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sábado, 25 de maio de 2019

Código de ética do PSDB isenta Aécio de punição imediata

Documento prevê afastamento de até um ano para aqueles com condenação transitada em julgado pela Justiça

Aécio Neves é réu por corrupção passiva e obstrução de Justiça no caso JBS

Aécio Neves é réu por corrupção passiva e obstrução de Justiça no caso JBS | Foto: Wilson Dias / Agência Brasil / CP

Com a imagem arranhada por escândalos de corrupção, o PSDB vai lançar na semana que vem um Código de Ética que estabelece regras para filiados flagrados em atos de improbidade administrativa ou criminal, mas poupa de afastamento imediato o deputado federal Aécio Neves (MG), um dos principais nomes do partido. Ele é réu por corrupção passiva e obstrução de Justiça no caso JBS. O tucano, contudo, pode ser expulso do partido caso seja condenado pelo Supremo.

O documento, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, prevê o afastamento de até um ano de suspeitos de irregularidades e definitivo para aqueles com condenação já "transitada em julgado" pela Justiça.

A redação, porém, não retroage. Ou seja, tucanos que tenham sido condenados antes da existência do novo código de ética estariam isentos de punição partidária.

Ao longo das sete páginas, o Código de Ética discorre sobre as sanções para infrações à fidelidade, disciplina e ética partidária. O artigo 19 permite que a Comissão Executiva instaure um "procedimento sumaríssimo", ou seja, de tramitação rápida, para casos de filiados em flagrantes com potencial de "causar dano irreparável ao partido".

A redação do Código de Ética foi distribuída pelo relator, o deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP), aos membros da Executiva Nacional do PSDB, na quarta-feira passada, em Brasília. O texto estava previsto para ser aprovado na mesma reunião, mas não houve consenso. Agora, ele deve ser analisado na próxima quinta-feira, um dia antes da convenção que deve eleger Bruno Araújo o presidente nacional do PSDB.

Exemplo

Segundo interlocutores, na reunião de quarta, o presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, ponderou que outras partidos têm feito defesas enfáticas de seus filiados. Ele teria argumentado que "Lula foi condenado, bicondenado, tricondenado, tetracondenado e é defendido até o fim pelo PT", segundo três pessoas presentes no encontro ouvidas pelo Estado.

Procurado nesta sexta-feira, Alckmin negou ter feito essa comparação. O ex-governador defendeu o código de ética . "O País precisa fortalecer os seus partidos", afirmou. Sobre seu colega Aécio Neves ser poupado nesse primeiro momento, justificou: "Não estamos analisando casos, mas estabelecendo regras. E elas dão margem para o partido tomar medidas."

Uma das preocupações externadas na reunião era de que o PSDB, ao aprovar um Código de Ética rigoroso, estivesse cedendo a pressões de investigações reveladas pela imprensa ou pelo Ministério Público. Mas prevaleceu a tese de renovação. Para a deputada federal Rose Modesto (PSDB-MS), a legenda precisava dar uma resposta rápida à militância. "É um momento importante que o partido escolheu para fazer essas discussões", disse.


Agência Estado e Correio do Povo

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