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domingo, 6 de outubro de 2019

Justiça prorroga prisão, e o vereador de Porto Alegre André Carús é transferido para o Presídio Central

Emedebista é investigado por concussão e outros crimes. (Foto: Arquivo/CMPA)

5 de outubro de 2019 Capa – Caderno 1, Notícias, RS

A Justiça acatou o pedido da Polícia Civil e determinou a prorrogação da prisão temporária do vereador André Carús (MDB) até quinta-feira (10). Com a decisão, o parlamentar foi transferido para a Cadeia Pública de Porto Alegre, o antigo Presídio Central. O vereador foi preso na última terça-feira (01), sob suspeita de extorquir assessores.

Na quinta-feira (03), Carús teve solicitada pelo Deic (Departamento de Investigações Criminais) a quebra de seus sigilos bancário e fiscal. O parlamentar de 37 anos é investigado por supostamente exigir dinheiro de assessores e CCs (cargos em comissão) indicados por ele em órgãos municipais.

A medida vale também para outros dois indivíduos detidos na mesma operação. São eles um assessor e um ex-funcionário de uma cooperativa onde o dinheiro era obtido, mediante empréstimos consignados que também são alvo de apuração. O trio permanece em uma cela do Deic e já prestou depoimento. Outras pessoas ainda devem ser ouvidas.

O titular do Departamento, delegado Marcus Viafore, detalhou que Carús e outro investigado optaram por não se manifestar, ao passo que o terceiro elemento aceitou falar – o que ele declarou é mantido em sigilo. A defesa do emedebista já apresentou à Justiça um pedido de relaxamento da prisão (que é temporária), com base no pressuposto de que o vereador não poderia mais atrapalhar a apuração do suposto crime de extorsão.

Na quarta-feira, o advogado do parlamentar apresentou em nome de seu cliente uma solicitação de afastamento, por tempo indeterminado, do cargo na Câmara Municipal da capital gaúcha. Ele foi substituído pelo suplente Delegado Cleiton (PDT). Carús também deixou o comando municipal do MDB, para o qual havia sido eleito em agosto.

Crimes

A prática da extorsão de servidores havia sido denunciada, meses antes, por uma ex-assessora, que detalhou o caso à Polícia Civil. O Deic trabalha com a hipótese de que Carús (que exerce o seu primeiro mandato como vereador eleito e já ocupou postos-chave em órgãos como o DMLU e o Demhab), cometeu os crimes de concussão – ou seja, obter vantagem indevida no exercício de função pública – e de associação criminosa.

Ainda falta esclarecer uma série de detalhes. Uma das linhas de investigação aponta que o parlamentar municipal pressionava funcionários a obter empréstimos mediante desconto na folha de pagamento, às vezes consecutivos e que teriam chegado a R$ 300 mil. O dinheiro seria então repassado a Carús, que alegava “dívidas de campanha” e outros argumentos.

Em alguns casos, o valor extrapolava o limite de 30% do salário determinado em lei para comprometimento da renda nesse tipo de operação. Para burlar essa regra, o expediente adotado teria sido a fraude, mediante obtenção de licenças-saúde por doenças inexistentes, situação em que essa modalidade de empréstimo eventualmente pode ser liberada.

Após Carús negar a existência do esquema, na quinta-feira o seu advogado, Jader Marques, admitiu que a equipe legislativa contraiu empréstimos, a fim de ajudar o chefe a contornar dificuldades financeiras. Ele alegou, entretanto, que os financiamentos foram realizados espontaneamente pelos assessores e CCs, sem qualquer intervenção do vereador.

Sindicância

Na Câmara dos Vereadores, a presidente da Casa, Mônica Leal (PP), já depôs como testemunha de mandado de busca no Legislativo e encaminhou à polícia imagens sobre bilhetes com ameaças contra Carús. Ela também determinou a abertura de sindicância para apurar se as licenças-saúde tiradas pelos servidores do parlamentar preso eram verídicas.

Também ganha força a possível abertura de outro processo interno, a fim de determinar se Carús será alvo de procedimento de cassação.

(Marcello Campos)


O Sul

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