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segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Alimentação saudável começa na infância

| Foto: Phong Duong/Unsplash

Introdução alimentar precisar ser feita de forma correta, pois é ainda bebê que o paladar é formado

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Promover uma alimentação adequada e saudável é uma preocupação constante dos pais, não importa a idade da criança. Mas, além disso, é importante saber que a introdução alimentar, ainda nos primeiros seis meses de vida, precisa ser feita de forma correta, com opções variadas de formas e texturas, já que é na primeira infância que o paladar é formado.

Conforme a nutricionista Sabrina Mioranzza de Ávila, estudos experimentais e ensaios clínicos mostram que fatores nutricionais e metabólicos, em fases iniciais do desenvolvimento humano, têm efeito a longo prazo na programação da saúde na vida adulta. "Um exemplo importante é a relação entre práticas alimentares inadequadas no primeiro ano de vida. O aleitamento materno tem efeito protetor e dose-dependente na redução do risco de obesidade na vida adulta", destaca.

O bebê, quando inicia a alimentação de sólidos, a partir do sexto mês, ainda não tem o sistema imunológico totalmente formado, segundo a nutricionista. "As principais vacinas ocorrem até o primeiro ano de vida, continuando o calendário de vacinas mais frequente até os dois anos. Dessa maneira, alimentos alergênicos (com maiores chances de desenvolver alergias) devem ser evitados até um ano de vida", diz. São eles: leite de vaca e derivados, oleaginosas (castanha, nozes, amendoim, avelã, amêndoas), soja e frutos do mar.

A orientação é, ainda, evitar açúcar, mel e doces até os 2 anos de idade; sal adicional, produtos industrializados e embutidos até 1 ano de idade; assim como incluir os famosos sucos de fruta só a partir de 1 ano de idade.

"Aquela história de iniciar a introdução alimentar com suco de laranja do céu já não é mais recomendada. Alguns estudos recentes mostraram que oferecer sucos de frutas, mesmo os naturais, feitos na hora, aumenta a chance de desenvolver diabetes e obesidade na vida adulta. Além disso, o bebê acaba não consumindo as fibras da fruta e pode substituir a água pelo suco, que é mais 'docinho'", salienta.

Prevenção de doenças crônicas

Sabrina alerta que muitos estudos já associaram o consumo de doces e açúcar antes dos dois anos de idade à maior chance de doenças crônicas na vida adulta, dentre elas a obesidade, a diabetes e a hipertensão. "Por isso, o período da gestação até os dois anos de idade é denominado de “janela de oportunidades”, em que a oferta de alimentos variada e equilibrada leva à redução de danos no crescimento, neurodesenvolvimento e prevenção de doenças crônicas", completa.

Além disso, a profissional avisa que a ingestão excessiva de sódio por bebês que estão amamentando está associada ao desenvolvimento de hipertensão arterial. "A preferência por determinados sabores (muito doce ou salgado, por exemplo) pode ser modificada pela exposição precoce a esse tipo de alimento", diz.

Em relação à obesidade infantil, Sabrina destaca que pais obesos têm 80% de chance de terem filhos obesos. "Quando um dos pais é obeso, a probabilidade cai para 50%. Por isso, alguns estudos têm avaliado o comportamento alimentar dos pais no tratamento da obesidade infantil, e foi observado que é um fator determinante para o sucesso do tratamento."

Birra na hora de comer

E para os pequenos que fazem cara feia na hora de provar alimentos ou para preparações desconhecidas? "Muito comum, a neofobia alimentar faz com que a criança rejeite alimentos novos. Por isso, é importante oferecer esses alimentos mais de uma vez, em diferentes texturas e apresentações, para que a criança possa experimentar e aceitar os sabores novos", sugere.

E nada de restrições sem orientação nessa fase. "As crianças estão em fase de crescimento e também do desenvolvimento do comportamento alimentar. Dessa maneira, não é recomendado fazer restrições alimentares, até porque, no contexto em que a criança vive, pode até isolá-la do convívio com outras crianças", diz.

A recomendação da especialista é excluir alimentos, sem glúten ou lactose, por exemplo, quando houver algum sinal ou sintoma de alergia ou intolerância alimentar, devendo ser essencial a investigação completa, junto ao pediatra ou gastropediatra, para confirmar esse quadro.

Uma alimentação saudável, equilibrada, variada e consciente, lembra Sabrina, deve estar aliada à prática regular de atividade física mesmo na infância.

Tudo é questão de equilíbrio

Veja as dicas da nutricionista para proporcionar aos filhos uma alimentação saudável.

1. Inicie a introdução alimentar aos 6 meses de idade

"Procure oferecer a maior variedade de alimentos nessa fase", orienta a nutricionista.

2. Dê o exemplo

Coma o mesmo que é oferecido às crianças. "Sabemos que as crianças aprendem por repetição e imitação, então nada melhor do que toda a família manter uma alimentação equilibrada, variada e consciente", diz.

3. Inclua a criança nas atividades relacionadas às refeições

Deixe que os pequenos participem das atividades relacionadas ao preparo das refeições, como ir à feira, lavar as frutas, guardar os alimentos e preparar a mesa. Isso fará com que as crianças tenham a oportunidade de conhecer, visualizar e tocar os alimentos."

4. Respeite os sinais de fome e saciedade da criança

É importante respeitar o quanto a criança quer comer, sem forçar ou oferecer recompensa. "Tudo que se torna proibido ou por obrigação prejudica a criação do hábito alimentar da criança."

5. Capriche na apresentação do prato

"Monte diferentes cores e texturas, pois realmente 'comemos com os olhos'”, lembra a profissional.

Correio do Povo

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