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quarta-feira, 2 de outubro de 2019

“Estou envergonhado”, diz candidato que gastou verba eleitoral com cerveja


Claudinei Rodrigues dos Santos, que tentou ser deputado federal pelo PSOL em Sergipe, se diz arrependido do que fez

Por André Siqueira

RESSACA - Claudinei Rodrigues dos Santos: “Agora, como faço para pagar?” (./.)

O senhor gastou mesmo todo o dinheiro com cerveja? Boa parte, sim. Gastei também com combustível e com uma música que fiz para a campanha. Tenho um carro de som e produzi um jingle para que um cantor, amigo meu, divulgasse a candidatura. Não sabia que seria prejudicado por comprar cerveja. Eu chegava ao meu povoado e meus amigos estavam bebendo. Eles diziam: “Pague uma cervejinha aí”. Não foi compra de voto. Eu também bebi. Paguei inocentemente. Tive 376 votos gastando 1 904,68 reais. Perdi para um candidato que é cunhado de um prefeito. Eu me senti um herói e fui comemorar. Tomei mais uma cervejinha.

O vídeo em que confessa ter gastado a verba com cerveja teve milhares de visualizações. Por que resolveu gravá-lo? Quando recebi a notificação da Justiça, fiquei muito nervoso. Não tenho como prestar contas, pois os bares daqui não dão nota. Um amigo me disse para fazer um vídeo e me explicar. No dia seguinte, cheguei do trabalho e gravei. Mandei para um grupo de WhatsApp que tem só 27 pessoas, um grupo de resenha. Três minutos depois, eu me arrependi. Pedi a elas que não espalhassem, mas a situação ficou incontrolável. Se eu soubesse que seria assim, não teria gravado. Não fiz por gozação ao Ministério Público ou à Justiça Eleitoral.

Como vai devolver a verba? Meus amigos me aconselharam a fazer uma campanha para arrecadar o dinheiro. Estou desempregado, ajudo minha mãe em seu bar. Ela tem 64 anos, vendemos galetos. O carro de som que usei na campanha está parado na oficina. Poderia servir para levantar a grana, mas não tenho dinheiro para o conserto. Quero resolver a situação. Se errei, preciso pagar, porém ainda não sei como fazer isso. Pensei em gravar outro vídeo, mas estou com medo de que isso cause mais confusão.

Qual motivo o fez tentar a política? Eu já tinha me lançado como candidato a vereador nas eleições de 2016, mas desisti no meio do caminho. Desta vez, fui até o fim. Gosto de política e escolhi o cargo de deputado federal porque o povo está cansado de corrupção. Achei que tinha chance porque ouvia o discurso de renovação. A Câmara até se renovou, mas acho que poderia ter sido muito mais.

Por que escolheu se lançar pelo PSOL?  Foi a legenda que me deu oportunidade. Eu já conhecia o candidato do partido ao governo do estado (Márcio Souza) e queria trazer o diretório do PSOL para Salgado, onde moro.

Pensa em se candidatar novamente? Na minha campanha, eu dizia que precisamos investir mais em saúde, educação e segurança. São minhas bandeiras. O dinheiro do fundo que sai do bolso do povo deveria servir para isso. Talvez eu concorra de novo a deputado federal, por que não?

Qual a sua cerveja predileta? Eu bebo todas, mas a que mais aprecio é a Schincariol. Não bebo todos os dias, só nos fins de semana. Aqui na minha cidade faz muito calor. Por isso, aos domingos, por exemplo, fico no bar vendendo os galetos e aproveito para tomar uma com meus amigos.

Publicado em VEJA de 2 de outubro de 2019, edição nº 2654


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