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quinta-feira, 18 de julho de 2019

Nova Petrópolis (RS) faz campanha contra violência após polêmica com vereador

Vereador do PDT disse que só mulheres "chinelonas" são vítimas de agressão

Por Samantha Klein

Cartazes alertam sobre o número 180 para denunciar agressões e abusos. A Lei Maria da Penha prevê que além da violência física, agressões psicológicas, morais, patrimoniais e sexuais também são alvos da legislação

Cartazes alertam sobre o número 180 para denunciar agressões e abusos. A Lei Maria da Penha prevê que além da violência física, agressões psicológicas, morais, patrimoniais e sexuais também são alvos da legislação | Foto: Kátia Zummach / Especial /CP

Depois da polêmica envolvendo o vereador de Nova Petrópolis, Cláudio Gottschalk (PDT), que disse em março que somente mulheres "chinelonas" eram vítimas de violência doméstica, uma campanha contra este tipo de violência está sendo implementada no município da Serra.

Quando ocorreu a manifestação do vereador, na véspera do Dia Internacional da Mulher deste ano, era debatido um projeto informativo sobre violência dentro de casa, protocolado pela colega da Câmara, Kátia Zummach (PSDB). A proposta acabou sendo aprovada posteriormente, e cartazes começaram a ser distribuídos nesta semana em órgãos públicos do município. A Secretaria da Saúde do município também está elaborando uma cartilha informativa baseada na Lei Maria da Penha, que especifica os mecanismos para coibir a agressão doméstica e familiar contra a mulher.

Conforme dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP), entre janeiro e junho deste ano, 23 mulheres denunciaram ameaças, dez sofreram lesões corporais, sendo que a maior parte dos casos ocorreu dentro de casa, e duas mulheres foram estupradas em Nova Petrópolis. O município tem 21 mil habitantes.

"Os números são elevados, é um problema que reflete um Estado violento. A cidade, no entanto, está dentro do padrão das cidades do porte de Nova Petrópolis", ressaltou o delegado Camilo Cardoso.

A vereadora Kátia diz que a informação é um primeira passo no combate à violência. "Essas simples ação não vai fazer com que acabe o sofrimento das mulheres, mas pode sim ajudar elas a terem coragem de denunciar e, o principal, fazer com que elas se sintam fortalecidas para procurar ajuda e que saibam que não estão sozinhas e que a culpa não é delas."

Conforme secretária municipal da Saúde Andréia Siqueira Frota, sempre existiu uma rede de apoio às mulheres na cidade: "Antes mesmo do projeto da vereadora, tínhamos projetos para elaborar materiais informativos. Temos a Conselho Municipal dos Direitos da Mulher e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) que apoiam mulheres já inscritas em programas sociais".

Grupo de mulheres que promovem diversas atividades, são espaços em que questões emocionais são abordadas, incluindo violência doméstica. "Muitas mulheres acabam sendo encaminhadas para atendimento psicológico", destaca.

A polêmica

Quando a proposta de criação de cartazes informativos do disque-denúncia entrou em pauta na Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis, Gottschalk destacou que não havia necessidade. Segundo afirmação dele na época, a cidade não tem muitos registros de violência doméstica.

Naquela sessão, o tema foi debatido pois a vereadora convidou autoridades policiais e da saúde para obter dados sobre a violência doméstica na cidade. “Agora, uma mulher que se presta, uma mulher decente não dá tanto problema. Isso é uma coisa que vou te dizer, uma mulher que se presta eu acho que não dá tanto problema. O problema é (sic) as chinelonas”, afirmou Gottschalk.

Dois dias depois, ele utilizou sua página do Facebook para pedir desculpas em relação ao ocorrido. "Em momento algum tive a intenção de ofender as mulheres. Sou uma pessoa simples e respeito a todos. Sou casado, tenho filha e neta. Minha intenção nunca foi ofender a ninguém, muito menos as mulheres. Minhas sinceras desculpas", disse.

Mesmo assim, o vereador respondeu processo na Comissão de Ética da Casa e foi afastado por um mês do Legislativo.


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