Tem gente que até aproxima o nariz do LP e exulta: ‘Que cheiro de disco antigo’”, afirma Caio Figueiroa, que trabalha na Sonzera, uma das lojas dedicadas aos LPs da Galeria Nova Barão, recanto clássico da cultura paulistana dedicado à indústria fonográfica dos velhos tempos.

(./.)

O CD, embora seja mais jovem, também atrai colecionadores, e uma categoria em especial: os amantes de música clássica. Um levantamento feito no Reino Unido pela Royal Philharmonic Orchestra mostra que 39% dos compradores das peças de Bach, Brahms, Mozart, Beethoven e cia. querem o produto físico, devidamente catalogado e expos­to nas prateleiras — uma minoria vai de streaming. Essa turma reticente, apaixonada pelos compactos, também defende a qualidade do som em comparação com a das versões mais modernas, mas trata-se de uma diferença que um ouvido comum não identifica.

Tudo somado, o ocaso do CD, agora novamente ultrapassado pelo vinil, faz parte do inexorável progresso da indústria da música, uma revolução que começou na tecnologia MP3, ganhou força com o iPod de Steve Jobs e provocou o nascimento de serviços práticos e incontornáveis como o Spotify. E certamente outras inovações surgirão no horizonte. Mas, para os fiéis amantes de vinis e CDs, toda essa modernidade ainda não superou a qualidade e o prazer dos sons do passado.

Publicado em VEJA de 16 de outubro de 2019, edição nº 2656


Veja


UMA SIMPLES COMPARAÇÃO
XIX- 005/19 -17.10.2019

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COMPARAÇÃO ISENTA

Quem se dispõe a comparar -COM TOTAL ISENÇÃO- a desastrosa situação econômica e social, resultante da longa, péssima e corrupta administração PETISTA (15 anos), com o momento atual (10 meses de governo Bolsonaro), verá, com absoluta clareza, que muita coisa boa já aconteceu no nosso Brasil.

TSUNAMI ECONÔMICO

Primeiramente há que se levar em conta o tamanho do estrago PETISTA, que se mostrou muito acima das expectativas até daqueles que imaginavam um TSUNAMI ECONÔMICO. O desastre, como se percebe a cada dia que passa, se coloca como um magnífico obstáculo que dificulta a tarefa de colocar o Brasil nos trilhos do CRESCIMENTO e DESENVOLVIMENTO.

LISTA

Pois, mesmo diante da montanha de entulhos não há como não reconhecer o quanto foi possível avançar. Observem, por exemplo, o que revela a lista feita pelo fundador da XP Investimentos, Guilherme Benchimol:

1- os juros estão na mínima histórica, caindo mês a mês, e a inflação está controlada;

2- diminuição paulatina do tamanho do Estado e suas ineficiências e agenda de privatizações e/ou concessões;

3- a reforma da previdência em vias de aprovação; outras, em tramitação;

4- a confiança dos empresários e dos consumidores melhorando;

5-  criminalidade e corrupção em declínio, etc..

VERDADEIRO

Mesmo que muita gente não goste do presidente Bolsonaro, direito este que cada brasileiro/eleitor tem, e deve ser respeitado, é impossível não admitir como real e verdadeiro tudo aquilo que está posto na precisa lista acima.


UTI

Volto a afirmar: como os males que atingem o Brasil por todos os lados são tantos e muito graves, por certo que a cura, ou a melhora substancial exige muito mais. Principalmente no que diz respeito à situação dos Estados e Municípios, que contribuem sobremaneira para manter o Brasil na UTI, ainda por um longo tempo.

REALIDADE

A comparação sugerida no início deste editorial, entre a situação do Brasil até 2016, que era de total DESTRUIÇÃO -INTENCIONAL- e aquilo que estamos vivendo hoje, mostra que muita coisa já aconteceu em termos de INÍCIO DE RECUPERAÇÃO. E, pelo que tudo indica, no próximo ano muito daquilo que já está agendado vai se transformar numa grande REALIDADE.

MARKET PLACE

CARTA DE DESPEDIDA DE J. R. GUZZO - O competente jornalista J. R. Guzzo se despediu da revista Veja. Na sua CARTA DE DESPEDIDA, Guzzo escreveu:

“Caros amigos

      Desde ontem, 15/10/19, não sou mais colaborador da revista “Veja”, na qual entrei em 1968, quando da sua fundação, e onde mantinha uma coluna quinzenal desde fevereiro de 2008. A primeira foi publicada na edição de 13/02/2008. A partir daí a coluna não deixou de sair em nenhuma das quinzenas para as quais estava programada.
Na última edição, com data de 16/10/19, a revista decidiu não publicar a coluna que eu havia escrito. O artigo era sobre o STF, e sustentava, como ponto central, que só o calendário poderia melhorar a qualidade do tribunal — já que, com a passagem do tempo, cada um dos 11 ministros completaria os 75 anos de idade e teria de ir para casa. Supondo-se que será impossível nomear ministros piores que os destinados a sair nos próximos três ou quatro anos, a coluna chegava à conclusão que o STF tende a melhorar.
A liberdade de imprensa tem duas mãos. Em uma delas, qualquer cidadão é livre para escrever o que quiser. Na outra, nenhum veículo tem a obrigação de publicar o que não quer. Ao recusar a publicação da coluna mencionada acima, “Veja” exerceu o seu direito de não levar a público algo que não quer ver impresso em suas páginas. A partir daí, em todo caso, o prosseguimento da colaboração ficou inviável.
Ouvimos, desde crianças, que não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe. Espero que esta coluna tenha sido um bem que não durou, e não um mal que enfim acabou. Muito obrigado.”

ARTIGO QUE MOTIVOU A SUA SAÍDA - Aí está o artigo de Guzzo, que a Veja se negou a publicar:

A FILA ANDA
"Um dos grandes amigos do Brasil e dos brasileiros de hoje é o calendário. Só ele, e mais nenhum outro instrumento à disposição da República, pode resolver um problema que jamais deveria ter se transformado em problema, pois sua função é justamente resolver problemas – o Supremo Tribunal Federal. O STF deu um cavalo de pau nos seus deveres e, com isso, conseguiu promover a si próprio à condição de calamidade pública, como essas que são trazidas por enchentes, vendavais ou terremotos de primeira linha. Aberrações malignas da natureza, como todo mundo sabe, podem ser resolvidas pela ação do Corpo de Bombeiros e demais serviços de salvamento. Mas o STF é outro bicho. Ali a chuva não para de cair, o vento não para de soprar e a terra não para de tremer – não enquanto os indivíduos que fabricam essas desgraças continuarem em ação. Eles são os onze ministros que formam a nossa “corte suprema”, e não podem ser demitidos nunca de seus cargos, nem que matem, fritem e comam a própria mãe no plenário. Só há uma maneira da população se livrar legalmente deles: esperar que completem 75 anos de idade. Aí, em compensação, não podem ser salvos nem por seus próprios decretos. Têm de ir embora, no ato, e não podem voltar nunca mais. Glória a Deus.

Demora? Demora, sem dúvida, e muita coisa realmente ruim pode acontecer enquanto o tempo não passa, mas há duas considerações básicas a se fazer antes de abandonar a alma ao desespero a cada vez que se reúne a apavorante “Segunda Turma” do STF – o símbolo, hoje, da maioria de ministros que transformou o Supremo, possivelmente, no pior tribunal superior em funcionamento em todo o mundo civilizado e em toda a nossa história. A primeira consideração é que não se pode eliminar o STF sem um golpe de Estado, e isso não é uma opção válida dos pontos de vista político, moral ou prático. A segunda é que o calendário não para. Anda na base das 24 horas a cada dia e dos 365 dias a cada ano, é verdade, mas não há força neste mundo capaz de impedir que ele continue a andar. Levará embora para sempre, um dia, Gilmar Mendes, Antônio Toffoli, Ricardo Lewandowski. Antes deles, já em novembro do ano que vem e em julho de 2021, irão para casa Celso Mello e Marco Aurélio – será a maior contribuição que terão dado ao país desde sua entrada no serviço público, como acontecerá no caso dos colegas citados acima. E assim, um por um, todos irão embora – os bons, os ruins e os horríveis.

Faz diferença, é claro. Só os dois que irão para a rua a curto prazo já ajudam a mudar o equilíbrio aritmético entre o pouco de bom e o muitíssimo de ruim que existe hoje no tribunal. Como é praticamente impossível que sejam nomeados dois ministros piores do que eles, o resultado é uma soma no polo positivo e uma subtração no polo negativo – o que vai acabar influindo na formação da maioria nas votações em plenário e nas “turmas”. Com mais algum tempo, em maio de 2023, o Brasil se livra de Lewandowski. A menos que o presidente da época seja Lula, ou coisa parecida, o ministro a ser nomeado para seu lugar tende a ser o seu exato contrário – e o STF, enfim, estará com uma cara bem diferente da que tem hoje. O fato, em suma, é que o calendário não perdoa. O ministro Gilmar Mendes pode, por exemplo, proibir que o filho do presidente da República seja investigado criminalmente, ou que provas ilegais, obtidas através da prática de crime, sejam válidas numa corte de justiça. Mas não pode obrigar ninguém a fazer aniversário por ele. Gilmar e os seus colegas podem rasgar a Constituição todos os dias, mas não podem fugir da velhice.

O Brasil que vem aí à frente, por esse único fato, será um país melhor. Se você tem menos de 25 ou 30 anos de idade, pode ter certeza de que vai viver numa sociedade com outro conceito do que é justiça. Não estará sujeito, como acontece hoje, à ditadura de um STF que inventa leis, censura órgãos de imprensa e assina despachos em favor de seus próprios membros. Se tiver mais do que isso, ainda pode pegar um bom período longe do pesadelo de insegurança, desordem e injustiça que existe hoje. Só não há jeito, mesmo, para quem já está na sala de espera da vida, aguardando a chamada para o último voo. Para estes, paciência. (Poderiam contar, no papel, com o Senado - o único instrumento capaz de encurtar a espera, já que só ele tem o poder de decretar o impeachment de ministros do STF. Mas isso não vai acontecer nunca; o Senado brasileiro é algo geneticamente programado para fazer o mal). Para a maioria, a vitória virá com a passagem do tempo."

FRASE DO DIA

A sabedoria começa na reflexão.
Sócrates

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