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domingo, 18 de agosto de 2019

"Quero provar que eles são bandidos e eu não", diz Lula sobre Moro e Deltan


Ex-presidente concedeu entrevista nesta sexta e falou sobre as supostas conversas divulgadas pelo site The Intercept Brasil


João Valadares

Redes sociais / ReproduçãoEx-presidente da República, Luiz Inácio Lula da SilvaRedes sociais / Reprodução

O ex-presidente Lula afirmou, em mais uma entrevista concedida da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, que vai provar que o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, e o chefe da força tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, são "bandidos".

Na entrevista, concedida ao jornalista Bob Fernandes, exibida na noite desta sexta-feira no canal dele no Youtube e na TVE Bahia, disse ainda que só quer sair da prisão com "100% de inocência."

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Ele respondeu não saber quanto tempo ainda vai permanecer em Curitiba, onde cumpre pena por corrupção e lavagem de dinheiro, mas que não vai pedir progressão de regime.

— É daqui de dentro que eu quero provar que eles são bandidos e eu não. É isso que eu quero provar.

Esta foi a primeira vez que o ex-presidente falou após a decisão da juíza federal Carolina Lebbos, responsável pela execução de sua pena, que autorizou a transferência dele para São Paulo. No mesmo dia, o STF derrubou a decisão.

— Significou (a decisão) a necessidade de se livrar do Lula antes que ele possa sair daqui. Não conheço a juíza. Ela foi irresponsável. Espero que a sociedade esteja vendo. Não quero ser tratado melhor do que ninguém.

O ex-presidente comentou que estava na prisão porque queria. Segundo ele, teve muita oportunidade de sair do Brasil para não ser preso.

— Eu quero sair daqui com 100% de inocência. Estou aqui porque eu quero. Eu poderia ter saído do Brasil. Tive muita oportunidade. Não quis sair porque o jeito de eu ajudar a colocar bandido na cadeia é ficar aqui.

Durante a entrevista, ele comentou o caso mais recente de supostas conversas que teriam ocorrido entre autoridades ligadas a Lava-Jato, publicado pelo BuzzFedd News em parceria com o The Intercept Brasil, em que aponta que Moro instruiu, ainda quando juiz federal, os procuradores da operação a não recolherem os celulares de Eduardo Cunha na véspera da prisão do ex-presidente da Câmara dos Deputados.

Visivelmente irritado, neste ponto, o ex-presidente, batendo na mesa, destacou que a Polícia Federal foi na casa dos netos dele para apreender um tablet.

— Ficaram um ano com ele (o tablet) aqui preso. E não tiveram coragem de pegar o telefone de Eduardo Cunha porque o Moro falou: "não, não pega o telefone". O que é que tinha no telefone do Eduardo Cunha que o Moro não queria que ninguém soubesse? Por que eles não aceitaram uma delação do Eduardo Cunha? — questionou.

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O petista falou da influência dos EUA no Brasil. Para ele, a Lava-Jato é orquestrada pelo governo norte-americano.

— Hoje, eu tenho clareza, Bob, que tudo que está acontecendo aqui no Brasil da Lava-Jato tem o dedo dos americanos. O departamento de justiça americano manda mais no Moro do que a mulher dele.

Posteriormente, afirmou que a Lava-Jato foi construída para entregar o petróleo brasileiro, as refinarias e as distribuidoras.

Sobre Deltan, o presidente afirmou que o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) deveria ter pedido a exoneração dele.

— O Dallagnol não deveria nem existir porque ele não tem formação para isso. Ele não tem tamanho para fazer o que está fazendo. É por isso que ele fez tanta molecagem e tanta bandidagem — atacou.

Lula classificou o presidente Jair Bolsonaro como um monstro e aproveitou para fustigar a Globo ao afirmar que a emissora não teve coragem de lançar o apresentador Luciano Huck à presidência da República.

— O Bolsonaro foi um monstro que surgiu, e não era isso que a Globo esperava, certamente. A Globo esperava alguém do time deles. Como não tiveram coragem de lançar o Luciano Huck.

Ele criticou a postura da empresa no caso dos vazamentos de mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil, que expôs uma suposta manipulação de Moro e Deltan.

— Até agora, pasme, hoje é dia 14, a Globo não teve a pachorra de publicar as coisas do Intercept. É como se não existisse. Foram capaz de inventar um hacker em Araraquara. Prenderam um hacker para dar vazão às mentiras do Moro e não têm coragem de prender o Queiroz — disse.

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O ex-presidente se referiu a Bolsonaro como um chefe de torcida organizada que fala para fanáticos.

— O Bolsonaro está governando e falando para sua torcida organizada. Para agradar os seus fanáticos, aqueles que não estão preocupados com o Brasil.

Ele criticou a forma como o presidente tratou a derrota nas prévias do presidente da Argentina Mauricio Macri.

— Ele teve a insensatez de falar de um parceiro estratégico e ofender o povo argentino.

O petista destacou que, ao sair da prisão, além de casar porque está apaixonado, vai para a rua levantar a autoestima do povo brasileiro.

— Se eles têm medo de mim, arrumem outro jeito de me calar. Um homem de 74 anos, que já fez o que já fiz, não vai se calar. Eu quero a minha inocência — disse.


GaúchaZH

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