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terça-feira, 16 de julho de 2019

Como você responderia a uma mensagem alienígena? Cientistas querem saber


Pesquisa online pergunta ao público como reagir ao 1º contato de outra civilização. A ideia é delinear um protocolo para lidar com o acontecimento.

Por A. J. Oliveira

(CSA Images/Getty Images)

Se algum dia detectarmos a primeira mensagem de rádio emitida por uma civilização alienígena tecnológica, pode ter certeza: o mundo vai parar. Por dias ou meses a fio, não se falará de outra coisa. Carl Sagan já descreveu muito bem essa situação em Contato, seu livro de ficção científica publicado em 1985 e adaptado para o cinema em 1997. Mas e hoje, o que aconteceria?

Cientistas do Reino Unido criaram uma espécie de censo online para entender melhor como as pessoas se comportariam no caso de um eventual contato — e conhecer mais a fundo o ponto de vista do público sobre a busca por vida alienígena. Nem todo mundo sabe, mas existem linhas de pesquisa sérias que tratam esse assunto com toda a responsabilidade científica que ele merece, ao contrário de certas pseudociências por aí (alô, ufólogos). 

Há décadas, membros da comunidade SETI (sigla em inglês para “Busca por Inteligência Extraterrestre”) apontam radiotelescópios para o espaço na esperança de captar sinais de ETs avançados lá fora. Eles também criam mensagens complexas e cheias de simbolismo sobre nós, humanidade, e a vida na Terra, que são transmitidas ao espaço com o intuito de chegar a ouvidos alienígenas.

O primeiro desses recados foi disparado em 16 de novembro de 1974, o dia da inauguração do telescópio de Arecibo, em Porto Rico. Ele não se parece em nada com um telescópio comum. Consiste em um disco côncavo gigante – com aparência de antena parabólica e diâmetro equivalente à altura da Torre Eiffel –, e fica deitado em uma cratera no meio da floresta tropical. Ele não é feito para captar luz visível, e sim para monitorar ondas de rádio emitidas por certos fenômenos cósmicos (por isso, ele é chamado de “radiotelescópio”). Entenda essa história aqui.

A mensagem de Arecibo e suas sucessoras levantaram uma questão importante: dado que há uma alta possibilidade de que exista vida inteligente extraterrestre, não seria justo que os cientistas decidissem, sozinhos, como deveríamos interagir com essa vida. Daí nasceu a ideia de perguntar à população.

O formulário foi elaborado por membros da UK Seti Research Network (UKSRN) e está disponível na internet desde a última segunda (1). Os responsáveis acreditam que este será o maior levantamento já realizado sobre a percepção pública de contatos alienígenas. Com os resultados em mãos, os cientistas esperam esboçar o primeiro protocolo internacional com as diretrizes que as autoridades mundiais devem seguir, caso o dia fatídico chegue.

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“Não existe absolutamente nenhum procedimento sustentado na lei internacional sobre como responder ao sinal de uma civilização alienígena”, disse ao Guardian o astrônomo Martin Dominik, da Universidade de St. Andrews, na Escócia. “Queremos ouvir a opinião das pessoas, as consequências afetam-nas mais do que os cientistas.”

Especialistas temem que uma enxurrada de fake news e teorias da conspiração inundem as redes sociais, criando uma onda de boatos e especulações. Já vimos isso acontecer muitas vezes nos últimos anos — e o fenômeno com certeza seria ainda mais intenso durante um contato. É que, dependendo da complexidade da mensagem, os cientistas poderiam levar semanas, ou até meses, para decifrá-la. Isso se chegarem a ter sucesso.

Carl Sagan imaginou justamente essa situação em Contato, só que sem o efeito rede social. O tempo da ciência é diferente do da sociedade, e as respostas científicas não costumam sair tão depressa quanto todos esperam. Não há como prever os tumultos sociais ou religiosos que poderiam surgir quando a humanidade descobrir que não está sozinha no Universo. Por isso é importante que a discussão transcenda a esfera da ciência e adentre também no espectro político o quanto antes – assim, não seremos pegos de surpresa.


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