Número de vagas na Eurocâmara é determinado pela população de cada país
PvdA deve ficar com cinco das 26 cadeiras que pertencem aos representantes holandeses no Europarlamento | Foto: Robin van Lonkhuijsen / ANP / AFP
Os trabalhistas holandeses surpreenderam nesta quinta-feira no início das eleições para o Parlamento Europeu, que arrancaram também com a votação na Grã-Bretanha e prosseguirão até domingo, sob a perspectiva de um importante avanço dos eurocéticos. O partido trabalhista holandês (PvdA) conseguiu uma vitória inesperada sobre os populistas e dos liberais (VVD), do primeiro-ministro Mark Rutte, segundo as primeiras estimativas.
O PvdA, do vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Timmermans, deve ficar com cinco das 26 cadeiras que pertencem aos representantes holandeses no Europarlamento, informa o instituto de pesquisas Ipsos para a TV estatal holandesa NOS. O Partido da Liberdade (VVD) deve conquistar quatro cadeiras e os populistas do Foro da Democracia (FvD), de Thierry Boudet, três, de acordo com a mesma pesquisa.
Pesquisas anteriores às eleições apontavam como favoritos os liberais e os populistas, com cinco cadeiras cada um. Holandeses e britânicos se tornaram nesta quinta-feira os primeiros a votar para escolher seus eurodeputados, dando início a quatro dias de votações na União Europeia (UE). A maioria dos eleitores votará no domingo. Tchecos e irlandeses comparecerão às urnas na sexta-feira, enquanto no sábado será a vez de letões, malteses e eslovacos.
Mais de 400 milhões de eleitores em 28 países estão registrados para comparecer às urnas e escolher 751 representantes, para um mandato de cinco anos que começará em julho e que deve ser marcado por uma ambiciosa reforma para a maior integração política do bloco. As pesquisas, no entanto, apontam um avanço dos movimentos nacionalistas e populistas, que são contrários à maior integração europeia, e a perda de espaço dos dois grandes grupos na Eurocâmara: o Partido Popular Europeu (PPE, direita) e o Partido Socialista Europeu (PSE).
As sondagens mais recentes mostram que na França o partido de Marine Le Pen (extrema-direita) supera o do presidente Emmanuel Macron. Na Alemanha, os institutos apontam a vitória dos conservadores da chanceler Angela Merkel (CDU), enquanto a a Liga de Matteo Salvini lidera na Itália com um discurso anti-UE.
O esperado aumento do apoio aos eurocéticos, porém, não deve ser registrado em todo o bloco: da Espanha à Irlanda, passando pelos países bálticos, os eleitores devem mostrar um sólido apego à integração europeia.
Brexit no centro do debate
Estas são as nonas eleições ao Parlamento Europeu desde a primeira votação em 1979. A participação é menor a cada pleito e o índice foi de apenas 43% em 2014. O número de vagas na Eurocâmara é determinado pela população de cada país: a Holanda tem 26 e o Reino Unido 73.
Neste último país, há alguns meses ninguém imaginava participar em eleições ao Parlamento Europeu quase três anos após a decisão de abandonar o bloco em um referendo. O Reino Unido deveria ter deixado a UE em 29 de março, mas a rejeição do Parlamento ao acordo assinado pela primeira-ministra Theresa May com Bruxelas forçou um adiamento do processo até 31 de outubro com prazo máximo.
A campanha foi completamente dominada pelo Brexit: para os pró-europeus se tornou um modo de expressar oposição ao movimento eurocético; para os eurofóbicos a melhor maneira de demonstrar sua força. May segue determinada a não enviar os eurodeputados britânicos a Estrasburgo no início da legislatura da nova Eurocâmara, em julho. Mas para isto ela precisaria que o Parlamento de Westminster aceitasse sua nova proposta sobre o Tratado de Retirada e esta, longe de apoiar a chefe de Governo, parece mais determinada a precipitar sua renúncia.
Uma pesquisa do instituto YouGov mostra a liderança nas intenções de voto ao novo Partido do Brexit (37%), liderado pelo controverso Nigel Farage, que há cinco anos foi o grande vencedor das eleições continentais no Reino Unido com o antieuropeu UKIP. Atrás do Partido do Brexit, bem distante, aparecem o centrista Partido Liberal-Democrata (19%) e o Partido Trabalhista (13%).
O Partido Conservador de May seria relegado a uma humilhante quinta posição, com 7% das intenções de voto, atrás dos Verdes. Os resultados serão divulgados oficialmente apenas a partir de domingo à noite, após o final da votação em todos os países da UE - a maioria vota justamente neste dia. O último país a concluir a votação será a Itália às 21h GMT (18h de Brasília) de domingo.
AFP e Correio do Povo
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