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sábado, 22 de agosto de 2015

O Jardim Botânico de Porto Alegre, por João Altmayer Gonçalves

Pela imprensa local soubemos da intenção do governo estadual de fechar o Jardim Botânico de nossa cidade. Também estaria sob risco o Zoológico de Sapucaia do Sul. Veio-nos à lembrança o ano de 1997, mês de dezembro. Meu pai, então aos 90 anos, Paulo Annes Gonçalves, engenheiro agrônomo graduado em 1927 pela Ufrgs, havia se internado no Hospital São Lucas da PUC.
Da janela do 9º andar visualizou a área do Jardim Botânico. Contou-nos que em 1952, trabalhando como agrônomo no Irga, tendo retornado havia alguns anos de viagem de estudos aos EUA, foi indicado pelo major Cacildo Krebs, então presidente dessa autarquia, a visitar o governador Ildo Menegheti, governador do nosso estado. Pretendia Menegheti criar um Jardim Botânico, a exemplo de outras cidades do país e do planeta. Seus objetivos seriam pesquisa de fauna e flora do Rio Grande do Sul e visava a um complementação educacional tanto em nível público como privado das escolas gaúchas. Constituídas uma comissão, esta se mobilizou e foi criado o Jardim Botânico. Contou-nos que de início foi sugerido área nos limites de Viamão, ocasião em que meu pai argumentou a possível dificuldade de uma professora e seus alunos se deslocarem até lá, saindo, por exemplo, do Colégio Júlio de Castilhos ou do Instituto de Educação.
Segundo ele, na época os bondes iam até no máximo o final da avenida Osvaldo Aranha. Seria muito difícil levar os alunos ao seu objetivo. Teria sido um fator decisório na escolha da área, hoje dentro da cidade. Também nos comentou que a área inicial era maior, tendo sido invadida ou tomada em parte, durante as décadas que se seguiram. Algo parecido com o que ocorrera na área da “escola”, como chamava a Faculdade de Agronomia onde estudara. Imaginamos a repercussão que teria a extinção ou fechamento do Jardim Botânico do Rio de Janeiro ou de São Paulo ou quem sabe do Kew Gardens, secular jardim botânico de Londres às margens do rio Tâmisa. Parece-nos que cabe às atuais gerações e governantes preservar ao máximo o que nossos antepassados criaram e desenvolveram com dificuldades que só nos cabe imaginar. São instituições que cumprem seus objetivos científicos, educacionais e recreativos da coletividade. Fica este registro histórico a fim de estimular um maior debate sobre o assunto.

Médico



Fonte: Correio do Povo, edição de 22 de agosto de 2015, página 2.

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