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quinta-feira, 14 de março de 2019

Quanto as coisas custavam na Roma Antiga | Clic Noticias

(Pxhere/Reprodução)
Há poucos documentos sobre o valor das coisas na Roma Antiga. Mas um deles já vale por todos. Trata-se de uma tabela de congelamento de preços que o imperador Diocleciano impôs a todos os domínios romanos no ano de 301 d.C.
A tabela estabelecia preços máximos para 900 mercadorias e 130 serviços (pedreiro, professor, carregador de água, advogado…). Para quem não concordasse era pena de morte. Era uma medida para acabar com a inflação – idêntica à que o Brasil do governo Sarney tomaria 1.685 anos mais tarde com o mesmo propósito.
E com o mesmo resultado: tanto cá como lá deu em água, já que congelamento de preço só serve para criar mercado paralelo. Mesmo assim, a tabela do Diocleciano se tornou um belo documento histórico, por deixar registrado quanto cada coisa valia no Império. Várias cópias da tabela sobreviveram, como esta, em exibição no Museu Pergamon, em Berlim:
(Antikensammlung Berlin/Pergamonmuseum /Divulgação)
De acordo com a tabela, uma túnica de seda púrpura custava 150 mil denários (a moeda mais usada do Império, e que daria origem à palavra “dinheiro”). Com essas 150 mil unidades monetárias dava para comprar 3.750 ânforas de mais ou menos 500 ml de azeite virgem (40 denários cada uma, pela tabela). Atualizando o preço para o de uma garrafa de azeite extravirgem do bom de 2019 (R$ 60,00), dá para estabelecer uma taxa de câmbio improvisada de R$ 1,50 para cada denário. A roupa de seda púrpura, então, saía pelo equivalente a R$ 225.0000 – na faixa de uma bolsa Louis Vuitton de couro de crocodilo ou de um vestido de altíssima-costura. A segunda roupa mais cara, a de seda branca (12 mil denários), custava R$ 18.000 – um terno Armani de hoje.
Conclusão: a distância entre os ricos e os absurdamente ricos era mais ou menos a mesma de hoje, mesmo num tempo em que a variedade de produtos disponíveis para o consumo era pífia. Fazer qualquer esforço para mostrar que está acima da patuleia, afinal, é algo que nunca saiu de moda.
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Outro ponto: os preços de certos serviços, como o de barbeiro, era extremamente baixo, pelo menos em comparação com o de roupas caras e de azeite. A cerveja também era particularmente em conta, mesmo a importada de quem sabia fazer – o pessoal das ilhas britânicas e das terras germânicas, que segue entendendo do riscado. Já um frango custava uma bica (proteína barata é um luxo recente, afinal).
Abaixo, um trecho da tabela do Diocleciano, com os valores em denários e em reais, sempre de acordo com o câmbio improvisado do azeite de oliva.
BEBIDAS Preços por sextário (546 ml, pouco mais que um pint)
Cerveja britânica ou germânica
4 denários (R$ 6)
Egípcia
2 denários (R$ 3)
Vinhos regionais nobres
30 denários (R$ 45)
Vinho envelhecido
24 denários (R$ 36)
Vinho de segunda classe
16 denários (R$ 24)
SAPATOS
Sandálias de couro femininas
50 denários (R$ 75)
Botas femininas
60 denários (R$ 90)
Botas de trabalho
120 D (R$ 180)
Sapatos tipo soldado
75 D  (R$ 112)
Sapatos tipo senador
100 D (R$ 150)
Sapatos tipo nobre
150 D  (R$ 225)
ROUPAS
Túnica militar de inverno
75 D (R$ 112)
Capa africana
500 D (R$ 750)
Vestes de seda branca
12.000 D (R$ 18.000)
Vestes de seda púrpura
150.000 D (R$ 225.000)
CARNES E PEIXES Preços por libra (326 g):
Peixe de água doce
12 denários (R$ 18)
Peixe de água doce de 2a classe
8 denários (R$ 12)
Peixe de água salgada
25 D (R$ 37,50)
Peixe de água salgada de 2a classe
16 denários (R$ 24)
Frango
60 denários (R$ 90)
SERVIÇOS
Barbeiro (por cliente)
2 denários (R$ 3)
Carregador de água (por dia)
25 D (R$ 37,50)
Escriba (cada 100 linhas)
25 D (R$ 37,50)
Escriba com escrita de segunda classe
20 denários (R$ 30)
Professor de grego, literatura ou geometria (por dia)
200 D (R$ 300)
Advogado (para abrir um caso)
250 D (R$ 375)
Advogado (para pedir um recurso)
1.000 D (R$ 1.500)
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