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sábado, 14 de agosto de 2004

Arsenal contra a pirataria

Ao contrário da CPI mista do Banestado, que não consegue encaminhar as investigações sobre a evasão de divisas para o final devido a divergências políticas entre seus integrantes, a investigação da Câmara sobre a pirataria encerrou-se com uma perspectiva de moralização nesta área. Além da criação do Conselho Nacional de Defesa da Propriedade Intelectual e Combate à Pirataria, a investigação sugere a criação ou a ampliação de penas para crimes como contrabando, receptação, reprodução, cópia e venda de produtos e obras intelectuais pirateados e amplia o rigor sobre o comércio de falsificações. Nem tudo depende de leis nesta área, mas se, for bem aproveitado, o arsenal pode colaborar para levar o país à seriedade.
Normalmente percebida mais como uma forma de gastar menos, a pirataria impõe prejuízos à população que vão muito além da qualidade inferior e dos riscos da falsificação em itens que vão de medicamentos a computadores. Um deles é o fato de que, embora se constitua em forma de sobrevivência para ambulantes, acaba contribuindo para gerar empregos nos países que vivem da produção de falsificados, contendo a ampliação de 1,5 milhão de vagas no mercado formal do país. O outro é o constituído pelas constantes ameaças de retaliação ao Brasil por países industrializados sob alegação de descumprimento de leis de propriedade intelectual e industrial. E, nesse caso, as perdas se dão tanto no plano financeiro quanto na imagem externa do país, o que acaba afetando os investimentos.
O mérito da CPI da Pirataria, portanto, foi o de mostrar como é possível levar à prisão alguns dos maiores contrabandistas do país, ainda que isso não seja suficiente para desmantelar o esquema. Frequentemente associado ao crime organizado, o comércio ilegal deve ser combatido sem trégua, por meio de conscientização e da aplicação de leis rigorosas como as que estão sendo propostas agora pela investigação do Congresso. Só haverá resultados consistentes nesta área, porém, se os esforços deflagrados agora, impulsionados pelo final dos trabalhos, tiverem continuidade.
Ao mesmo tempo, o setor público não pode perder de vista que uma das formas de combater a pirataria é estimular o setor produtivo formal. Nenhuma medida pode se mostrar mais eficiente neste sentido do que a redução da carga tributária.



Fonte: Zero Hora, editorial, edição de 14 de agosto de 2004, página 12.

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