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quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Por que os casais estão fazendo menos sexo


O tempo dedicado a internet e o excesso de trabalho estão entre os motivos

Por Redação

Casal distraído com smartphone

"Eu posso ver que a fronteira entre o mundo público e a vida privada está ficando mais fraca. Você chega em casa e continua trabalhando ou comprando, fazendo qualquer coisa, exceto conversar. Você não consegue sentir a proximidade se está constantemente ao telefone", comentou Kaye Wellings, principal autora do estudo. (iStock/Getty Images)

O sexo é parte fundamental de qualquer relacionamento amoroso bem sucedido. No entanto, pesquisa britânica descobriu que indivíduos casados ou que vivem juntos estão fazendo menos sexo. De acordo com os pesquisadores, mais de 29% dos homens e mulheres relataram não ter tido relações sexuais no mês que antecedeu a pesquisa. Na última análise, realizada em 2001, 26% dos homens e 23% das mulheres na mesma faixa etária apresentaram estes resultados.

Segundo a equipe, a queda foi maior entre pessoas acima dos 25 anos de idade. “É interessante a idade e estado civil dos mais afetados. São pessoas que começaram uma família com idade mais avançada do que as gerações anteriores e estão fazendo malabarismos para equilibrar todas as responsabilidades”, comentou Kaye Wellings, principal autora do estudo, à CNN.

O trabalho, publicado no British Medical Journal, revelou que os possíveis motivos para o declínio do sexo entre casais está relacionado às distrações criadas pela internet, o excesso de trabalho – que acaba sendo levado para casa – e a dificuldade em conciliar trabalho, filhos e vida sexual. Outra explicação para o fenômeno é a evolução social, que diminuiu a pressão a respeito da necessidade de exagerar relatos sobre a frequência das atividades sexuais.

Apesar da redução, 51% das mulheres e 64% dos homens admitiram que gostariam de ter relações sexuais com maior regularidade. A pesquisa destacou ainda que, entre os entrevistados solteiros (homens e mulheres) com boa saúde física e mental, empregados e com salários bons relataram sexo mais frequente. Além disso, o declínio encontrado não afetou as taxas de fertilidade uma vez que casais interessados em engravidar aumentam a quantidade de relações sexuais.

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Declínio sexual

A pesquisa foi feita com base em dados de 34.000 pessoas no Reino Unido que participaram de três estudos que investigavam a vida sexual dos britânicos nos períodos de 1991, 2001 e 2012. Entre as atividades sexuais verificadas estavam sexo vaginal, oral e anal entre casais com parceiros do mesmo sexo ou do sexo oposto. Os participantes tinham idades entre 16 e 44 anos.

A análise comparativa mostrou que nas duas primeiras décadas, a porcentagem de pessoas fazendo sexo apresentou aumento moderado, mas caiu em 2012. Essa queda não é um fenômeno exclusivo do Reino Unido; outros estudos indicaram diminuição na frequência sexual em países como Austrália, Finlândia, Japão e Estados Unidos (em faixas etárias distintas).

Os resultados da nova pesquisa apontaram que apenas 13,2% das mulheres haviam feito sexo 10 ou mais vezes no mês que antecedeu a pesquisa; entre os homens, esse número foi de 14,4%. Em 2001, essa frequência foi 20,6% e 20,2%, respectivamente. Enquanto isso, o número de entrevistados frustrados com a própria vida sexual aumentou: em 2001, 39% das mulheres e 51% dos homens gostariam de estar fazendo mais sexo; já em 2012, subiu para 51% e 64%, respectivamente.

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Os motivos

De acordo com a equipe da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, na Inglaterra, a tecnologia – especialmente a internet e o uso de smartphones – pode estar envolvida na queda das atividades sexuais. “Eu posso ver que a fronteira entre o mundo público e a vida privada está ficando mais fraca. Você chega em casa e continua trabalhando ou comprando, fazendo qualquer coisa, exceto conversar. Você não consegue sentir proximidade se está constantemente ao telefone”, comentou Kaye ao The Guardian.

A pesquisadora ainda mencionou a influência da recessão de 2008. No entanto, a crise provavelmente só afetou grupos com rendimentos mais baixos já que aqueles com vida financeira estável afirmaram ter vida sexual ativa.

Para Kaye, outra explicação está no fato de que o sexo é encarado com mais naturalidade do que era antigamente. “Pode ser que o sexo esteja se estabelecendo e não estejamos fazendo tanto alarde sobre isso. Depois da revolução sexual, criou-se um “dever”- você precisava fazer sexo. Agora, não é assim”, disse ao The Guardian.

Já para Peter Leusink, da Universidade Radboud, na Holanda, os novos resultados devem estimular estudos a respeito de todos os motivos que provocaram o declínio. Isso porque, segundo o especialista, os números podem esconder problemas no relacionamento,  depressão e saúde física deficiente. Por causa disso, ele recomenda que médicos comecem a falar mais sobre sexo e cientistas passem a estudar mais sobre ele.

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Sexo faz bem à saúde

Apesar de o declínio não ter mostrado implicações na saúde dos entrevistados, os pesquisadores salientaram que sexo faz bem à saúde. Estudos apontaram, por exemplo, que a relação sexual melhora o sistema imunológico, diminui a frequência cardíaca e a pressão sanguínea, além de reduzir os níveis de stress. Outras pesquisas sugerem que manter uma vida sexual ativa deixa as pessoas mais felizes, traz benefícios pra a função cognitiva e aumenta a expectativa de vida.

“O sexo é bom para nossa saúde. Há evidências suficientes de que atividade sexual apresentam efeitos de melhoria na saúde”, disseram os pesquisadores. No entanto, eles salientaram que a qualidade do sexo é mais importante que a quantidade, especialmente para as mulheres.


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